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Buscando a Verdade

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Mensagem por The Oracle Qui Jul 14, 2016 6:41 pm

As malas estavam prontas, os negócios acertados, as despedidas feitas. Emma já havia acertado uma série de coisas por e-mail e telefone, e já tinha até ido a Portland algumas vezes. Visitas curtas, apenas, para tratar de burocracia, testamento, entrevista de emprego, essas coisas. Mas agora, era definitivo. Ela ia mesmo para aquela cidade. E ia descobrir o que queria descobrir.

Na noite anterior, os Cultistas de Woodstock haviam feito uma festa daquelas para a despedida dela, ao ar livre, iluminada apenas pela lua e pelas fogueiras. As outras Tradições dizem que “ninguém faz uma festa como os Cultistas do Êxtase”. Alguns falam isso com ares de reprovação, outros falam com um terrível desejo de ser convidados para elas. Mas os que são da Tradição sabem que esses eventos vão muito além de mera comemoração. Além de ser uma celebração da vida e da felicidade, coisas sem as quais a magia é morta, venenosa e sem sentido, era também uma forma de captar as energias das paixões, da alegria, da excitação, e usá-las para um propósito. Alguém de fora pode achar que é apenas uma orgia caótica de música, dança, gritos, sexo, bebida e drogas, mas tudo ali tem uma organização e um propósito, tanto quanto os sabbats que os Verbena fazem nos solstícios, e as vigílias de oração em dias santos do Coro Celestial. Era uma festa para ela, uma despedida, e também uma bênção daquela comunidade. Um presente. Ela sentia sobre si, ainda, aquela energia. Os mais velhos diziam apenas que era “para dar sorte” na sua nova jornada, mas quando magos te desejam sorte, isso pode significar muito mais do que quando um Adormecido deseja a mesma coisa. Talvez eles soubessem mais sobre seu Destino, mas se sabiam, ninguém lhe disse nada. Cultistas do Êxtase são notórios pelos profetas entre eles. Também são notórios por falar de suas profecias apenas quando querem.

A mala já estava no porta-malas de seu Buick, e ela estava fechando a casa, quando o telefone tocou. Era Sunlight, a líder não-oficial e fundadora daquela pequena comunidade de magos que havia se estabelecido ali em Woodstock. Era uma senhora de talvez uns 60 anos (embora, com magos, nunca se pode ter certeza dessas coisas), e que parecia ter HIPPIE escrito na testa. Cabelos grisalhos em dreadlocks, suvaco cabeludo, roupas e colares artesanais, e flores penduradas em todo o corpo. Era uma pessoa legal, mas nunca tivera muito tempo para dispensar a Emma. Havia uns 7 magos ali, mais suas famílias e outras pessoas que faziam parte da “comunidade alternativa” deles. Talvez Sunlight gastasse muito tempo administrando essas pessoas, e mais os outros “assuntos de mago” da região. Mas enfim, ela ao menos ligara no momento da sua despedida, não era?

- Olá, Emma querida! Tinha medo que não fosse mais achar você em casa. Acabei acordando tarde depois de ontem. Me diga, minha flor, será que não consigo fazer você mudar de ideia? Minha última tentativa.

Não era a primeira vez com aquele papo. Desde que ela manifestara desejo de se mudar para Portland, Sunlight tentara lhe dissuadir da ideia. De início, a insistência dela e de outros da comunidade serviu para lhe acalmar, mudar de ideia. E ela foi ficando ali em Woodstock mesmo. Entretanto, foi crescendo uma sensação na nuca que de que algo não estava certo, uma necessidade de saber o que havia acontecido com a Sra. Phillips. Mais que isso, parecia que aquela cidade lhe chamava de alguma forma. Quando se dava conta, estava lendo uma revista sobre Portland, ou olhando a Wikipedia sobre a cidade. E isso foi se tornando mais e mais comum nos meses que se passaram, até que ela tomou a decisão definitiva. E tratou de, mais uma vez, deixar aquilo claro para Sunlight.

Ouvindo sua negativa, a velha bicho-grilo suspirou, e prosseguiu.

- Eu já sabia, mas você não pode impedir uma velha de tentar, não é mesmo? A Sra. Phillips, você sabe, ela passou a infância na nossa comunidade, era filha de uma amiga de infância minha, todos nós a amávamos, mas ela morreu, meu anjo. Nada vai mudar isso. Eu ainda acho que o passado seria melhor se deixado no passado, mas já sei que você está irredutível... Ah, jovens! – e bufou de um jeito cômico, meio teatral, antes de continuar - Agora me escute, abelhinha: a vida de um Desperto não costuma ser muito segura, em lugar algum, mas se você estiver sozinha, o perigo se multiplica bastante. Aqui na nossa comunidade, nós somos vários, olhamos uns pelos outros, e há também os caras das outras Tradições aqui da área. Força nos números, entende? Mas lá em Portland, você vai estar sozinha. E mesmo que não esteja por muito tempo, aquele é um lugar onde é bom se olhar por onde anda. Coisas ruins aconteceram lá, e outras vão acontecer, e não adianta fingir que isso não aconteceu e acontecerá. Quando chegar lá, quero que procure uma pessoa. Ralf é como um filho para mim, e mora há alguns anos ali por aquela região. De uns tempos para cá, depois que casou, ele não costuma se meter muito nos assuntos das Tradições, mas agora, sendo um dos poucos magos sêniores a restar em Portland, ele não tem muita opção. Ele vai te ajudar na cidade. Sei que vocês jovens costumam ter a cabeça dura e fazer só o que querem, mas, me prometa que, pelo menos, vai fazer uma visita a ele, e tentar ouvir o que ele tem a dizer. Estar sozinho não é uma boa coisa. Ralf pode, ao menos, te dar algumas coordenadas. Pedi pra um dos meninos mandar o endereço dele praquela coisa de zapzap que vocês têm nos telefones.

- As Tradições estão se reconstituindo lá – prosseguiu a velha, após uma pausa – As Tradições, você sabe, a ideia toda, pode parecer estranha, a princípio. Digo, porque trabalhar com tanta gente que pode ser estranha e desagradável? Às vezes, gente assustadora, ou que faz exatamente o contrário do que você faria? Bem, rouxinol, existem motivos. Segurança nos números é uma delas, como já falei. Melhor eles do que a Tecnocracia, por exemplo. Lembre-se, não sobraram muitos magos lá em Portland, depois da Noite do Desespero. Acho que é assim que a imprensa chamou aquela noite. Como são poucos, vai ser um tanto inevitável que você acabe se envolvendo um pouco com algumas agendas. Tente colaborar, mesmo que pareçam coisas inúteis para você. Afinal, acho que você também vai necessitar da colaboração de outros na sua jornada auto-imposta, e uma comunidade mágika mais bem estabelecida é sempre melhor que uma mal-estabelecida. Se todos nos ajudarmos mutuamente, podemos chegar a uma nova era de paz e conciliação, não é? Ralf pode lhe dar umas coordenadas nisso também. De toda forma, acho que se meter nas “coisas de mago” vai te ajudar a descobrir o que quer que queira descobrir sobre a velha Philips... o Destino costuma nos pegar pelo pé quando menos esperamos, e às vezes a melhor maneira de achar uma coisa é não procurá-la.

- Se cuide, garota. E se quiser voltar pra nós, vai ser sempre bem vinda! Que o Sol te acompanhe!

E desligou.

A velha Sunlight falava rápido demais. Parecia propositalmente não querer dar espaço para que Emma respondesse. E tinha um papo meio de doida também. Quer dizer, o quanto daquilo seria loucura, e o quanto seria iluminação? Como separar uma coisa da outra?

Enfim, Emma sabia que, se ligasse de volta, o telefone ia tocar e ninguém atenderia. Pelo menos não agora. E ela já tinha tomado sua decisão, de qualquer forma. Era hora de pegar a estrada. Eram duas horas e meia até Portland, mas como poderiam haver trechos de neve, era melhor ela sair logo. O dia estava claro e bonito. É, tudo parecia estar começando bem.

O GPS a levou ao endereço que haviam lhe mandado por WhatsApp. Ficava numa estrada vicinal da Interstate 295 N. Ali não era dentro do perímetro urbano de Portland, mas era bem próximo. Um bosque margeava os dois lados da estradinha, e uma meia milha depois do cruzamento com a I-295 N, ela avistou uma caixa de correio. Havia chegado.

Parou o carro à beira da pista, e saiu devagar. Não havia cerca, mas o lugar parecia uma pequena chácara, ladeada pelo bosque por todos os lados, afastada da estrada uns 200 metros. Havia quatro construções: algo que parecia um galinheiro, um celeiro, um tipo de galpão, e uma casa. Essa era feita de troncos, naquele estilo de chalé rústico, e fumaça saía da chaminé. De um lado do terreno, havia uma vasta horta, onde ela podia ver tomates, cenouras, abóboras, rabanetes e cebolas, além de muitas ervas, que deveriam ser temperos. Do outro lado, algumas fileiras de pés de milho. E por todo canto, irregularmente, havia moitas de flores de todo tipo. Apesar de já estarem no inverno, aqueles vegetais pareciam enormes e suculentos, prontos para colher (as abóboras, particularmente, eram IMENSAS), e mesmo algumas flores ainda estavam inteiras, quando deviam estar despetaladas. No estábulo, ela podia ver os quartos traseiros de um boi ou vaca, abanando o rabo displicentemente. O lugar todo tinha um cheiro de mato, e de erva, estranho para ela, mas agradável. E havia canto de pássaros também. Aquele lugar se enquadraria bem em um conto de fadas.

Mas contos de fadas, às vezes, têm Lobos Maus.

Não havia uma campainha nem nada assim, então, ela teria que bater na porta. Deu um passo para dentro do terreno. E foi aí que o inferno desceu sobre ela.


Vindos não se sabe de onde, uma meia dúzia de marrecos veio correndo em sua direção, grasnando como uma multidão de demônios do inferno. Mais ao longe, perto da casa, um cão border collie começou a latir para ela. Rapidamente os marrecos a cercaram, ainda grasnando como uma orquestra do caos. De um local de paz e silêncio, aquilo rapidamente se tornou uma cacofonia de barulho e bicos ameaçadores.

E nisso ela notou que havia uma mulher de vestido, encostada à porta da casa, olhando para ela.


Última edição por The Oracle em Qui Jul 14, 2016 10:44 pm, editado 1 vez(es)
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Mensagem por Emma Woolf Qui Jul 14, 2016 7:55 pm

Emma levava uma vida, na maior parte das vezes, tranquila e simples: muito diferente da vida pomposa que tinha na Inglaterra. Quando viera para a América, Emma se encantou levemente com a cultura local, apesar de ainda manter o forte - fortíssimo - sotaque Britânico, que nas raras vezes em que se irritará com algo, ficava ainda mais evidente e forte e a mania do chá às 17hs todos os dias.

Ela era, por caráter e personalidade, uma pessoa gentil, fácil de lidar e encantadora a sua própria maneira. Sua vida tinha sido calma, até ali. Apesar de ter se separado de Phillips, ainda mantinham contato por um bocado de tempo: Emma tinha uma tendência a preferir cidades menores, às vezes ela sentia-se escondendo-se dos próprios sonhos e medos, mas não sabia racionalizar isso realmente.

A morte de Phillips tinha sido um golpe duro para Emma: sentia-se mais sozinha do que nunca, sem Elliot e agora sem Phillips, e por meses e meses carregou aquilo dentro de si de maneira penosa e sofrida, Emma achava que havia algo de errado nessa história, algo muito errado, algo que alguns sabiam, mas não queriam lhe dizer. E cada vez mais aquilo crescia, como um demônio faminto, até Emma não suportar mais e decidir que precisava agir.

Entristecia-se claro, de deixar aquele lugar, era um dos poucos que em muito e muito tempo a fazia se sentir em casa, e além do mais era onde aprendia sobre sua nova condição de Desperta e sobre todo aquele maravilhoso e novo mundo da magika, assim como os amigos que ali tinha feito. Mas existia a necessidade quase física de partir, ela não poderia explicar.

Antes da festa, o dia tinha sido de arrumações; Emma não levaria muita coisa, as chaves do lugar seriam entregues para a pequena comunidade e ela não tinha tantos pertences assim, diferente de Elliot, o dinheiro de seus pais nunca havia chegado aos seus bolsos.

Quando o telefone tocou, naquele dia de despedidas, Emma tinha acabado de deixar Carlota, a coruja, empoleirada no buick, onde ela gostava de ficar antes de sair de carro, presente de Phillips, Carlota vinha sendo sua companheira nos últimos anos. Emma atendeu o telefone com um alô suave e sorriu de leve ao ouvir a voz do outro lado.

Emma falou pouco - e velha não lhe dava muita chance de falar - respondendo quando era preciso com 'sim' ou 'não' e aceitando todos os conselhos e orientações que lhe eram dados, entendia a preocupação da mulher, ela também estava preocupada no final das contas. Quando a conversa que mais lhe pareceu um monologo terminou, Emma pôs o fone no gancho e deu uma olhada em volta, para os cômodos recém vazios. Suspirou e voltou-se para fora, onde pôs a coruja no banco do passageiro e partiu.

"- Você fica aqui." - Ela tinha dito a coruja, quando bateu a porta do buick e saiu para a grama daquele lugar em que o endereço lhe levara, Emma observou com curiosidade as peculiaridades do local, contos de fadas, para Emma, eram pesadelos que lhe remetiam ao Castelo Ward e aquilo lhe incomodava. As flores, ainda vivas foram o que mais lhe chamaram a atenção, considerando que o inverno estava próximo e que a essa altura elas deveriam estar em estado de renovação, mas sua atenção fora roubada pelos animais que se aproximavam.

Emma deu um leve passo para trás, ao observar as aves barulhentas; um pensamento engraçado lhe ocorreu e ela riu: às vezes consigo entender por que as pessoas comem carne pensara Emma, antes de mover a cabeça levemente em negativo. Sabia, da sua pouca experiência com aqueles animais, que correr não adiantaria: eles corriam atrás e ela só faria papel de boba, os marrecos não lhe preocupavam tanto assim... Mas o cachorro, por outro lado...

Foi então que seus olhos claros cruzaram com os da mulher que lhe observava, ela ficou parada ali por um instante, deixando que e os marrecos lhe atacassem as barras do vestido que usava, antes de suspirar e começar a andar naquela direção.

"- Sunlight me mandou." - Ela falou, numa voz alta, mas não gritando e parou de novo; se sentia particularmente incomodada em entrar sem ser convidada em qualquer lugar, olhou para o cachorro de novo, antes de voltar o olhar para a mulher. "- Me chamo Emma."
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Mensagem por The Oracle Qui Jul 14, 2016 10:17 pm

- Ah, então você é a garota que Ralf tem que ensinar! - disse a mulher, saindo da soleira da porta, enxugando as mãos na barra da saia comprida que era a parte der baixo de seu vestido tomara-que-caia. Ela fez um barulho como "psit! psit!", e os marrecos se afastaram, um para cada lado - Chegou mais cedo do que eu esperava. Seja bem vinda, Emma! Eu sou Jeanette.

A mulher não era propriamente negra, mas sua pele morena era escura demais para que não tivesse alguns ancestrais negros, o que era corroborado por seu cabelo escuro, comprido e encaracolado, preso num rabo-de-cavalo. Os cabelos exalavam um aroma vegetal, de ervas, que Emma não saberia definir. Aparentava talvez uns 30 anos, e deveria ter em torno de 1.70m. Recebeu Emma com um sorriso muito branco. E bonito. Na verdade, ela toda era muito bonita. Os seios eram fartos, e os quadris largos, sem serem enormes. A pela que ela deixava à mostra parecia macia como um pêssego, e os olhos negros eram brilhantes. Talvez "bonita" não fosse uma palavra exata. Não era exatamente isso. Era mais como se ela transpirasse uma sensualidade selvagem, primal, hipnotizante. Emma nunca havia sentido atração por outra mulher, mas se um dia fosse sentir, aquela seria a primeira da fila.

Jeanette abraçou Emma efusivamente, numa espontaneidade que talvez seus hábitos ingleses achariam estranha. O inglês da mulher puxava um pouco de sotaque francês, e ela falava de uma forma melódica. Apesar de nunca ter estado tão ao sul, filmes e documentários lhe permitiam suspeitar que aquele talvez fosse sotaque da Louisiana. Depois de soltar o abraço, Jeannete colocou as mãos em seus ombros, dizendo:

- Ok, vamos olhar você - e começou a virar Emma de um lado para o outro - hummmm... um pouco magra demais. Precisamos colocar um pouco de carne nesses ossos. Venha almoçar conosco de vez em quando que eu cuido disso. Mas você parece uma bonequinha, hehehe! Os rapazes da cidade vão gostar da novidade. Um pouco branquinha demais também. Use sempre protetor. O sol dessas regiões frias parece que não é de nada, mas quando você vê, já te deixou que nem um camarão seco. E esse penteado, ainda anda em moda lá com o pessoal de Woodstock? - nisso ela virou para o lado, para o cachorro, e gritou - CHARLIE! Venha cá conhecer a moça! - virando de novo para Emma, disse - deixe ele te cheirar um pouco, pra parar de te estranhar, e...

E nisso a mulher interrompeu o falatório, olhando para além dos ombros de Emma. Ficou parada uns dois segundos. E depois acrescentou:

- Aquela coruja é sua?


Jeanette:
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Mensagem por Emma Woolf Sex Jul 15, 2016 8:04 am

Emma deu um sorriso leve, ao ouvir a mulher 'reconhecê-la', a velha Sunlight era rápida, não era? Já tinha resolvido pelo menos metade das coisas. Parte de si estava feliz por isso, outra parte, porém temia que agora, longe de todos aqueles cuidados e preocupações que os demais tinham por ela. Aquilo diminuía um pouco a solidão, a dor e a saudade que sentia de Elliot.

A jovem inglesa observou a bonita mulher com interesse - e era estranho para si se sentir assim - já que, por todo aquele tempo, Emma não havia se interessado por ninguém, nem homem e nem mulher e nunca expressado desejo ou vontade de alguém; quando esse tipo de coisa lhe vinha à mente, era a imagem de Elliot que lhe surgia... E isso a fazia sentir-se estranha, mas não necessariamente errada. Aprenderá entre os Cultistas a aproveitar todas as formas que os sentimentos tomavam, no final das contas.

Ela se impressionou, com a facilidade que a bonita mulher espantou os gansos: olhava-os se afastar, quando notou a mulher a sua frente tão próxima. Emma sorriu de novo, ao ser abraçada, tinha se habituado aqueles costumes tão... Chegados dos Cultistas em sua maioria e a abraçou de volta, sem muitos problemas.

Mas achou meio estranho quando começou a ser virada de um lado para o outro, como uma manequim sendo vestida. Arqueou levemente uma das sobrancelhas, mas diante do convite, sorriu uma vez mais: Emma sorria muito. "- Sempre que possível." - Afirmou a loira de dreads. E ela riu, diante de todas as orientações que lhe eram dadas. Não tinha interesse em conhecer os rapazes e particularmente, gostava muito do sol. "- Ah..." - Disse, tocando um dos dreads distraidamente. "- Acho que sim, acho que a maioria tem. Não sei bem. Eu gosto." - E deu de ombros.

Quando Jeanette gritou para o cachorro, o sorriso de Emma se desfez levemente, ela não tinha lá muito tato com os cachorros, apesar de não saber exatamente o por que; preferia os felinos ou até mesmo os pássaros. Mas arqueou as sobrancelhas, quando Jeanette se interrompeu e olhou para além dos seus ombros, Emma acompanhou o olhar da mulher, e fez um 'oh' baixo, ao notar os olhos da coruja. "- Sim!" - Afirmou, movendo-se na direção do carro e abrindo a janela do passageiro, Emma esticou o braço, para que a coruja pudesse empoleirar-se ali. "- Carlota Joaquina." - Afirmou. "- Foi um presente de uma velha amiga."


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Mensagem por The Oracle Sex Jul 15, 2016 11:08 pm

Jeanette olhou para a coruja. A coruja olhou para Jeanette. Os olhos negros e pequenos da mulher cruzaram com os olhos grandes e amarelos da ave, e se isso não fosse ridículo, Emma poderia jurar que houve um momento de tensão entre as duas. Depois de uns dois segundos, a mulher sorriu, relaxou os ombros, e comentou:

- Uau, essa sua amiga tinha uns presentes incomuns. Sei lá, uma blusinha não estava bom? - e riu alto de sua própria piadinha - Venha, menina, vamos entrar! Tem bolo de milho, e acabei de passar um café. Ou você prefere chá? Ralf já deve estar terminando, e vai se juntar a nós. Vamos esperar por ele pra falar das coisas sérias. Enquanto isso, podemos falar bobagens, e talvez eu consiga responder a uma ou outra pergunta sua. Me conte como anda a velha Sunlight! Não vejo aquela hippie desde o casamento.

Falava enquanto andava em direção à casa. Andava solta, como uma adolescente cheia de empolgação. No braço de Emma, a coruja ainda tinha os olhos fixos na mulher. Nas costas dela, agora. E então, girou a cabeça quase 180 graus, ficando com os olhos para baixo e o bico para cima. E logo depois voltou ao normal. Mas o animal não parecia estressado nem nada assim.

- Ah, a coruja fica do lado de fora. Tem muito lugar pra ela se empoleirar. Pode até caçar uns ratos do mato. Não faltam dessas coisas por aqui. Vamos, menina! Criou raízes aí?
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Mensagem por Emma Woolf Sáb Jul 16, 2016 7:43 pm

Emma ficou em silêncio, enquanto as garras do animal cutucavam seu braço, onde ela também tinha algumas pequenas cicatrizes, das vezes em que a Coruja provavelmente enfiou-lhe as garras. Aquilo era estranho... Quer dizer, Carlota - e ela achava aquele nome super engraçado - não era exatamente um animal sociável, para falar a verdade, Emma achava a coruja bem ranzinza, mas nunca tinha visto ou sentindo algo como estava sentindo entre aquelas duas ali, naquele instante.

Lambeu os lábios, incomodada e depois sorriu de leve diante do comentário de Jeanette. E ela ia começar a andar, sem responder sobre o comentário do presente estranho, para falar a verdade, aquela coruja e a casa em Portland eram as únicas coisas que restavam de Phillips, mas parou.

"- Ah..." - Disse, suspirando e abrindo a porta do carro, a coruja pulou do braço para o banco. "- Corujas são criaturas noturnas, ela não vai caçar nada a essa hora, melhor ficar aqui, então." - Afirmou, batendo a porta do velho buick e deixando apenas uma fresta necessária para o ar passar aberta no vidro.

"- Café está bom." - Preferia chá, claro, como todo bom britânico, mas não gostava de abusar da hospitalidade alheia. "- Sunlight está bem, acho que como sempre. Não há muitas novidades a respeito daquele pedaço de terra... E por Portland?"
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Mensagem por The Oracle Dom Jul 17, 2016 4:16 am

Enquanto Emma andava, sentiu algo roçando em sua mão. O cachorro - Charlie, aparentemente - lhe cheirava ali. A coisa foi bastante rápida, mal dando tempo para um arrepio na espinha. Mas o cão apenas a cheirou, abanou o rabo, e foi-se embora para o celeiro. Sem rosnados nem nada. Mas ela não viu a coisa se aproximar. Sorrateiro.

Após passar por debaixo do apanhador-de-sonhos pendurado sobre a porta, chegou a uma sala. A casa era um pouco escura por dentro, mas tinha todo um ar hospitaleiro. Os troncos que formavam as paredes davam um certo aspecto cavernoso ao lugar, mas a decoração da sala era bem mais alegre. Os móveis eram em estilo rústico, vários feitos em madeira bruta. Poucas áreas das paredes ou das superficies dos móveis não tinham algo. Havia pelo menos uns 4 violões e guitarras pendurados aqui e ali, além de pinturas, trabalhos de crochê, bibelôs de artesanato e pequenos vasos com flores. O chão tinha tapetes que ela poderia apostar que tinham sido feitos pelo pessoal de Woodstock, e sobre a lareira acesa (e uma lareira de lenha meso, não essas coisas modernas que queimam gás), havia uma cabeça de cervo empalhada, com galhadas enormes. Esse último item parecia distoar um pouco do resto da decoração.

Quando Emma entrou, Jeanette estava na cozinha, que podia ser vista através de uma porta da sala. Ali, a coisa parecia ainda mais rústica. Sobre um fogão a lenha, ela pôde ver panelas de ferro enormes. Conchas e colheres de pau pendiam de ganchos, e temperos e ervas secas estavam pendurados por toda parte. Alguma coisa lhe dizia que talvez fosse melhor não entrar naquela cozinha. Tinha a sensação que estaria invadindo um espaço que não era dela... de toda forma, Jeanette não lhe deu muito tempo para cogitar isso, dado que logo saiu de lá, trazendo o bolo de milho e um bule de café, que depositou sobre a mesa que parecia ter sido feita de um único tronco de árvore aplainado. Enquanto voltava para pegar xícaras e talheres, a mulher falava:

- Lá em Portland a coisa acalmou depois da Noite do Desespero. Ficou calmo tempo demais até, em vários aspectos. Aí, de repente, o povo parece ter tomado novo interesse na cidade. A Ordem mexeu uns pauzinhos e tomou a frente de organizar as coisas, como eles sempre gostam de fazer. Estranho que o Coro não esteja fazendo o mesmo, o que é uma pena, porque por mais que eu deteste admitir, eles faziam um trabalho legal com os Adormecidos. E agora, parece que está chegando uma onda de gente nova. Tem você, aquele japa que chegou há uns dias, e ouvi que até o Dr. Max está trazendo um amiguinho. Parece que até os peludos estão com alguma agitação nesses últimos tempos, o que pode ser bom ou ruim. Sinceramente, não consigo entender que interesse esse pessoal todo pode ter em Portland. Não tem nada aqui que possa despertar maiores interesses, e aumentar a presença das Tradições aqui pode acabar causando atritos com o pessoal que manda mesmo na área. Conhecendo os magos, é bem certo que VAI causar atritos.

Ela sentou-se, suspirou fundo, e continuou.

- E também não vemos sinal dos Techies tem um bom tempo. Isso é o que me deixa nervosa. Porque eles iriam fazer aquilo tudo, e depois sumir? Não faz sentido...

Olhou para o rosto de Emma, sorriu aquele sorriso branco novamente, e disse:

- Acho que estou te atropelando, não é? É que a maior parte do tempo somos só eu e Ralf aqui, então, quando vem alguém de fora, acabo falando demais... Especialmente quando é alguém que, você sabe, podemos falar de tudo. Não dá pra falar sobre esses assuntos com o carteiro... Vamos lá, vou tentar segurar minha língua um pouco e deixar você falar também. Pode perguntar o que quiser, e pode até falar o que você veio fazer em Portland, afinal. Digamos, se você fosse uma Mestra ou coisa assim, eu até chutaria aquele papo todo de "reconstituir a presença das Tradições", bla bla bla, mas você parece uma iniciada recém-saída do forno. Alguma coisa deve ter te trazido pra cá, e aposto que não foi o clima.
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Mensagem por Emma Woolf Dom Jul 17, 2016 10:28 am

Ao sentir o roçar na mão, Emma olhou para baixo: ela possuía muitos anéis nos dedos e tatuagens na mão que pareciam círculos intermináveis de tribais. Seu primeiro pensamento fora recolher a mão, mas parte de si sabia que movimentos bruscos poderiam lhe causar problemas com aquele animal... Emma apenas aguardou, os olhos fixos no cão, esperando que ele se afastasse, e graças aos Deuses, ele o fez.

Ela gostou da casa, no minuto que entrou, gostou do ambiente, de como as coisas pareciam devidamente em seus lugares e de como era... Confortável, exceto claro, ao notar a cabeça do alce... Emma franziu as sobrancelhas, suspirando levemente e desviando o olhar para outras coisas, estava ligeiramente distraída, captando os detalhes da decoração: diziam que podia-se conhecer a personalidade de alguém pelo modo como sua casa se dispunha, afinal.

Ficara parada na sala, olhando tudo com demasiada curiosidade, até notar a porta da cozinha. Aquilo parecia coisa de contos, não era? Daquelas casinhas perdidas na floresta, no meio do nada, vivendo-se apenas do que a natureza dava-lhe; até sentia um pouco de inveja de alguém conseguir viver daquela maneira, Emma, apesar da vida mais simples que podia levar, não conseguiria se desapegar de algumas coisas, como um chuveiro à gás ou o fogão elétrico.

A cozinha lhe causou uma impressão estranha, da qual não sabia exatamente como computar em sua consciência; sentia-se impelida a não chegar perto do lugar, mas sentia-se também meio mal educada por não fazê-lo, porém os Deuses lhe pareciam abonados naquela manhã, já que Jeanette logo deixou o lugar. A acompanhou com o olhar atento, enquanto sentava-se num lugar disponível.

Ela ouviu, Emma gostava mais de ouvir do que falar e Jeanette parecia ao contrario, a loira não se aborrecia por essas coisas: gostava de ouvir as pessoas, depois dos anos de isolamento na velha Inglaterra, onde só tinha Miss Phillips e as paredes para conversar. Algumas coisas  chamaram a atenção mais que outras; não sabia de que 'japa' ela estava falando e também não sabia exatamente quem era esse tal Dr. Max...

"- Peludos?" - Perguntou Emma, as sobrancelhas franzidas. "- Os metamorfos?" - Não tinha muita experiencia com aquele tipo de criatura, para falar a verdade, sequer já tinha visto um. "- Eles são um problema em Portland?" - Quis saber. "- Quem manda mesmo na área?"

Ela suspirou olhando para uma das janelas do lugar, e depois deu de ombros. "- Oh, não se preocupe. Eu gosto de conversar." - E sorriu, voltando a olhar para a mulher. E ali estava uma coisa que ela precisava pensar a respeito: devia dizer pelo que estava vindo? Achava que não.

"- Acho que é uma necessidade de mudança."- Afirmou, sobre ir para Portland. "- Talvez a cidade tenha algo para me ensinar, não sei. Ou talvez, como Sunlight gosta de dizer, seja só meu espirito cigano pedindo mudança, mais uma vez. De qualquer forma..." - Continuou. "- O que aconteceu nessa... 'Noite do Desespero'? Quero dizer, de verdade."
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Mensagem por The Oracle Dom Jul 17, 2016 10:18 pm

- Isso mesmo, garota, metamorfos. Quer dizer, lobisomens. Já me disseram que tem outros que viram outros bichos, mas não sei se é verdade ou não. Eles serem um problema ou não depende de uma montanha de circunstâncias, mas se eles se tornarem um problema, serão um problema grande, já que eles é que mandam por aqui na região. Não necessariamente em Portland, afinal, eles não gostam muito de cidades, mas nessa área aqui da Nova Inglaterra. Eles estão em maior número, e creio, maior organização. Veja você, acho que nem sanguessugas costumam colocar as manguinhas de fora por aqui, por causa deles.

- Foi bom você tocar nesse assunto, porque é algo a se observar, se você quer andar em segurança pela região. Habitualmente, é só você ficar fora dos assuntos deles, que eles não ligam pra você. Basicamente, eles não gostam de nada que machuque a natureza, e nada que pareça corrupção. Até aí, parece um ideal justo. Só que os parâmetros deles sobre o que é "machucar a natureza" e "corrupção" podem ser bem radicais. Ou seja, eles podem ser fanáticos filhos-da-puta cheios de si. Eu sei, tem muita gente no mundo que se enquadra nessa descrição, mas os outros fanáticos filhos-da-puta não são monstros sedentos de sangue com 300 quilos de músculos e garras. Se você for habilidosa nas artes da Vida ou Espírito, dá pra reconhecer eles, supondo que você saiba o que está procurando, mas fora disso, é muito difícil saber, se eles estiverem andando por aí em suas formas humanas.

- Pra ser sincera, tenho um certo preconceito com eles. Causavam muitos problemas lá em Nova Orleans, mas isso foi a um país de distância e duas décadas no passado. Por aqui, nunca vi maiores problemas entre eles e as Tradições. Provavelmente, isso muito se deve a uma das nossas, que é Parente deles. Dança-com-Lobos é o nome dela. Indígena, como você deve imaginar. Ela ser uma Desperta não é algo que os lobisomens achem o máximo, mas ela acaba se tornando uma boa mediadora entre os dois grupos. Imagino que Ralf vai sugerir que você faça uma visita à cabana dela, pra se apresentar e tal. Política de boa vizinhança. E é bom que ela saiba quem você é. Se tiver algum mal entendido com os peludos, ela é a pessoa a se procurar para esclarecer as coisas.

- Deixa eu ver, o que mais?... Ah! Eles tem nodos deles, embora chamem por outro nome. NUNCA, em hipótese ALGUMA, tire Quintessência desses nodos. Eles tomariam isso como um ato de guerra ou coisa assim. E acho que é isso. Espero que seu caminho não cruze com o deles. Vai ser melhor pra todos os lados.

Quando Emma falou sobre suas razões para estar em Portlando, Jeanette deu uma risada divertida. E algo cínica. Quando falou, ela não fez questão alguma de esconder que não acreditava em nada daquilo, mas não tinha um tom agressivo. Parecia apenas achar... engraçado:

- Hahahahaha! Espírito cigano, sei como é... Mas, tudo bem. Portland é uma cidade tão boa quanto qualquer outra pra isso - nisso, ela se tornou mais séria - Bem, acho que é justo e correto que você queira saber sobre a Noite do Desespero. Por falar nisso, uma merda de nome esse que a mídia criou, hein? Mas é um nome fiel aos acontecimentos. Foi uma noite difícil, a maioria das pessoas que sobreviveram não vai querer falar no assunto. Mas não acho justo te deixar no escuro. Mas, acho melhor Ralf estar aqui, porque aí, só precisamos tocar no assunto uma vez. Aliás, aquele maluco já devia estar aqui! Bem, não dá pra ficar esperando por ele o dia todo. Vamos até lá - completou a mulher, se levantando e saindo pela porta da frente.

Uma vez do lado de fora, ela tomou a direção do tal galpão. Quando ela abriu a porta de deslizar, Emma viu um lugar repleto de pinturas em tela, por todos os lados. Todas elas tinham um estilo que lembrava o Impressionismo, mas, curiosamente, várias delas pareciam erar por terminar, incompletas. E no fundo do galpão, de costas para elas, um sujeito pintava uma outra tela.

- Amor, nossa convidada já está te esperando há um tempo - disse Jeanette, com voz alta - Não tá na hora de parar?

Sem resposta do sujeito. Ele nem mesmo deu sinal de tê-la ouvido. Jeanette bufou, e murmurou: "vocês Cultistas devem estar acostumados com isso, mas as outras pessoas acham bem irritante. Fica a dica". E falou, mais alto do que da primeira vez:

- Bola oito na caçapa do meio!

E aí o pintor parou. Ficou virado para a tela ainda mais  alguns segundos, e depois se voltou para as duas.

- Ah, oi, querida... Quanto tempo eu fiquei?
- Mais tempo do que devia - disse Jeanette, andando na direção dele, após ter sinalizado a Emma para fazer o mesmo. Ela tentava soar aborrecida, mas sua voz era carinhosa - Essa é Emma, a menina que Sunlight nos mandou.

O sujeito devia ter coisa de 1.70m. Usava umas calças largas, uma camisa de pano e um colete de couro, e uma medalhão com o símbolo da clave de Sol. era magro, e os cabelos e barba eram fartos e meio desgrenhados, o que lhe dava um certo aspecto de vassoura. Usava óculos redondos e tinha um ar avoado, de quem estava sonhando acordado. Tinha um pincel numa mão, e uma aquarela na outra.

Ralf:

Daquela distância, era impossível não ver a tela em que ele estava trabalhando. O estilo impressionista não gerava uma pintura especialmente nítida e definida, mas dava para ver que ela retratava uma paisagem urbana. Não de um grande centro, com prédios enormes, mas o de uma cidade pequena. A pintura centralizava uma rua, por onde andava um grupo de pessoas, pareciam ser umas cinco ou seis, mas apenas três delas estavam terminadas: pareciam uma mulher e dois homens. As outras figuras do grupo eram só esboços (talvez ele estivesse para pintá-las, quando elas chegaram. Haviam outras figuras também, mas essas pareciam silhuetas, e estavam nos becos da rua, atrás de postes, coisas assim, sempre atrás do grupo principal, como se os estivessem observando das sombras.

A pintura não era bonita. Na verdade, ela causava um certo mal estar. A mulher do grupo principal parecia usar dreads. Mas talvez fosse só impressão. Era uma pintura impressionista, no fim das contas.

- Ahhhh, Emma... É claro! - Ralf parecia alguém que tinha acabado de acordar - Muito bem vinda! Seu cabelo... que bonito... Essa cor de mel. Acho que vou te chamar de favo-de-mel... Como foi a viagem? E como está Sunlight, e o povo de Woodstock? Eu...

- Ok, ok - interrompeu Jeanette - você tem perguntas, ela tem perguntas, mas não vamos ficar conversando aqui de pé, não é mesmo? Vamos, vamos, vocês dois, chispem pra sala! Lá vocês podem falar a vontade.
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Mensagem por Emma Woolf Qua Jul 20, 2016 9:32 am

Emma ouviu, por que era uma pessoa curiosa e gostava de ouvir mais do que falar. Gostava de saber a impressão das pessoas a respeito das coisas, dos assuntos... Aquilo, ela achava, era reflexo dos seus anos de confinamento e solidão. Então ela ouvia com atenção, com curiosidade e até com expectativa.

"- Deve haver." - Disse, sobre os metamorfos. "- É um mundo estranho." - Concluiu. Se haviam homens-lobos, magos e vampiros, por que não haveria outras criaturas? Mas ela moveu a cabeça de leve, pensativa, as ideias fluindo: os metamorfos mandavam ali e isso podia ser um problema.

"- 'Parente?'" - Questionou, achando a alcunha interessante, mas de resto, apenas prestou atenção.

Ela sorriu de leve, diante do modo como a mulher parecia cínica. "- Você não deve conhecer minha história, não é? Eu fui sequestrada." - Falou. Agora, anos depois, mesmo gostando de Phillips, sabia que aquilo era verdade; ela tinha sido sequestrada, tomada como uma posse e carregada por ai. "- Eu tenho um irmão gêmeo.. Quando fizemos quinze anos fomos separados por paredes. Vivi dos quinze aos dezessete ou dezoito em confinamento, ninguém para conversar, nenhum lugar para ir. Apenas eu e a babá... Quando despertei... A babá se mostrou mais que uma simples babá, e me levou embora, dizendo que corríamos perigo ali. Da Inglaterra fomos a Irlanda, de lá para a Escócia, da Escócia para a Islândia, da Islândia para o Canadá... E finalmente acabamos nos Estados Unidos. Desenvolvi um pequeno... Problema de ficar muito tempo no mesmo lugar."

Deu de ombros levemente, parte daquilo era verdade - e ela fazia parecer verdade, pelo menos na maioria das pessoas que escutava aquela história - Emma tocou um pequeno pingente em forma de lua que carregava no pescoço.

Mas ela se levantou, seguindo a mulher para onde quer que ela fosse buscar o sujeito. Emma ficou observando a interação entre eles e achou divertida até, chegando a sorrir.

"- Olá, Mr Ralf." - Disse a jovem, voltando a sorrir. "- Por lá tudo na mesma calmaria de sempre, obrigada por perguntar." - Mas concordava com Jeanette, ficar de pé ali, não era a melhor das coisas. Seguiria com eles de volta para a sala.
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Mensagem por The Oracle Qui Ago 04, 2016 11:38 am

- Pois é, Parente é o seguinte - disse a mulher, abaixando a voz e se aproximando, como se estivesse fofocando - parece que quando dois lobisomens tem filhos, eles podem ou não nascer lobisomens. Se a criança não nasce lobisomem, é o que eles chamam de Parentes. Se tiver mais curiosidade que isso, pode perguntar pra Dança-com-Lobos, mas não sei como ela vai reagir. Esse pessoal é muito ciumento com seus segredos.

Depois de ouvir o resumo da história de vida de Emma, Jeanette, disse, sem mudar sua expressão em nada.

- Sim, eu fazia ideia. E imagino que quem te raptou foi a velha Phillips, embora ela chamasse isso de salvar. Ela passou várias Ações de Graças aqui conosco, conheceu Ralf ainda criança, você não sabia? Nos últimos anos, parecia estar ficando meio senil, mas sempre falou de você com carinho, embora nunca dissesse seu nome. Era só "minha menina". Então, quando Sunlight mandou a carta falando de você, juntei uns pontos e imaginei que você era a garota que Phillips "salvou". E imagino que vir pra Portland de repente tenha muito mais algo a ver com a morte dela do que com espírito cigano. Acho que é o que qualquer um pensaria, se conhecesse a história. Mas - disse ela levantando as duas mãos e rindo - ninguém precisa ser um livro aberto, meu anjo. A vida ia ser um saco se fôssemos. Só tente não se meter em confusões, ou se for se meter, que sejam as confusões certas, rs. Eu provavelmente também não ia deixar barato uma situação dessas.

___________________________________________________

Quando voltaram à casa principal, Ralf se sentou relaxadamente num dos sofás, e indicou outro em frente para Emma. Jeanette se sentou ao lado dele. O Cultista tirou os chinelos, colocou os pés em cima da mesinha de centro, e começou a falar. De vez em quando, ele parava, como se estivesse tentando se lembrar de alguma coisa. Ele falava numa voz meio cantada, e pastosa, como se estivesse drogado. Eventualmente, Jeanette o interrompia, às vezes com um tom de censura, como se estivessem brigando, mas ela sorria, sempre. Eles falaram, e falaram:

- Ok, favo-de-mel, você é uma Desperta, e você está aqui. Vou te dar umas dicas de como andam as coisas pro nosso lado na região. Aqui em Portland tinha uma estrutura boa das Tradições. Tínhamos magos seniores de todas as Tradições, um Conselho local mesmo, e mais seus discípulos, e tal. Nem sei o que todos eles viam aqui nessa cidadezinha, mas enfim, era o que era. Depois da Noite do Desespero, a coisa minguou bastante. Muita gente morreu, e alguns outros fugiram e não mais voltaram. Eu achei que ia ficar por isso mesmo, mas, de uns três meses pra cá, eles estão marcando presença de novo.

- Ou obrigando quer tava quieto a marcar presença - disse Jeanette, com uma cara de contragosto - nós dois, de repente e sem pedir, viramos magos seniores.

- É, mas temos certas obrigações com nossas Tradições, né, meu amor? Com sorte, isso dura pouco. Enfim, sobraram daquela... noite, nós dois, e mais Dança-com-Lobos. Aí, uns três meses atrás, veio o Will...

- Willian! Ou melhor ainda, Sr. Von Heinekein. Não quero intimidade com aquele homenzinho!

- Não seja rabugenta, amor... Você não gosta dele só porque ele é da Ordem.

- Isso, e porque no último jantar, depois de beber um pouquinho, ele não tirava os olhos dos meus peitos.

- Ué, e quem deveria estar chateado com isso não seria eu, rs? São belos peitos, não dá pra não olhar - agora, voltado para Emma - é que nós combinamos uma reunião mensal entre os magos mais antigos da cidade, pra, cê sabe, colocar os assuntos da comunidade mágika em dia, trocar informações. Não queremos ser pegos de surpresa novamente. Deveriam ter sido dois até agora, mas só o primeiro rolou. Foi aqui.

- Bem, se ele gostou dos meus peitos, então que falasse isso na minha cara. Detesto gente dissimulada, ou que precisa beber pra se liberar.

- Enfim, é um cara da Ordem de Hermes. Por alguma razão, a Ordem investiu pesado pra estabelecer uma posição aqui na cidade. O prédio anterior, onde o Conselho local funcionava, pegou fogo naquela noite. Eles organizaram um novo centro para a comunidade mágika da cidade, numa fábrica de jóias abandonada. Tem aquelas coisas todas: círculo de certame, uma biblioteca básica, sala protegida para reuniões, alojamentos para magos em dificuldades, prisão, etc. Parece que eles tem até uma daquelas passagens instantâneas pra outros lugares. Portão de Hermes, acho que é como eles chamam. Ah, ele negocia Sôrvo também...

- E você deve acabar precisando disso. Quer dizer, aquela sua coisa precisa.

- Bem, ele negocia Sôrvo. Não por dinheiro, imagino. Conhecendo a Ordem, provavelmente por favores ou informações. Enfim, anote o endereço do lugar. Se estiver em apuros, pode ser um bom lugar pra se esconder ou buscar ajuda.

- Mas evite pedir ajuda pra alguém da Ordem. Eles vão cobrar depois. Aliás - completou Jeanette, como se tivesse lembrado de algo repentinamenteo - você não come carne, né?

- Ele seria alguém bom para visitarmos - retomou Ralf - Você sabe, é parte do protocolo das Tradições se apresentar quando se chega a um protetorado novo. No fim das contas, é só boa educação, e ajuda a evitar confusões. Evita que te confundam com um Nephandi ou Desaurido se der treta, por exemplo. E tenho certeza que um cara da Ordem faria questão dessa formalidade. Nós podemos ir lá mais tarde. Continuando, pouco depois do Will, chegou o Dr. Max. Eterita. Sujeito legal. Comprou um armazém no porto, e montou um laboratório, ou sei lá como esses eteritas chamam aqueles lugares. Ele é um cara já mais velho, e sinceramente, não sei muito bem o que veio fazer aqui na cidade. Talvez só fazer sua pesquisa maluca em paz. De toda forma, ele é um mago sênior dos Filhos do Éter...

- Agora eles estão se chamando Sociedade do Éter. Parece que teve um movimento das eteritas contra o nome machista "Filhos do Éter".

- Tá, Sociedade do Éter. Não sei se o bom doutor faria questão de que você fosse lá se apresentar. Acho que pra ele, um e-mail bastaria. Mas se você quiser conhecer o cara, ele é um sujeito agradável. Cheio de história pra contar.

- Ok, o doutor é legal mesmo.

- Por fim, temos Dança-com-Lobos. Ela mora mais umas milhas, seguindo essa estradinha, É fácil de ver, tem um totem daqueles que parecem um monte de animais empilhados.

- Aquela coisa me dá calafrios...

- Enfim, depois que você ver o totem, pára o carro, e anda mais coisa de uma milha por uma trilha, pra dentro da mata. Ela mora numa tenda, coisa bem nativa mesmo. Se for lá, nunca vá com armas à mostra. Ela tem uns amigos...

- Não são amigos, são Parentes dela.

- Tá, Parentes. Enfim, ela é de uma Nação indígena qualquer, e tem uns lobisomens que são dessa Nação também. Não entendo muito bem. Mas o lance é que ela tem uns amigos lobisomens. Não é como se eles fossem guarda-costas dela nem nada, acho até que alguns deles são desconfiados dela, mas eles irão protegê-la se estiverem por perto. E ela faria o mesmo. Ela é o nosso elo de ligação com os lupinos da região, e acredite, eles estão em maior número que nós. Sinceramente, não acho que ela se importaria se você se apresentasse ou não. Acho que ela não tá nem aí. Mas se você esbarrar num lobisomem por aí, e der treta, seria uma boa ideia que ela já soubesse quem você é.

- E ela é uma garota legal também. Meio caladona, mas é legal. Esses tipos xamãs parecem todos meio introspectivos, mas ela é uma garota sólida. Confiável. E conhece essa região muito melhor que qualquer um de nós, se é que isso pode te ser útil algum dia.

- É assim mais ou menos que as coisas andam por aí. Acho que as Tradições estão tentando se levantar. Achei curioso o Coro Celestial não ter mandado ninguém ainda. Eles tinham uma presença boa por aqui. Agora, falando mais especificamente, favo-de-mel. Sunlight estava muito preocupada com o que você veio fazer aqui. Ela acha que você não deveria mexer no que tá quieto, essas coisas. Já eu acho que nada vai ser capaz de te impedir. Eu era assim quando mais jovem também. Seja lá o que você for fazer, seria uma boa ideia se juntar a uma cabala. Andar sozinha e meter o nariz nas coisas não é uma prática muito segura pra nós, Despertos. Com alguns companheiros de cabala, as coisas podem ficar mais fáceis.

- Ou mais difíceis, a depender da cabala...

- Tá, pode ter dificuldades. É como dizem, né: cabalas fazem você entender porque o Batman trabalha sozinho, hehehe. Mas enfim, você é iniciante, e certamente conseguiria mais resultados juntando suas habilidades com outros magos. E eles também conseguiriam melhores resultados com a sua ajuda. Uma mão lava a outra. E existe segurança nos números. Isso é mais verdade pra nós do que pra maioria. Tem um pessoal novo chegando na cidade também. Veio aquele Akasha se apresentar a nós outro dia. E parece que o Dr. Max ia arrumar um pupilo também. E acho que o Will tem um discípulo. Enfim, deve ter bons candidatos. Essa coisa de formar cabalas é bem tradicional, e eles também deve estar pensando nisso. As coisas acontecem naturalmente. Pode ser também que vocês sejam chamados para atender certas demandas das Tradições. Convidados, eu diria. Por mais que isso pareça ser algo que vai te tirar do seu caminho, pode ser uma boa. Primeiro, porque as Tradições são um troço legal. É uma ideia progressista, saca. Uma comunidade de magos, olhando e orientando e ajudando os Adormecidos. Tem que ser ajustado, claro, mas a ideia é legal. Então, ajudar isso é bom. Segundo, que é bom ficar de boa com os caras mais velhos. Terceiro, porque quando você se mete nas coisas mágikas, aquilo que você procura acaba aparecendo. O Destino meio que funciona assim, né?

- Uau, falamos bastante, não é, Ralf? - disse Jeanette, se levantando - Eu agora vou fazer o almoço. Responda às perguntas da moça. Ela deve ter algumas, depois disso tudo...


Última edição por The Oracle em Qua Dez 21, 2016 8:39 pm, editado 1 vez(es)
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Mensagem por Emma Woolf Sex Ago 05, 2016 7:19 pm

Emma sentou-se, como boa Cultista que era, gostava de ouvir as pessoas falaram - apesar de às vezes, perder um pouco o foco e acabar viajando na sua própria cabeça -, mas ela ia se esforçar ali, tentar ouvir o máximo possível do que era dito.

Mas era difícil.

Era difícil por que não era apenas uma pessoa falando, eles agiam como duas pessoas. E bom... Aquilo era um pouco irritante: o jeito como Jeanette parecia disposta a interromper o homem o tempo todo, e era bastante confuso. Emma ajeitou-se na cadeira, meio desconfortável, olhando de um para o outro enquanto as falas iam se intercalando.

"- Joaquina." - Falou a loira, quando a mulher referiu-se a coruja como coisa, tinha um carinho especial pelo animal, afinal.

Emma fez algumas anotações mentais, das quais precisava se esforçar para lembrar ou anotar em sua agenda mais tarde. Muita coisa do que era dito ali, seria importante saber ou programar-se.

O único momento que Emma havia interrompido, tinha sido em relação a coruja mesmo, no mais, a garota ficou quieta e ouvindo e observando. Era muita coisa para um dia só, mas eram coisas importantes e que seriam bem usadas durante sua transição até Portland. Ela sorriu de leve, quando finalmente a coisa toda havia acabado.

Quando a mulher levantou-se, deixando o cômodo, Emma suspirou de leve e se levantou também.

"- Em verdade." - Disse a jovem. "- Não há perguntas, para ser sincera, acho que ambos esclareceram a maior parte das coisas que preciso saber por agora. Claro, mais duvidas provavelmente vão surgir, por isso gostaria muito de mantermos contato." - Falou ela, olhando para uma das janelas.

"- Mas a verdade é que acredito que seja melhor eu me adiantar. Joaquina é  um animal noturno, e essa mudança de rotina provavelmente vai afetá-la e além do mais, preciso ver o que sobrou da casa da velha Phillips e... Bom, entrar em contato com todas essas pessoas que você citou."

Olhou em volta por um instante, antes de focar-se no sujeito de novo. "- Algum conselho final?"
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Mensagem por The Oracle Sáb Ago 06, 2016 9:48 am

- Hummmm, só o de sempre, eu acho. Mantenha os olhos abertos, evite o Paradoxo, e cuidado por onde anda. Acho que é isso... Ah, tem uma coisa! - e se voltando para a cozinha, perguntou - meu bem, qual era mesmo aquela senha pra ver o Will?

- Era pedir uma jóia, né? - Disse a mulher, aparecendo à porta da cozinha, enxugando as mãos num pano de prato - mas não lembro o quê... Um colar de casamento? Ah, sei lá.

- Hummm, também não lembro - Ralf estava novamente com aquele olhar perdido de drogado, enquanto coçava a cabeça - Pior que, sem isso, a coisa vai ficar difícil... Will não vai atender o telefone, isso é certeza... olha, acho que podemos fazer o seguinte: você almoça com a gente, depois, de tarde, tem um turma de violão vindo pra aula, e depois disso, eu posso ir pra cidade com você. Aí, te apresento o Will pessoalmente. Que tal? Afinal, você ainda não me contou sobre como andam as coisas lá em Woodstock.

- Peraí! - disse a voz de Jeanette, que já havia voltado para dentro da cozinha - Emma cogitou sair daqui sem almoçar? Há essa hora (de fato, já era quase meio dia). Faço um boneco vodu dela! Agora que eu já descasquei meia dúzia de legumes? Nem pensar! A coruja pode até "almoçar" lá nos fundos também. Um presente de boas vindas pra ela. - a palavra "almoçar" foi bem ressaltada, como se fosse algo, diferente.
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Mensagem por Emma Woolf Sáb Ago 06, 2016 10:59 am

Emma franziu o cenho de leve; pensativa. Começava a achar que quando as pessoas conversavam com ela - e ela começava a viajar - provavelmente se sentiam da mesma forma que ela se sentia agora: meio perdida. Suspirou de leve, imaginando se existia algo que pudesse fazer para amenizar aquela sensação.

Mas ela sorriu, Emma buscava sempre ser o mais agradável possível, Phillips havia lhe ensinado assim e assim convivia com as pessoas. Tinha ficado incomodada, sim, com o modo como Jeanette parecia bastante... Implicante com Joaquina - ela era praticamente da família! - mas era apenas isso. No mais, Emma havia gostado dos dois.

"- Eu posso ficar para o almoço, claro." - Disse Emma. "- Mas não mais que isso. A casa que Phillips viveu está fechada há meses, preciso fazer uma purificação naquele lugar, e limpá-la também..." - E pensar nisso lhe fez imaginar a trabalheira que teria.

"- Não há por que se preocupar com Joaquina, ela só se alimenta entre 20hs e 00hs." - Deu de ombros levemente, pouco disposta a tirar a coruja do carro, para dizer a verdade. "- Não há qualquer outro meio de contatar esse homem? Will?"
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Mensagem por The Oracle Sáb Ago 06, 2016 10:20 pm

- Não estou falando de comer comida, menina... Aliás, essas coisas precisam de comida? Digo, comida de verdade? Bem, você sabe do que eu estou falando - disse a mulher, ainda da cozinha. Depois de uma pausa, ela apareceu na porta da cozinha, com uma expressão entre espantada e desconfiada - Peraí, você sabe do que eu estou falando, né?!

- Hããããããã... moças - murmurou Ralf, mais uma vez coçando a cabeça - quem é Joaquina?
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Mensagem por Emma Woolf Dom Ago 07, 2016 12:37 pm

"- Aaah!" - Disse Emma, como se agora a compreensão lhe viesse à cabeça de forma sunita. "- Ela está bem, não se preocupe." - Completou, com um sorriso breve. A coruja estava ok. Talvez meio mal humorada naquela tarde, mas ok.

Então riu-se de leve. "- A coruja." - Disse Emma, dando de ombros levemente. "- Presente da velha Phillips." - Falou com um suspiro. "- Ouvi uma vez uma história de um mago que tinha um carro como familiar. Dá pra acreditar nisso? Um carro." - Voltou a dar de ombros, pensando a respeito daquela situação.
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Mensagem por The Oracle Dom Ago 07, 2016 10:46 pm

- Peraí, você tem uma coruja como familiar? E está dizendo que a velha Phillips te deu ela?! - Ralf agora parecia bastante espantado, os olhos arregalados - Você... tipo, isso é brincadeira, né?

- Bem, a coruja não é brincadeira, isso eu posso afirmar - disse, Jeanette. Mas eu não tinha entendido muito bem essa de que alguém tinha te dado. E agora, você diz que foi a velha Phillips?! Fiuuuuu - ela assoviou - isso é o que eu chamo de uma história estranha... Mas me ignorem, eu tenho um almoço para fazer.

- Emma... - continuou Ralf, falando bem pausadamente, olhando nos olhos da garota - eu sei que você é iniciante e tal. Todos nós fomos um dia, mas, você sabe o que é um familiar? Digo, sabe mesmo?
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Mensagem por Emma Woolf Seg Ago 08, 2016 7:30 am

Ok. O que estava acontecendo? Emma virou-se para Ralf, parecendo meio confusa com a confusão do homem, tinha os olhos claros muito abertos, fixos nele, tentando compreender o que acontecia. E devagar, ela moveu a cabeça em positivo, como uma criança que havia sido pega no flagra, enquanto aprontava algo. Existia algo de errado em ter um familiar? Em ter ganho um? Não tinha certeza... Mas bom, eles eram mais experientes que ela. E talvez não fizesse muito sentido ela ter ganho uma coruja de outro mago, ainda mais um mago que morreu meses depois disso... 

Era mais uma das muitas perguntas sem respostas que Phillips havia deixado.

A Coruja não era brincadeira, estava longe de ser. E Emma lembrava-se bem, Phillips havia passado algumas semanas com ela, em sua casa em Woodstock e então aparecido com a tal coruja, explicando do que se tratava, no início Emma não entenderá muito bem, mas foi pesquisando e se acostumando com a ideia.

"- Qual o problema?" - Ela quis saber, assim, meio sem entender. Qual era o real problema com a coisa da coruja. Diante da pergunta de Ralf, a jovem voltou a mover a cabeça em positivo.

"- Phillips me explicou algumas coisas... Pesquisei outras." Disse, surpresa com as reações. "- É um espírito. E faz parte de mim tanto quanto minha própria mágika. Moldado em torno do meu próprio Avatar, mas com sua própria personalidade." - Pareceu pensativa, antes de suspirar. "- Ela precisa de cuidados como uma coruja comum e cuidados especiais além disso." - E então franziu o cenho de leve, como se algo tivesse ocorrido a ela.

"- Nunca entendi muito bem por que Phillips me deu a Carlota Joaquina. Foi alguns poucos meses antes do que... Aconteceu. Isso é estranho? Ganhar um familiar? Por que vocês parecem tão espantados?"
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Mensagem por The Oracle Seg Ago 08, 2016 4:33 pm

- Bem, vamos lá - disse Ralf, assumindo um tom mais focado - a teoria é essa mesma, mas com algum floreio. O familiar é um espírito, preso a algum objeto ou ser. Mas, me parece exagero dizer que ele é moldado em torno o seu Avatar. Isso parece ser uma jeito poético de falar. Um familiar é invocado e ligado a um corpo, até onde eu sei, não moldado. Claro, precisa ser um espírito com que o mago possa se afinizar. Com o tempo, essa relação vai se tornando meio simbiótica...

- Tem até lendas que falam de magos que morreram imediatamente, quando eu familiar foi destruído - disse Jeanette, da porta da cozinha - mas não é pra te assustar. Só ouvi histórias, nunca vi isso acontecer. Mas no nosso mundo, essas histórias geralmente tem um fundo de verdade.

- Criar um familiar também não é uma tarefa corriqueira. É coisa pra Adeptos nas artes do Espírito e Primórdio. Nenhum de nós dois seria capaz disso. E o familiar é taunívoro, ou seja, "devora" Quintessência. Sem isso, ele se degenera, o conjunto matéria/espírito que forma o familiar se quebra, e o espírito é liberto. Se você não sabia disso, eu não entendo como seu familiar sobreviveu esse tempo todo. Com que fonte de Quintessência ele sobrevivia?

- Era por isso que eu tinha dito que ela podia "almoçar" lá atrás - disse Jeanette.

- Agora, essa coisa do "certo" e "errado"... bem, isso aí vai ter uma resposta diferente pra casa mago. Se você perguntar pra Jeanette se é errado ter um familiar, ela vai dizer que sim. Pelo menos, um como o seu. Outros magos dirão que é ótimo, outros serão indiferentes. Algumas Tradições tem mais hábito de criar familiares que outras. É meio algo que vai de cada um, acho. Não é incomum que um mago presenteie outro com um familiar. Mestres que criam um para um discípulo, ou o familiar de um mago que passa a outro com sua morte, essas coisas. É um puta presente, como eu disse, e um puta fardo, pois o mago tem que ter como alimentar o familiar, e você sabe, Quintessência não dá em árvore. Quer dizer, ás vezes dá, dependendo do nodo...

- Ralf querido, você está perdendo o foco.

- Claro, claro, foi mal. O que eu quero dizer, favo-de-mel, é que ganhar um familiar não é o estranho. O problema, digo, a coisa estranha, é que... bem, a Sra. Phillips não era Desperta... Achei que você soubesse.
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Mensagem por Emma Woolf Seg Ago 08, 2016 5:34 pm

E lá estava ela, ouvindo o que era dito. Lembrava-se um pouco do dia que Phillips havia chego com a coruja. Inicialmente Emma achava que se tratava de um animal ferido que precisava de cuidados para voltar ao seu habitat... Mas isso tinha se provado errado durante a conversa daquela tarde. Emma agora dividia a atenção entre Ralf e Jeanette, interessada nos detalhes daquela... Coisa.

"- Phillips me explicou sobre isso. Quando ela chegou com a coruja, trouxe uma trouxinha com... Com algo que parecia musgo ou essas coisas que crescem em lapides e casas, sabe? Disse para que eu fervesse que a coruja sorveria a Quintessência dele. Ela precisa... Hmm.. Comer uma vez por semana. Ela me trouxe mais alguns saquinhos depois, mas também me explicou como conseguir ou tentar conseguir. Para falar a verdade, como ela só precisa disso uma vez por semana, ainda tenho um pouco do... Musgo ou sei lá o que é."

Emma pareceu pensativa, meio distante agora, olhando na direção da porta, na direção que sabia que seu carro estava estacionado, que a coruja estava. Mas voltou sua atenção para Ralf, enquanto ele falava, atenta a cada pedaço das palavras do homem.

Mas foi muito visível o momento em que toda a cor do rosto já muito branco de Emma desapareceu. Ela tinha os olhos fixos em Ralf, um olhar profundo e azul, não chegou sequer a piscar, quando moveu a cabeça de maneira robótica na direção da porta. Postou-se um silêncio mortal. A garota parecia até mesmo ter parado de respirar, apesar de em sua própria cabeça poder ouvir o bater acelerado do seu coração: tum-tum-tumtumtumtum.

Se Phillips não era uma Desperta. Se ela não tinha 'feito' a coruja... Quem tinha? Quem tinha mandado aquele presente para Emma?

Elliot? Não. Emma não acreditava que poderia ter sido ele. Não se parecia com algo que Elliot faria... Talvez... Talvez as pessoas que perseguiram Elliot? Ou... Aliados dos pais de Emma? Ou seus próprios pais?

Não sabia. Nenhuma dessas teorias fazia muito sentido na sua cabeça confusa naquele instante.

"- Se me dão licença." - Disse Emma, a voz plácida e fria, como alguém que acabou de receber, mais uma vez, a noticia de morte de alguém querido. A garota se moveu até a porta - indiferente a protestos ou qualquer coisa - e saiu. Caminhava a passos tranquilos, enquanto movia-se na direção do carro; os olhos fixos no banco do passageiro, onde a pelagem branca, preta de dourada estava, enfiada com a cabeça em baixo da própria asa.

Quem diabos era aquele bicho?

Ela se aproximou do carro, abrindo a porta e observando a coruja mover-se, os olhões amarelos voltados para ela. Quem a estava vendo por aqueles olhos? Emma pegou a coruja com ambas as mãos, deixando-a empoleirada na porta aberta.

Ficaram ali, encarando uma a outra por um segundo em silêncio. E a pergunta - mais uma das muitas - que se formava em sua cabeça ganhou som. "- Quem mandou você?" - Perguntou Emma, para o animal de olhos grandes e amarelos, que indiferente a sua pergunta, apenas abriu as gigantescas asas e as fechou de novo. "- Por todos os deuses, quem mandou você? E por quê."
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Mensagem por The Oracle Sex Ago 12, 2016 10:04 pm

Ninguém tentou impedir Emma enquanto ela saía. Alguma parte distante de sua mente registrou que o casal continuou conversando enquanto ela saía, mas não poderia dizer sobre o quê. E nem se importava.

Em um primeiro momento, a coruja pareceu contrariada por ter sido acordada. Para um animal noturno, ela até que ficava bastante desperta durante o dia, mas geralmente ficava de mau-humor ao ser acordada, e agora não era diferente. Todavia, quando Emma começou a falar, o animal fixou os grandes olhos nela, e aqueles tufos de penas que parecem as "orelhas" da coruja se eriçaram. Parecia estranhamente interessada. Ou talvez apreensiva. Quando Emma terminou de falar, ouviu, algo em sua cabeça. Não, ouviu não seria adequado. Ela sentiu. E não eram palavras, mas uma compreensão, que poderia ser porcamente traduzida da seguinte forma:

- Não sei. Atendi um chamado. Um chamado para esta terra. Quem me chamou se escondia dos meus olhos. Se escondia habilmente. Mas eu não tive medo. E havia esse corpo com penas. E esse corpo tinha medo. E eu dormi. E sonhei. Com você. E dormi. E quando acordei, tinha sede. Pela primeira vez, sede. E aquela mulher com a pele enrugada falava comigo. E ela me trouxe para você. Como eu sabia que faria. Por que quer saber "por quê"? Isso nunca importou. E eu nunca pensei nisso.

E a coruja virou a cabeça quase 180 graus, ficando com o bico para cima e os olhos para baixo.

Uau... era a primeira vez que aquilo acontecia. Quer dizer, não a torcida de cabeça. Ela "falou"... Aquela coisa falava...
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Mensagem por Emma Woolf Dom Ago 14, 2016 8:38 am

Quando a Coruja falou - ou sua mente registrou alguém falando - Emma continuou parada ali, os olhos fixos na Ave como se tivesse vendo algo incrivelmente novo, algo surpreendentemente interessante e diferente.

Bom, era interessante, diferente e novo. Mas também era assustador. Puta merda, era muito assustador. Emma ficou em silêncio mais tempo do que realmente planejava. Piscou algumas vezes, voltando a sua própria realidade momentânea.

Além de Phillips, quem poderia querer que Emma tivesse um Familiar? Apenas Elliot vinha à sua mente... Mas ela sequer sabia o que tinha acontecido com Elliot de verdade e pelas coisas que Ralf tinha lhe dito... Precisava ser alguém poderoso. Emma não conhecia ninguém realmente poderoso até então.

Não fazia sentido, fazia?

Era mais uma pergunta para sua lista de perguntas que só aumentava.

Emma suspirou de leve, estendendo o braço para a coruja. "- Acho que temos que nos despedir dos nossos anfitriões. Precisamos ir embora."
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Mensagem por The Oracle Dom Ago 14, 2016 1:17 pm

Quando Emma se virou em direção à casa, deu de cara com Ralf, que estava bem atrás dela. Ele estava olhando a coruja, e ela olhando para ele. Mas não era uma troca de olhares tensa, como ocorreu entre a ave e Jeanette. Era só um olhar. Ou talvez os olhos de meio-drogado de Ralf não deixassem transparecer muita coisa. Depois de uns dois segundos, o homem deu de ombros, e disse:

- Pra mim, parece uma coruja normal. Apenas meio grande. Mas Jeanette vê coisas que eu não vejo, e vice-versa. Difícil acreditar que tem um espírito devorador de Quintessência aí dentro...

Voltando-se para Emma, continuou. E ele agora tinha um tom mais sério. Na verdade, no pouco tempo que conhecia o homem, esse era o momento em que Emma o viu mais focado, mais intenso.

- Obviamente, tem muito aqui que você não sabe, e nós tampouco. E parece óbvio que a velha Phillips tinha mais nela do que parecia a uma primeira vista. Não quero que você vá sozinha para essa casa, não nessa primeira vez. Pode ser que não haja nada lá, mas pode ser que haja algo, e nesse caso, não é uma boa ideia que você vá sozinha. Você esperou vários meses pra isso, não tem sentido se arriscar sozinha, apenas para se adiantar algumas horas.

- Vamos fazer o seguinte: o almoço está quase pronto. Nós comemos, depois disso vai chegar o ônibus do instituto, cheio de garotos. Eles vão ter uma aula de violão e poesia. Você participa. Depois disso, eu e você vamos para a casa de Phillips. Vai ser útil também para que você esfrie a cabeça. Nunca é bom se meter em coisas desse tipo com a cabeça cheia e o coração aflito. Que tal?

Ele colocava a coisa em forma de pergunta, mas sua postura e entonação não pareciam dispostas a dar muita opção. Havia determinação naqueles olhos. E preocupação, talvez.
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Mensagem por Emma Woolf Dom Ago 14, 2016 3:07 pm

"- Ah, pelos Deuses!" - Emma exclamou, dando um passo para trás graças ao susto e batento contra a porta do carro. Ela respirou fundo, observando o passaro em seu braço e depois olhando para o homem à sua frente. Como ele tinha chego até ali sem ela ouvir nada?

Emma respirou fundo, olhando da coruja para o mago e do mago para a coruja. Não via muitas possibilidades reais de conseguir sair dali antes daquele maldito almoço. E sinceramente ela já tinha perdido até a fome. Mas bom...

Não via muitas saídas.

"- Ok." - Ela disse, a contra gosto e sem muita vontade. "- Mas preciso de um lugar para deixar ela. Está muito claro aqui fora e não posso deixar que fique tanto tempo no carro." - Falou, dando uma breve olhada em volta, como quem tenta achar alguma coisa, antes de focar-se nele de novo.
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Mensagem por The Oracle Dom Ago 14, 2016 10:29 pm

- Ali, no celeiro. Outras corujas passam o dia lá - disse Ralf, apontando. Mas ele não estava falando com Emma. Falava com a coruja.

A ave olhou para onde o homem apontava, levantou vôo da forma silenciosa típica das corujas, e se dirigiu ao celeiro, sumindo através da grande porta.

Ralf coçou a cabeça, e deu de ombros. Começou a andar para casa. Um cheiro agradável de comida vinha de lá.

Jeanette havia preparado um cozido de legumes, e arroz. Apesar da falta de apetite de Emma, ela realmente cozinhava maravilhosamente bem, embora com, talvez, um pouco mais de pimenta do que Emma estava acostumada. Havia também frango frito, mas estava separado do cozido. ela havia tomado o cuidado de cozinhar sem carne. Como sobremesa, havia um pudim de pão, também maravilhoso.

Durante o almoço, os dois não falaram do assunto de familiar e Phillips. Mas falaram um pouco dos magos da cidade. Por aquela conversa, Emma soube que o Dr. Max tinha cara de cientista maluco, mas tinha o coração mole, que ela NUNCA deveria falar com Dança-com-Lobos sobre aquele filme da década de 80 com o mesmo nome, estrelado com Kevin Costner, e que, apesar de Will ser um pé-no-saco, ainda era melhor que o primus da Ordem que havia na cidade anteriormente. Comentaram também sobre a turma que vinha ter aula de violão e poesia dali a pouco. Era jovens de um instituto para menores abandonados ou em situação de vulnerabilidade da região. Casa do Bom Pastor, era o nome. Antes da Noite do Desespero, era gerido por gente do Coro Celestial, mas parece que a coisa toda ficara meio abandonada depois daquele evento traumático.

Assuntos do almoço:

Pouco depois que terminaram de almoçar, um ônibus escolar velho parou no portão. Era realmente MUITO velho, parecia estar caindo aos pedaços. A motorista era uma senhora de cabelos curtos e boina, com um ar meio autoritário. Mas ela tratava com carinho o grupo de 15 jovens e crianças, entre 9 e 16 anos de idade. Ralf chamou Emma para assistir a aula junto com eles.

Durante 3 horas, Ralf tocou violão junto com eles (4 dos mais velhos estavam aprendendo, e treinavam em instrumentos que Ralf lhes passou), recitou algumas poesias, clássicos americanos como Mark Twain, deu algumas para que eles recitassem também (inclusive as crianças menores), e no final, contou uma história. Era uma narrativa meio cantada, meio falada, acompanhada pelo violão, e parecia que ele a estava contando em partes para as crianças, pois Emma teve a impressão de pegar a história pela metade. Parecia alguma adaptação de Caninos Brancos, de Jack London. Ralf era razoável no violão, mas como narrador, ele era muito bom. As crianças ficavam estáticas, ouvindo ele falar, e mesmo para Emma, era difícil não se deixar levar pela história, tal a vivacidade com a qual ele narrava. No fim das contas, as crianças riram, se divertiram, e aprenderam. E aquelas crianças pareciam de fato precisar daquilo. Algumas delas eram ariscas e retraídas, não olhavam nos olhos, comportamento típico de crianças que sofreram abusos, mas depois de algum tempo da aula, se soltavam e se tornavam falantes e descontraídas. Algumas ficavam falantes até demais, enchendo Emma de perguntas: de onde ela veio? Era parente de Ralf? Como ela fazia pro cabelo ficar daquele jeito? Ela ia morar na cidade? No fim da aula, Jeanette trouxe uma bandeja de bolinhos de abóbora com canela, e uma jarra grande de suco de blueberry (estranhamente, não era época de blueberrys), e todas as crianças comeram até se empanturrar.

Era uma energia boa, de fato, a gerada ali. E havia magia naquele tipo de energia.

Terminado isso. Ralf foi rapidamente para dentro de casa, e voltou trajando um chapéu panamá e colete, pronto para ir. Ele e Emma embarcaram no carro dela (a coruja também, após ser chamada), e partiram para a cidade. O fim da tarde já se aproximava.

Do banco do carona, Ralf ia guiando Emma, já que ela não conhecia a cidade. Quando já estavam no perímetro urbano da cidade, Ralf estalou os dedos, e disse:

- Vire aqui à direita. Já que estamos na cidade, podemos matar dois coelhos com uma paulada só. Vamos ver o Will rapidamente. No fim das contas, o pessoal da Ordem é paranóico, fica monitorando as "energias" do lugar, ou seja lá como eles chamam. O que eu quero dizer é, se tiver havido alguma, sei lá, "atividade estranha" ali pela região da casa de Phillips, há uma boa chance dele saber, mais do que nós. Quero estar preparado - o homem tirou o chapéu, e suspirou. Seus olhos tinham uma certa tristeza - Eu e Jeanette não temos vindo muito à cidade. Eu estou falando da Ordem, mas, depois daquela noite, todos nós ficamos um pouco... paranóicos. Foi muito ruim, Emma, muito mesmo. Não ache estranho se notar que alguns estão meio desconfiados, defensivos, por assim dizer. Uma galera entrar nos lugares que você pensava seguros, e matar, sem perguntas, gente que você gostava ou admirava, bem, isso é o tipo de coisa que deixa as pessoas meio no limite. Will e o Dr. Max não estavam aqui na época, mas eles ouviram as histórias, e certamente se preocupam. Quem não se preocuparia com a própria vida?
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Mensagem por Emma Woolf Seg Ago 15, 2016 8:13 pm

Emma virou um momento em silêncio, pensando se valeria a pena dizer que aquela espécie de Coruja... Bom, quando não tinha nada melhor para comer por perto, comeria outras corujas. Mas achou que não valeria o esforço. Apenas observou o voo do animal com alguma curiosidade, depois, muito contra gosto, seguiu novamente para a casa.

A comida ser boa, aliviou um pouco o fato de Emma não estar com a mínima vontade de comer, tinha feito um prato pequeno e sentado-se longe do caminho do cheiro da carne, comido devagar e pensativa. Mas não ficado introspectiva. Conversava, respondia, só não puxava nenhum assunto em especial. Tinha muita coisa para pensar, naquele dia.

Emma... Participou ao seu modo. Tinha ficado,  na verdade, mais para observar e ouvir. Diante da enxurrada de perguntas, ela tentou o melhor que pode explicar tudo: Sobre a Europa e a Inglaterra. Sobre ser parente do sujeito, sobre o cabelo e tudo mais. Emma era uma pessoa agradável e sabia falar com crianças.

Ao fim de tudo, despediu-se e agradeceu a mulher pela hospitalidade, arrumou as coisas no carro e se foi.

(...)

Como não conhecia a estrada e o lugar para onde estava indo, Emma conduziu o carro devagar. Quando Ralf falou, Emma deu uma rápida olhada nele, meio curiosa...

"- Tem certeza? Não precisamos de um convite ou coisa assim?" - Quis saber, enquanto seguia para o lugar que ele indicava.
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Mensagem por The Oracle Dom Ago 21, 2016 1:53 pm

- Pois é, se você estivesse sozinha, precisaria de um convite, ou da senha. Mas o pessoal lá me conhece. Comigo você entra, e depois que for também conhecida, não vai ter problema em voltar. Queimamos essa etapa logo com o Will, e você pode conhecer os outros em outra ocasião.

Se recostou no banco, abriu a janela, e acendeu um cigarro, que rescindia fortemente a cravo e canela.

- Não ligue muito para Jeanette. Ela não vai com a cara de ninguém da Ordem. Alguma coisa deve ter acontecido no passado, sei lá, ela não fala e eu não pergunto. Will não é como um Cultista, claro. Ele é formal, gosta de hierarquia, e tem sua dose de arrogância e tal, como todo hermético, acho. Mas, me parece, é um cara legitimamente interessado no bem estar da comunidade mágika, e dos Adormecidos também. Ele é assim de um forma racional, não emocional, mas o que importa é que vai fazer o possível para te ajudar, desde que você ande na linha, respeite os Protocolos, etc. Se eu precisasse descrever, diria que ele se vê como um sujeito com um trabalho a fazer. Ele pode não gostar do trabalho, mas já que é dele, vai fazer o trabalho bem. Talvez ele não seja seu amigo, mas é um companheiro confiável. Bem, pelo menos, tão confiável quanto um hermético pode ser... Dobre aqui à esquerda, é um prédio grande, com uma placa escrito Anima Gemma, pode parar na porta.

Já estavam naquele lusco-fusco do crepúsculo, quando Emma parou o carro na calçada, em frente a tal loja. A rua estava vazia, só havia um segurança armado na porta. E um táxi parado na beira da calçada, com um sujeito encostado nele, fumando. Emma parou atrás desse táxi.

E havia também uma turba em volta da porta. Um grupo de umas seis pessoas, a maioria maltrapilha e agitada, tão estranhos que Emma não acreditava que o segurança estivesse tão tranquilo. Uma das mulheres do grupo, na qual ela concentrou mais atenção, usava um vestido de viúva, daqueles com direito a chapéu de abas com véu, mas estava encharcado. E ela chorava sem parar, seu rosto inchado escorrendo lágrimas incessantes.

Na verdade, o rosto dela estava inchado demais. Nenhuma quantidade de choro poderia inchar um rosto daquela forma... nem lhe dar aquele tom arroxeado...

Ralf já tinha saído do carro, e andava em direção à porta. Ele não parecia incomodado com a turba, tanto quanto o segurança. Virou-se para Emma, e disse: "Vamos? Ué, que cara é essa? Viu um fantasma?"

Aquele rosto da mulher... era tão roxo, que parecia que ela havia se afogado... Um frio correu sua espinha. Não era a primeira vez que tinha aquela sensação.

Agora Emma entendia porque o segurança estava tão tranquilo. Ele simplesmente não os estava vendo. Da mesma forma que Ralf parecia não ver. Sorte deles.

Nem todos os mortos possuem um aspecto deplorável, ou desesperado. Mas aqueles possuíam. Em grande escala.


Última edição por The Oracle em Sex Ago 26, 2016 9:45 am, editado 2 vez(es)
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Mensagem por The Oracle Dom Ago 21, 2016 1:54 pm

Continua aqui.
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