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Death is only the beginning

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Mensagem por The Oracle Sáb Ago 06, 2016 3:44 pm

O velho caminhão baú sacolejava mais do que ele gostaria. Havia reagentes voláteis no meio das suas coisas, isso, sem falar em seu bem mais precioso. West - ele precisava criar o hábito de pensar em si mesmo com aquele nome, sob pena de revelar sua identidade em algum ato falho - estava sentando em um banco, segurando em um apoio pregado ao fundo da caçamba escura e quente do velho caminhão. Ele poderia ter vindo em um meio de transporte mais confortável, mas jamais iria deixar que aqueles brutamontes da Cosa Nostra a transportassem sem supervisão. Era um risco que não iria assumir.

Quatro lacaios da Máfia dividiam o espaço confinado da caçamba com ele e seus pertences. Homens brutos, de queixos largos e barbas por fazer. Estavam sentados em cruz, rindo alto e grosseiramente enquanto se divertiam em algum jogo de cartas. Apenas mais alguns exemplares da grande massa de idiotas que povoava o mundo. Esperava que o tal Dr. Max fosse diferente.

Conheceu o homem numa conferência da Sociedade do Éter. Um dos pré-requisitos para aceitação era a participação em tais conferências. Ele teria que falar um pouco de suas teorias, o que fez, em termos vagos, com cuidado para não escandalizar as sensibilidades de alguns. Havia aprendido com os Eutanathos o que a comunidade místika, no geral, considera como tabu, nessa área de morte, e como sobrepujá-la. Basicamente, falou de seus estudos como estivessem alguns estágios abaixo do se encontravam atualmente. Sua apresentação levou a um debate sobre a natureza eletromagnética do espírito, campos morfogenéticos, e imortalidade quântica. Enquanto os outros eteritas discutiam, um velho se aproximou. Lembrou-se da apresentação do homem, feita uma hora antes. Não se pode dizer que tivesse entendido muito dela, mas lembrava de algo sobre supercordas. Mas o mais interessante nas teorias do homem parecia ser sua hipótese de que todos os estados do universo: matéria, energia, mente, espírito, etc, são apenas o mesmo princípio primordial vibrando de diferentes maneiras. Ou seja, corpo e espírito seriam o mesmo, apenas vibrando em frequências diversas. Isso vinha acompanhado de uma extensa matemática, que ele não se deu ao trabalho de acompanhar. Irving Maxwell, era o nome do sujeito. Ou Dr. Max, como insistiu em ser chamado.

Quando o velho se aproximou para falar, West pensou que seria mais uma conversa enfadonha, à qual ele teria de se submeter, caso quisesse mesmo ser aceito naquela Tradição. entretanto, o papo do homem era surpreendentemente instigante. Primeiro, porque ele parecia compreender bastante as minúcias do "plano espiritual", com uma abordagem que lembrava a física, ao invés dos misticismos que ele se habituara a ver nos outros magos. Segundo, porque o homem logo entrou, sem maiores pormenores, no assunto do contato com os mortos.

Bem, aquele homem, ao menos, não tinha preconceitos supersticiosos. E eles falaram, mais longamente do que West esperaria, sobre a natureza da "alma" e da vida, como quantificá-la e manipulá-la, e também sobre a natureza da consciência, e da individualidade humana. Isso tudo sem tocar em meandros enfadonhos de ética. O conhecimento biológico do homem era bem escasso, mas sua abordagem tangenciava a mecânica quântica, abordando vida, e mesmo consciência, como fluxos no campo quântico, ou alguma coisa parecida. Foi uma conversa boa, a melhor que teve na conferência, e inclusive lhe deu um ou outro pequeno insight, sobre pontos em sua teoria em que não estava conseguindo avançar por algum tempo.

E dois meses depois, recebeu o telefonema do homem, e o convite. Bem, as autoridades locais de seu atual local de residência já estavam começando a criar suspeitas sobre os desaparecimentos de corpos. Sim, uma mudança parecia uma boa ideia. E aquela cidade de Portland, pelo menos conforme o que o Google dizia, parecia tão boa quanto qualquer outra.

Seus "amigos" na Cosa Nostra se opuseram, a princípio. Aparentemente, sua presença ali já era algo pesado e considerado nas operações da "famiglia". Mas depois de algum tempo, se mostraram bastante favoráveis. Provavelmente, iriam começar alguma operação em Portland. Não que ele se importasse. Se ofereceram até para fazer seu transporte, o que foi um benefício muito bem recebido. Seria difícil arrumar uma empresa de transportes que fizesse o frete de sua amada, e dos aparatos que a cercavam, sem fazer perguntas.

E lá estava ele, naquele caminhão sujo e sacolejante, indo em direção à sua nova cidade. Ele agora seria Faust West. A "famiglia" havia arrumado documentos falsos, e um emprego no necrotério do hospital local. Nada muito elaborado, mas caso ele mantivesse um low-profile, aquilo enganaria as autoridades locais indefinidamente.

___________________________________________________________________________________________

Estava cochilando quando um dos brutos o sacudiu: "chegamos, dotô", o bucéfalo lhe disse. De fato, as portas da caçamba do caminhão estavam se abrindo. Por elas, entrou a luz da lua e de lâmpadas de sódio. E um odor pungente de maresia. Aparentemente estavam no cais do porto, de frente a um imenso armazém. Parado do lado de fora, havia um homem enorme, provavelmente dois metros de altura ou mais, e que parecia ter músculos bastante volumosos por debaixo de seu paletó informal. Seus cabelos eram negros, os olhos vivos, e ele tinha aquele rosto meio quadrado, típico dos galãs de cinema da década de 50 e 60. Apesar do tamanho, não tinha um aspecto abrutalhado, como os goons que foram seus companheiros de viagem. Ao ver West, ainda em cima do caminhão, ele disse, com uma voz grave e profunda:

- Seja bem vindo, Dr. West. Sou assistente do Dr. Max. Pode me chamar de Frank.

Frank, mas imaginem com mais músculos:


Última edição por The Oracle em Dom Ago 07, 2016 9:21 pm, editado 1 vez(es)
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Mensagem por Dr. Faust West Sáb Ago 06, 2016 4:58 pm

O sacolejar ritmado do caminhão era desconfortável em um nível intelectual, visto que o impedia de realmente descansar e tornava-o hipervigilante quanto a segurança dos frascos, dos equipamentos, dos livros e de Eliza. Mas chegava a ser confortável em um nível mais básico, o ritmo repetitivo dos sacolejos embalando-o discretamente, permitindo que sua mente se afastasse do local – até, é claro, o gesto ser invariavelmente interrompido por sacolejos que quebravam a harmonia e prenunciavam em West uma irritação profunda. Quando isto acontecia, ele suspirava. Dr. West era um homem de constantes suspiros, dos mais variados tipos, entonações e significados.

Ao seu lado, nos fundos do caminhão, uma enorme caixa de madeira existia. Ele não havia saido de seu lado desde que entrara no automóvel, e mesmo antes disto, havia permanecido sempre próximo, sempre vigilante, e criticado com excesso de zelo o tratamento dos brutamontes, independentemente do quão gentis estivessem, efetivamente, sendo. A caixa tinha pelo menos três metros de altura, com um metro e meio de largura e a mesma medida de profundidade, e em sua lateral pendia um painel eletrônico repleto de estatísticas, números, e informações. Dr. West conferia-os de dez em dez minutos, com precisão quase robótica, e sempre após solavancos mais fortes. Diversas vezes, durante a viagem, ele havia tocado a caixa de madeira com os dedos e murmurado frases baixas demais para que fossem compreensíveis.

Nos momentos da viagem em que não estava em um estado de semi-sono ou preocupando-se com o bem estar de Eliza ou perguntando-se, ao observar os brutamontes idiotizados que o acompanhavam no caminhão, se a proximidade intelectual ao estado de natureza animalesca efetivamente diminuia a complexidade de um organismo – e, portanto, facilitava o re-estabelecimento de suas funções – ou se o “ser humano”, enquanto verbo e não substantivo, era de complexidade específica e as sutilezas da psiquê residiam apenas no espírito, sua mente divagava sobre Dr. Max. Não era do feitio de West idealizar pessoas ou possibilidades, mas era inegável que o homem havia causado uma impressão – era raro encontrar alguém capaz de lidar com fatos e teorias científicas que vinham a incomodar os de sensibilidades mais mundanas.

Perguntava-se sobre Portland, também. Havia estudado um pouco sobre a cidade – sua história recente e outros aspectos que poderiam influenciar a cultura local, torná-los mais ou menos desconfiados de estranhos, etc. Estava curioso para saber onde iria morar – afinal, apesar de estar particulamente interessado nas contribuições de Dr. Max sobre sua pesquisa, não sabia se confiava o suficiente no homem para dividir com ele residência e, consequentemente, acesso não apenas à sua pesquisa, mas, principalmente, proximidade à Eliza, em seu frágil estado atual. O endereço que havia recebido era de um armazém, de acordo com o Street View. Provavelmente um laboratório de algum tipo… Mas dificilmente um laboratório adequado a suas necessidades, ele imaginava. Já bastava os anos que havia passado na última cidade, operando a partir de um porão insuportávelmente úmido. Claro, a umidade era controlável, mas o tempo e a energia gastos naquilo… Talvez Portland possuísse casas velhas o suficiente. Perguntava-se o quão difícil seria adaptar um abrigo anti-bombas de tamanho razoável de modo a contar com armários refrigerados. O ideal seria uma fornalha, também – ter que transportar corpos até o hospital sempre chamava muita atenção… Talvez algo com uma seção separada em que pudesse lidar com os corpos, uma seção isolada e com paredes de vidro reforçadas. Não sabia exatamente como seriam as reações dos espécimes quando ele começasse a efetivamente reanimá-los. Talvez agressivas.

É claro, eram delírios. Na linha de pesquisa em que estava, Dr. Faust West tinha plena consciência de que dificilmente teria acesso há um laboratório perfeito em tamanho, discrição, privacidade e infra-estrutura. Mas era divertido. Talvez o mais próximo de diversão que ele se permitia ou conseguia conceber.

Subitamente, sem que ele percebesse, haviam chegado. Ficou de pé de forma súbita, conferindo os números e as linhas e os gráficos no tablet lateral ao grande caixote. Tudo bem. Todas as taxas da solução estavam normais. Suspirou, aliviado, e esperou que os brutamontes descessem antes de fazer o mesmo – o cheiro de maresia era nauseante, e ele perguntava-se a intensidade do efeito corrosivo daquilo nos eletrônicos, da umidade nos livros… Moveu as sobrancelhas sozinho, pensativo, enquanto movia-se para a saída do caminhão. Esperava que Dr. Max tivesse calculado aquele tipo de problema e previnido-se.

[…]

O Doutor Faust West era uma figura curiosa. Era muito alto, provavelmente ultrapassando os um e oitenta e cinco – mas sua magreza e palidez quase cadavéricas lhe roubavam de qualquer imponência física real. Seus cabelos, negros, provavelmente eram cortados pelo próprio homem – e ele sem dúvida o fazia sem excesso de esmero. Seus traços eram delicados, e apesar de não barbear-se a quase uma semana, a sombra em seu rosto era quase imperceptível. Suas roupas eram sociais – calça social escura, sapatos lustrosos, uma camisa branca de mangas compridas, colete preto e gravata da mesma cor. Os óculos de armação delicada e lentes circulares refletiram a luz opressora das lâmpadas enquanto ele franzia o cenho, acostumando-se a luminosidade e observando não apenas o exterior, mas o homem que o recebia. Suas olheiras eram profundas, e denunciavam a intensidade obsessiva que se escondia no olhar.

West havia escutado a apresentação de Frank, mas ainda não havia escondido. Havia descido do caminhão antes. Olhado em volta. Conferido o horário em um relógio de bolso prateado, e então olhado para Frank de cima a baixo, analisando-o sem falsas delicadezas.

“ - Boa noite, Frank.” – disse. Onde estava Max?


“ - Onde ele está?” – quis saber.
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Mensagem por The Oracle Sáb Ago 06, 2016 10:31 pm

- O Dr. Max está dentro do armazém. Ele diz que o ar frio da noite não ajuda sua saúde. Mas está ansioso por vê-lo. Ele me disse que o sr. certamente iria querer supervisionar pessoalmente a descarga dos materiais, e me instruiu a ajudá-lo no que for preciso. Temos um carrinho de transporte de cargas pesadas, e uma ponte rolante dentro do armazém, mas como se trata de um caminhão-baú, não será muito útil.

- Acredito que nossas instalações lhe atenderão adequadamente, pelo menos até que o sr. se estabeleça em outro local, se esse for o seu desejo. Mas, se quiser permanecer aqui, estou certo que o Dr. Max não se oporá. Acho que vai gostar, até, e realmente, acho que mais companhia seria bom para ele - nisso o enorme homem se inclinou um pouco para a frente, de modo a ficar mais próximo, e disse, sem baixar a voz - ele às vezes fala sozinho. Acho que vocês começam a fazer esse tipo de coisa quando não tem com quem falar.

Os capangas se dividiam entre olhares impressionados para o tamanho do homem, e entre olhares de perplexidade, ante aquela conversa estranha. Até que um deles perguntou:

- Mas, e aí, dotô, a gente descarregas as tralha?
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Mensagem por Dr. Faust West Dom Ago 07, 2016 12:42 am

West suspirou de leve, em algum lugar entre compreensão – era de se esperar que um homem já de mais idade não conseguisse lidar com todo o vento frio e a maresia naquela hora da noite, desagrado – lhe parecia um pouco desrespeitoso ser recebido apenas por um servo depois de todo o trabalho que aquela mudança culminara, e preocupação – se a saúde de Dr. Max era frágil, certamente ele não esperava que ao invés de companheiro de pesquisa West se tornasse seu médico pessoal… correto?

“ - Sim.” – concordou com o gigante a sua frente, alguma parte de sua mente considerando a possibilidade de tratar-se de alguma espécie de golem, tão imponente era a figura. “ - Falar sozinho. Terrívelmente esquisito.” – e moveu as sobrancelhas, muito levemente.

“ - O carrinho, por favor. Só uma das caixas é realmente pesada, mas é igualmente valiosa...” – acrescentou, os olhos pousando-se no interior do caminhão. Não precisaria de rampas, eles tinham uma no caminhão. Não havia trazido aparelhos, nem coisas assim: eram facilmente substituíveis. A única coisa que realmente precisava do carrinho era Eliza. West suspirou de novo, brevemente. Ele gostaria de ser forte o suficiente para movê-la sozinho.

Virou-se, então, para os babuínos anabolizados e italianos.


“ - Podem descarregar. Com cuidado. Frank vai mostrar onde colocar as coisas. E deixem o caixote maior por último.
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Mensagem por The Oracle Dom Ago 07, 2016 10:16 pm

O desembarque dos materiais ocorreu sem maiores dificuldades. Os capangas sabiam que, em seu ramo de atuação, não levar o trabalho a sério poderia lhe render uma bala na cabeça. Ou uns sapatos de concreto, se o homem-feito responsável pela questão fosse muito velha-guarda. Quando chegou a vez da caixa maior, Frank auxiliou os homens a depositá-la com bastante cuidado sobre o "carrinho" que ele já havia buscado. Na verdade, ele pareceu fazer a maior parte da força necessária ali, mas isso não pareceu lhe gerar nem uma gota de suor.

P.S: Acrescentei uma imagem do Frank no outro post.

O Carrinho de Cargas:

As grandes portas do armazém davam para um espécie de área de carga e descarga, separada do restante por uma parede e um outro conjunto de portas, estas parecendo bem pesadas. Apenas quando os brutamontes terminaram seu serviço e o caminhão partiu, Frank acionou um botão na parede, o que fez descer a porta deslizante que selava a saída para a rua. Agora, restavam naquela área de carga e descarga apenas West, o gigante, e as cargas.

Frank então se aproximou de um ponto na parede, e se abaixou bastante, colocando o rosto quase colado à barreira. Dois segundos depois, um chiado pneumático se fez ouvir, e as portas internas se abriram. Agora que se abriam, West pôde ver que as portas eram de fato pesadas: pareciam ser feitas de aço, com pelo menos 10 centímetros de espessura, e se moviam automaticamente por força de pistões pneumáticos. Enquanto as pesadas portas se abriam, Frank disse, lhe entregando um pequeno aparelho.

- Este é o comando do carrinho. Bastante simples. O senhor pode levar a caixa maior, enquanto eu cuido das menores. O Dr. Max certamente está ansioso por vê-lo, então o sr. pode ir na frente - e começou a iniciar o transporte das caixas menores.

Após as grandes portas blindadas, o armazém era uma grande área, aberta em sua maior parte. O teto devia ter coisa de 15 metros de altura, e junto à parede do fundo, havia um mezanino, onde parecia haver algumas salas. Todavia, não havia muito espaço realmente livre na área térrea, pois, por todo lado, havia "ilhas" de maquinário. A iluminação se concentrava em cima dessas "ilhas", com lâmpadas fortes que pendiam do teto, mas nos espaços entre elas, havia penumbra. Vários daqueles maquinários pareciam peças industriais mundanas, do tipo que você vê em documentários do Discovery Channel, mas alguns certamente chamavam mais atenção:

Logo perto da entrada, estava parado um carro vermelho vivo. Parecia um modelo bastante antigo, mas pelo modo como a pintura e os cromados brilhavam, dava para ver que aquilo fora tratado com o zêlo de um colecionador. E parecia ter sofrido algumas modificações também. Pelo menos, a West não parecia que aquele turbo brotando do capô era algo usual na época em que o carro parecia ter sido feito.

O Carro do Doutor:

Também perto da saída, estava parado um outro veículo, mas este não parecia capaz de carregar pessoas. Era um pouco menor que um desses carros super compactos. Parecia uma empilhadeira... não, talvez um daqueles cortadores de grama motorizados... um trator de pequeno porte? Raios, aquela coisa poderia ser até um tanque em miniatura!

Um Brinquedo do Doutor:

Em uma área grande, num dos cantos, havia uma série de maquinários pesados. Parecia haver ali todo tipo de coisa que se veria numa planta industrial: cilindros e vasos altos, provavelmente para conter químicos e gases, uma esteira rolante, moldes siderúrgicos, e várias coisas que pareciam unidades móveis de montagem, coisas estranhas sobre esteiras, cheias de braços robóticos. Sobre aquela área, estava parada a tal ponte rolante (uma espécie de guindaste, que se move em trilhos no teto)

Spoiler:

Mas a coisa que mais chamava a atenção, era o objeto que dominava o centro do armazém. Aquela máquina era bem difícil de descrever. Parecia ser composta de uma plataforma central de metal, com outra igual há uns três metros de altura, ladeada por quatro aros metálicos grandes, que pareciam poder se mover, em trilhos no chão, se afastando ou se aproximando do centro. A máquina era curiosa, porém, mais curioso era o fato de, em cada um dos vãos entre os quatro aros, haver uma peça de artilharia apontada para o centro. Metralhadores militares de vários canos giratórios, alimentadas por cintas. Armamento militar não era exatamente um assunto que West dominasse, mas se os filmes estavam certos, aquele era o tipo de poder de fogo que poderia deixar um homem em pedaços em uma fração de segundos. Imagine então quatro... Atrás de cada uma dessas metralhadores, havia ainda um bastão metálico polido, de uns quatro metros, fincado no chão. No topo, cada um destes de dividia em dois, como enormes diapasões.

Um infinidade de cabos grossos desciam do teto, e subiam do chão, para aqueles aros e plataformas. Um outro cabo grosso se estendia até uma espécie de centro de controle, localizado há uns dez metros da máquina, com enormes telas de LED, e vários teclados, alavancas, e medidores analógicos de todo tipo. Mas o mais impressionante era o que havia entre aqueles quatro aros. Se aquilo fosse um filme de ficção científica (ele não era amante de filmes, mas Elisa amava cinema. E logo, ele assistira sua cota da sétima arte, no passado), aquela coisa era o sinal que algo ia dar muito errado no experimento.

A Máquina no Centro do Armazém:

Sentado naquele centro de controle, estava um homem de jaleco. Uma face que West ainda se lembrava. O homem que lhe ligara, lhe convidara a trabalhar com ele, e o mais importante, que lhe dissera, ao telefone, que havia alguns dados que ele recolhera, que o interessariam muito, mas que não poderia tratar por aquela linha. Era um homem grisalho, aparentando uns 60 anos. O rosto tinha rugas, os cabelos e a barba eram bastante desgrenhados, os óculos redondos estavam meio tortos, o jaleco branco parecia manchado de molho de tomate, e a gravata borboleta não combinava com nada, mas os olhos do homem brilhavam, vivos, enquanto se moviam das telas para os medidores, e deles para o... fenômeno entre os aros. Suas mãos se alternavam, com agilidade, entre teclados, alavancas e dials. Havia um sorriso naquele rosto, e uma, talvez, selvageria naquele olhar. Provavelmente, os olhos de um vicking que entoa um grito de guerra, após decepar a cabeça de um adversário em gloriosa batalha, não seriam muito diferentes.

Todavia, quando West adentrou o galpão, o homem pareceu sair do transe. Ele olhou o recém chegado, sorriu, puxou uma alavanca, e o fenômeno pulsante no centro da máquina encolheu até desaparecer. Ele então se levantou, caminhou até West, tomou sua mão direita entre as suas, num caloroso aperto de mão, e disse, entusiasmado:

- Ora, ora, seja muito bem-vindo, meu jovem. Estava ansioso por esse momento! E por nossa parceria! Estou certo que vamos fazer muitas coisas grandiosas!

Dr. Max:
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Mensagem por Dr. Faust West Ter Ago 09, 2016 9:31 pm

Fosse qualquer outra situação, Faust West estaria espantado pela força demonstrada por Frank – já teria tentado fazer algum cálculo, estimar a quantidade de massa magra necessária para aquele tipo de esforço, considerar se ele realmente podia exercer toda aquela quantidade de força e assim deduzir se Frank era ou não um humano normal. Ou teria sacado seus óculos especiais e analisado as propriedades do homem. Ou as duas coisas. Mas a situação não era normal, e no seu misto de preocupação com Eliza e curiosidade pelo armazém, o Doutor apenas registrou as mostras absurdas de força do pequeno gigante como uma espécie de curiosidade mental a ser analisada de forma mais apropriada no futuro.

Assim que o enorme caixote estava colocado, Faust moveu-se em silêncio preocupado para sua lateral, observando novamente as informações no dispostivo ali pendurado, conferindo-as uma a uma. Tudo normal. Tudo sob controle. Respirou em extremo alívio, e permitiu-se existir além daquilo por alguns instantes – ainda estava parado ao lado do caixote, e sua linguagem corporal era bastante protetora com relação a este, mas parecia estar destinando muito de sua atenção ao armazém.

Franziu o cenho, interessado, quando viu as portas se abrirem. Eram grossas, muito grossas… E havia o que parecia ser um leitor de retina. Precisava admitir: Dr. Max era, sem dúvida alguma, alguém muito preocupado com a segurança. Faust podia respeitar isso, e partilhava da “paranóia científica” que o outro doutor parecia ter.

Ele agradeceu a Frank com um aceno de cabeça firme, silencioso e sem nenhum contato visual ao receber o controle – e logo estava movendo-se em direção ao armazém, olhando em volta, observando tudo o que podia da melhor forma que podia, enquanto garantia que Eliza estivesse ao seu lado. “ - Você devia ver isso aqui, Eliza.” – ele murmurou, embasbacado, a dado momento. Dr. Faust West podia ser inteligentíssimo, e podia ter visto sua cota de coisas incríveis, e já estar existindo como um desperto a quase dez anos – mas, como alguém que demora a realmente atingir a puberdade, aquela era a primeira vez em que efetivamente passaria a ter um contato constante com outros magos. Para ele, coisas como aquela enorme estrutura no meio da sala – isso sem falar na ressonância do lugar – eram simplesmente incríveis. Incríveis o suficiente para romperem brevemente com seu comportamento robótico. Brevemente. Talvez ele estivesse até com a boca meio entre-aberta, literalmente de queixo caído… Não importava-se muito com a noção nítida ali de que o que quer que pudesse sair daquela bola flutuante de plasma fosse perigoso o suficiente para pedir por tantas armas. Era uma bola flutuante de plasma no meio de um armazém gigante cheio de coisas que pareciam saídas de um suplemento de RPG para cyberpunk. Que a segurança fosse para o espaço! Dr. West evitava permitir-se otimismo, preferindo manter-se dentro dos limites dos cálculos racionais de probabilidades associados à métodos base de divinação, mas ali, naquele lugar, olhando aquela espécie de portal-de-plasma-sob-contenção, era impossível não sentir que suas duas mentes, aliadas aos métodos que ele mesmo viinha desenvolvendo para desvendar os príncipios científicos da alta magia, unir estes aos princípios alquímicos e trabalhar os três dentro do método ciêntífico, poderiam, juntas, alcançar qualquer resultado que desejassem.

Ele só despertou para o mundo quando a bolha enorme começou a encolher. Foi só então que registrou realmente a presença de Dr. Max, apesar de já tê-lo visto – e ainda estava meio perdido, quando a mão foi agarrada daquela forma. Levou quase um segundo inteiro para realmente apertar a do homem de volta, apesar de ter recolhido sua mão – aiinda com o anel de casamento, devo ressaltar – bastante rapidamente. Seu semblante, por sinal, já estava sério, sóbrio e centrado de novo.

“ - Sim, sim.” – concordou, bastante rapidamente, enquanto tirava do bolso interno de seu colete social uma pequena caixinha de óculos. “ - Recentemente eu estive pensando sobre sua teoria sobre vibrações.” – avisou.

“ - Veja, eu estava trabalhando com base no pressuposto que alguns certos tipos de símbolos utilizados em rituais mágicos na verdade servem como micro-portais, que permitem que certos tipos de energia fluam de forma mais livre ou sejam melhor captadas.” – avisou. Falava muito rápido, enquanto abria a caixinha do óculos. “ - Selecionei cinquenta e quatro sistemas de símbolos e percebi que simbolos que eram usados para significar coisas similares tinham formas similares, ângulos repetidos, coisas que o valham. Isso sustentava a teoria prévia. Então eu utilizei um pouco de manipulação molecular, e desenvolvi três substãncias minerais, partindo do princípio de que suas móleculas deveriam se alinhar em forma análoga aos principios dos símbolos estudados. – acrescentou, finalmente tirando o óculos da caixinha. Seu design era claramente inspirado pelo estilo vitoriano steampunk da Sociedade do Éter – o olho direito tinha uma roda ao redor que parecia a lente de uma câmera, como se um ajuste de foco, e o segundo tinha três lentes diferentes – uma roxa, uma vermelha, e uma verde.


Óculos:


“ - A idéia era de que, fazendo isso e utilizando essas substâncias para pintar as lentes, eu teria acesso a esses aspectos do mundo de forma instantânea. Entretanto, não funcionava de forma ideal. E é aí que sua teoria entra, Dr. Max. Por que me lembrei não só dos níveis vibracionais das coisas, como o Sr. sugeriu e eu ainda tenho diversas resalvas sobre, mas sobre a noção de que se existem diversos planos de realidade – como sabemos ser verdade, necessariamente, por motivos atômicos, eles vibram em níveis diferentes. Logo, eu tinha a parte simbólica para desvendar o acesso visual a esses fluxos, mas não a parte vibracional.” – explicou, e apontou para a lente com o ajuste de foco. “ - Então eu consegui discernir um longo espectro vibracional geral dentro do qual esses planos energéticos de informação atuam, e basta que eu alie a lente certa ao foco certo – quase como sintonizar um rádio, mas visualmente, visto que a vibração é transmitida a lente – e eu consigo, finalmente, acessar questões como auras, linhas quintessenciais de primórdio, registros de atividade espiritual e seus tipos, condições básicas de matéria, etc.” – e puxou o ar brevemente, antes de prosseguir.

“ - Basicamente, gostaria de saber se você não tem acesso as frequências exatas por trás dessas faixas energéticas, porquê eu ainda estou gastando quase trinta segundos inteiros para sintonizar da forma adequada, o que torna a utilização do óculos pouco prática no dia a dia. E se eu souber as frequẽcias exatas, posso tentar montá-las de forma a conseguir acessar as três ao mesmo tempo ou combinações variadas delas. – explicou, esticando o óculos para Dr. Max.


Aquele era seu jeito de dizer “obrigado pelo convite, estou feliz de estar aqui e, como você pode ver, sou bem inteligente e você não vai se desapontar.”
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Mensagem por The Oracle Sex Ago 12, 2016 10:54 pm

O velho doutor ouviu com atenção a explanação do colega de Tradição. Se sentiu algum desconforto com a sofrível cortesia de West, não demonstrou. Mas começou a sorrir quando o médico citou suas teorias vibracionais. E o sorriso cresceu exponencialmente quando West tirou seus "óculos" da caixa. Mais do que isso, os olhos do velho brilharam como os de uma criança que abre seus presentes de Natal. Tomo em suas mãos o aparelho, com uma delicadeza de quem segura um recém-nascido. Dr. Max começou a andar em direção a uma área mais escura do armazém, gesticulando para que West o acompanhasse. Ao passar por uma coluna, ativou um interruptor com o cotovelo, e algumas luzes se acenderam naquela área para onde se dirigiam, revelando uma bancada com equipamentos de laboratório: béqueres, bicos de Bunsen, dois microscópios, balanças de precisão estruturas que pareciam bobinas de Tesla, e uma infinidade de traquitanas espalhadas: multímetros, contadores Geiger, paquímetros, máscaras de solda, pinças, maçaricos, uma marreta de aspecto brutal, um serrote, brocas de todo tipo, e até uma frigideira. Atrás da bancada, vários cilindros de gases industriais. Encostado em um dos lados da bancada, estava uma britadeira. A luz revelou também um grande banner pendurado logo acima da bancada. Retratava um daqueles encantadores de serpentes indianos, com sua flauta, e uma naja saindo de um cesto. Letras garrafais diziam "NÃO ESQUEÇA DO ENCANTADOR DE SERPENTES".

O doutor abriu espaço na bancada com um dos braços, e colocou delicadamente o óculos sobre a superfície. Enquanto fazia isso, tagarelava:

- Ahhh, como eu adoro esse design! A primeira vez em que coloquei um óculos como esse, a bordo de um zepelim umbral... naquele momento, qualquer arrependimento que pudesse ter por abandonar meu grupo anterior se evaporou. Aquela era a vida que eu sempre quisera! Infelizmente, hoje, esse design pode trazer problemas. Não é a mesma coisa que desenhar um, hã, um pentáculo de Salomão, ou fazer preces para algum deus mitológico, mas mesmo coisas assim podem te criar algum Paradoxo, nesses tempos modernos - nisso, ele suspirou, enquanto tirava um óculos seu de um dos bolsos do jaleco - O mundo se tornou menos poético, West. É uma pena que vocês, das novas gerações, não tenham vivido épocas mais fáceis, mais soltas...

O óculos que o Dr. colocou era nada menos que um Google Glass. Um pouco anti-clímax. Ele também tirou do bolso um daqueles celulares antigos, de flip, o qual abriu, e apontou a antena para o equipamento de West. E passou alguns segundos, alternando o olhar do óculos steampunk, para o celular, e para o óculos de novo, eventualmente apertando algum botão do celular. A tela do aparelho não mostrava nada que West pudesse ver. E não parou de falar enquanto isso.

- Já andei dando uma olhada nesses símbolos também. Afinal, é impressionante o que nossos colegas das Tradições mais místicas conseguem com eles. Quer dizer, há algo ali, isso é bem óbvio, mas o quê? A forma é um bom palpite. Já pensei nos materiais também. Os herméticos costumam usar tintas especiais, algumas delas com pedras preciosas pulverizadas. E daí, me veio uma ideia: já viu como a essência primordial corre de maneira diferenciada nas coisas vivas? Ela flui, ao invés de se fixar! Digo, não sou um especialista em eterdinâmica, mas é o que toda a literatura diz. Agora imagine uma imagem dessas, um selo alquímico, um pentáculo, um círculo taoísta, etc, mas tendo suas linhas preenchidas por matéria viva? Talvez alguma cultura de células que tenha alguma durabilidade? As possibilidades são... maravilhosas! Não sou bom em ciências biológicas, mas fica como algo para você pensar.

- Ahhhh, como eu imaginava! Veja, meu jovem creio que o problema deste seu design tem mais a ver com impedância do que com qualquer outra coisa. A questão não é exatidão das frequências, isso você já conseguiu discernir. Mas os diferentes compostos minerais aplicados sobre as diferentes lentes, em uma composição amorfa, transmitirão as frequências captadas para as... uau, isso são válvulas de vácuo?! Bem, transmitirão para as válvulas, ou seja lá o que você usa para conversão em espectro visível, à velocidades conflitantes, e em velocidades que serão ligeiramente diferentes, a depender das condições de temperatura, pressão e umidade do ambiente. Por isso você tem que fazer ajuste fino a cada uso. Mas, imagino que, se as coberturas minerais forem aplicadas de forma a que assumam uma estrutura cristalina, e não amorfa, essas variações de impedância se reduzirão a níveis irrelevantes. Podemos tentar essas alteração no seu equipamento. Tenho aqui o equipamento necessário para aplicar a camada mineral junto com um processo próprio meu, análogo à galvanização. Isso deve garantir uma estruturação cristalina ao revestimento.

- Mas, me diga, aquela caixa grande, creio que deve ser sua... esposa, não? Creio que devamos acondicioná-la em segurança, antes de nos debruçarmos sobre isso, não? Preparei um local especial que, creio, atenderá suas necessidades.
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Mensagem por Dr. Faust West Sáb Ago 13, 2016 1:33 pm

E pensar que Dr. Faust West era, efetivamente, um rapaz não só bem educado – mas um rapaz de família tradicional, herdeiro de uma fortuna, ensinado desde jovem nos caminhos da cortesia e da etiqueta. Claro, ele ainda lembrava um pouco, e ainda conseguia ser educado quando realmente precisava, mas…. Tradição dificilmente supera tendências pessoais, num conflito interno de personalidades, supera? E West nunca havia sido realmente muito propenso aquelas pleasentries inúteis, fora situações em que fossem extremamente necessárias.

Ele seguiu Dr. Max, conduzindo o carrinho com Eliza ao seu lado em silêncio absoluto. Não havia oferecido o óculos realmente interessado em trabalhar nele naquele instante, mas seria interessante ver como o outro Eterita trabalhava com os problemas apresentados, as teorias que ele faria. Não se opôs, então – mas limitou-se a observar. Achou interessante o Google Glass, mas precisava reconhecer para si mesmo: sua aptidão técnica com eletrônicos era sofrível. Não conseguiria aplicar o mesmo princípio que havia aplicado ao aparato nas mãos de West num aparelho como aquele. Mas poderia pensar em algo mais discreto. Era natural com invenções, ele acreditava: quando mais apto dentro do conceito e da tecnologia específica alguém se tornava, mais fácil tornava-se a capacidade de construir o aparato como se fosse banal. Computadores haviam começado como salas, e agora eram micro-coisinhas dentro do bolso das pessoas.

As vezes, West meneava a cabeça afirmativamente. Mas só. Quando viu que Max havia terminado, Faust limitou-se a resposta padrão que havia aprendido para quando precisava dizer algo mas não tinha nada realmente a dizer. “ - Interessante.” – julgou.

E então, o homem com cara de louco referiu-se a Eliza. Mas ela não era a caixa, ela estava dentro da caixa. “ - Sim. Eliza está dentro da caixa.” – respondeu, atento as reações que a expressão do homem podiam denunciar quanto a existência de Eliza alí.

“ - Concordo. Preciso organizar meu espaço.” – falou. Ainda não tinha certeza de que ficaria no Armazém, mas o homem havia separado um lugar para ele. Talvez fosse bom o suficiente, e, definitivamente, não faria mal ver.
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Mensagem por The Oracle Dom Ago 14, 2016 1:51 pm

- Oh sim, claro, dentro da caixa, foi o que eu quis dizer. Em verdade, rapaz, eu lhe peço antecipadamente desculpas, se em algum momento escorregar nas questões de tratamento em relação à sua esposa. É uma situação nova e atípica, e podem me faltar os termos corretos em algum momento. Mas garanto que, se isso ocorrer, não é minha intenção ser rude. Pelo contrário, penso com grande estima sobre a sua busca. Vencer a morte: essa é uma das questões mais antigas da humanidade, que agora é encarada com os olhos da ciência, e não do misticismo ou da religião, como foi no passado. E o amor é uma motivação bem mais nobre que aquelas que movem a maioria dos nossos colegas.

- Também admito que estou curioso, de um ponto de vista científico, sobre como você organizou os sistemas de conservação do corpo. Quais químicos e maquinário usou. Estou certo que poderemos falar a respeito no futuro.

Dizia isso enquanto ativava uma série de interruptores, em uma caixa elétrica presa a uma coluna, perto da bancada. Algumas luzes em um canto previamente escuro do grande armazém se acenderam, e revelaram uma espécie de sala grande. Algumas paredes e um teto formavam um quadrado dentro daquele canto do armazém. Revelaram também Frank, que se ocupava de carregar para ali as caixas que compunham o resto da "mudança" de West. Trabalhava na escuridão, ao que parecia.

Dr. Max começou a andar naquela direção, ainda falando. O homem falava bastante, sem dúvida.

- Quando comprei este galpão, ele era usado para processar peixe, de uma companhia familiar de pesca. O patriarca havia falecido, e a família estava ansiosa para se livrar dos ativos e ir viver de outras atividades. Aquele espaço confinado era onde eles processavam a parte da produção que dedicavam a alimentos de longa durabilidade. Enlatados e congelados, essas coisas. Para esse tipo de alimento, a FDA tem exigências bastante severas sobre esterilização e higiene. Tinha a estrutura básica de uma sala-limpa, não em um nível laboratorial, claro, mas o mais básico, e caro, de ser instalado, estava lá. Acrescentei revestimento anti-QBR às paredes, melhores filtros de ar e água, e melhorei a precisão dos controles de temperatura e umidade. Pretendia usar o espaço para manipulação de elementos altamente radioativos, mas terminou que descobri que não precisava de plutônio para abrir uma passagem entre os mundos, hehehe. Está com a estrutura pronta para um sistema de pressão negativa, mas não cheguei a instalar os barômetros e bombas.

Quando finalmente chegaram ao local, havia um par de portas pneumáticas seladas. Quando fechadas, o local deveria ficar hermeticamente fechado. Após elas, um espaço típico para se vestir trajes de isolamento (embora não houvesse nenhum ali), e um curto corredor de descontaminação, também sem os equipamentos típicos. Do lado de dentro, um espaço de talvez uns 20 metros quadrados, com pouca mobília: uma bancada fortemente iluminada, duas mesas cirúrgicas, e uma porta para o que West reconheceu como um sala refrigerada. O sistema estava desligado, e a porta aberta, mas lá dentro havia um bom espaço. Suficiente para pelo menos quatro macas, que era mais ou menos a unidade de medida em que West sempre pensava, ao lidar com espaços refrigerados. Mais, se instalasse alguma estrutura que permitisse dois andares de corpos. O teto de quase quatro metros de altura permitiria isso.
O típico ambiente laboratorial estéril, que a maioria das pessoas consideraria desagradável.

- Aí está! Vai ser um alívio ver essa instalação finalmente ganhar uso!
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Mensagem por Dr. Faust West Seg Ago 15, 2016 10:05 pm

West observou Max com curiosidade analítica, enquanto ele pedia desculpas sobre tratamentos, sobre a forma de se referir a esposa. Aquilo era quase engraçado, porquê, bem, fazia parecer que ele era alguma espécie de sentimentalista barato que queria ser tratado pelos pronomes certos – o mesmo tipo de gente, até onde ele podia entender, que havia pressionado para que a mudança de “Filhos” para “Sociedade” fosse feita. Mas o resto, o que se seguiu, Faust West gostou: era provavelmente a primeira vez em sua vida que alguém demonstrava interesse real em sua pesquisa sem nenhuma preocupação com os tabús sendo rompidos. Talvez chegasse ao ponto até mesmo de poder dividir com Dr. Max o ponto real em que estava do trabalho.

“ - Não se preocupe com tratamentos.” – disse. “ - É, nitidamente, o corpo de minha falecida esposa dentro de um tubo high-tech, dentro de uma caixa. Foi uma correção puramente factual.” – acrescentou, naquela maneira quase sem vida que ele tinha de se expressar, as vezes. Seria fácil, quando começassem a conviver, pegar West olhando para Eliza ou falando com ela, as vezes, como se ainda estivesse viva. E naqueles momentos, ele parecia cheio de vida e emoção. Mas só naqueles. Comportava-se praticamente como um pequeno robô, no resto do tempo.

Acenou afirmativamente com a cabeça sobre a possibilidade de discutirem sobre o tubo no qual estava Eliza, no futuro, mas não se pronunciou. Queria ver suas malditas instalações de trabalho de uma vez.

Seguiu seu novo - “novo” - colega em silêncio, para a região recém iluminada. Ele viu Frank. Sem dúvida nenhuma aquele homem não era humano. Devia ser um golem ou algo similar, alguma espécie de construto, sem dúvida. Talvez até mesmo um robô. Seria interessante ter um servo robótico para carregar coisas pelo laboratório, sem dúvida.

Foi ouvindo toda a história e descrição de Max pelo caminho. Diferente da maioria das pessoas que funcionavam como ele funcionava, West efetivamente gostava de lidar com pessoas tagarelas – bem, quando ele era obrigado a lidar com pessoas, ele preferia que elas fossem tagarelas. Era mais fácil. Pessoas tagarelas estavam sempre falando, logo, ele tinha que falar menos – e tendo que falar menos, ele tinha que se preocupar menos em não magoar sentimentos de ninguém, em falar de forma que leigos pudessem entender, enfim. Era só mais fáicl ficar em silêncio e acenar a cabeça. Claro, plutõnio. Sim, interessantissimo. Por favor. Continue.

Quando finalmente entraram no lugar, ele observou em volta com cuidado e atenção, meneando a cabeça, fazendo “hmms” aqui e ali. Ficou nisso, andando por todo o lugar, por quase cinco minutos. Até que voltou e parou em frente ao Dr. Max.


“ - Acho que será perfeito, Dr. Max. Obrigado.”
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Mensagem por The Oracle Ter Ago 16, 2016 10:20 pm

- Excelente! EXCELENTE! Bem, irei lhe dar alguma privacidade agora, para arrumar suas coisas. Se alguma força bruta for necessária, Frank poderá ajudá-lo. Quando tiver terminado, venha até mim. Apesar do avançado da hora, há algo que quero lhe mostrar, que creio, o interessará bastante - voltando-se para o imenso homem - Frank, se nosso novo colega precisa de alguma ajuda, não se acanhe.

Frank apenas maneou a cabeça, e se postou do lado de fora da sala, braços cruzados, assoviando.

West tomou seu tempo arrumando o que precisava ser arrumado. Por sorte, o carrinho no qual repousava Elisa e seu maquinário era um aparelho bastante engenhoso, com uma funcionalidade similar à de uma pequena empilhadeira, assim, sendo capaz de depositar a pequena caixa no chão. Tudo estava em ordem ali. Após o terceiro check-up do conjunto, conseguiu ter razoável certeza que a viagem não a havia afetado.

Não contou quanto tempo passou naquilo (um relógio de parede poderia ser um bom apetrecho para seu novo espaço de trabalho), mas poderia dizer que ainda era noite. Quando deixou a área da sala-limpa, Frank estava no mesmo local. Aparentemente, na mesma posição... Ele apenas acenou com a cabeça, ao perceber que sua ajuda não seria mais necessária, e se retirou para um canto escuro do armazém. O Dr. Max era visível. Trabalhava junto à máquina no centro do armazém. Ela estava "desligada", aparentemente, já que a aquela estranha formação de "plasma" não estava ali. O velho doutor passeava pelo centro da coisa, com seu Google Glass no rosto, e algo que parecia um contador Geiger numa das mãos, aparentemente escaneando os componentes da bizarra máquina, e fazendo anotações num bloquinho. Ao ver West, retirou os óculos, pôs o aparelho no cinto, o bloquinho no bolso, e veio ao encontro dele. Quando falou, tinha um tom mais sério do que antes.

- Venha, rapaz. Está na hora de você ver a razão principal que me fez pensar que você gostaria de trazer seu trabalho para cá.

Sem esperar resposta, caminhou em direção à parede que ficava imediatamente atrás da bancada de trabalho, onde ainda jazia o óculos de West. Bem abaixo do banner com o encantador de serpentes, o Dr. Max simplesmente, atravessou a parede.

Um holograma, provavelmente. Sim, ao se aproximar, e olhando a "parede" bem de perto, era possível ver que sua superfície era regular demais. Artificialmente regular. Mas certamente, ele só havia notado isso porque estava procurando especificamente por algo fora do normal. West colocou sua mão, que atravessou a ilusão holográfica, e em seguida, também passou através da parede.

Aquela parede parecia pegar um dos lados do armazém de ponta a pota, criando uma espécie de "corredor" de uns três metros de largura, entre essa parede e uma das paredes externas do armazém. O holograma cobria apenas a passagem, mas de resto, a parede parecia bem sólida. Na verdade, sem saber o que procurar, qualquer um pensaria que aquela era a parede externa do armazém, e que não havia nada atrás dela. Provavelmente havia algum truque holográfico disfarçando a intersecção com o teto também, para enganar os observadores do lado de dentro.

Ali, naquele espaço confinado, fortes luzes pendiam do teto, e iluminavam uma longa sequencia de quadros-negros (daqueles no estilo de faculdades de exatas, que podem ser puxados para cima e para baixo), todos coalhados com uma infinidade de equações, gráficos e diagramas. Mas não era frente a estes que o velho se encontrava, mas sim diante de um grande quadro de cortiça. Quando West se aproximou, notou que o quadro era tomado por uma grande mapa do Maine e arredores. Havia também uma infinidade de tachinhas, marcando pontos, e barbantes coloridos ligando várias dessas tachinhas. Algumas delas pregavam no mapa papéis com números simples. Nas partes laterais do grande quadro, fora do mapa, haviam dezenas de recortes de jornais, páginas da WWW impressas, e alguns papéis manuscritos. Estes papéis tinham números, que pareciam corresponder aos números no mapa. Havia pelo menos 50. Eram notícias, panfletos, relatos, e alguns blogs. Todos eles pareciam girar em torno de um mesmo assunto. Um assunto estranho. West passava os olhos por algumas delas, quando Max começou a falar.

- Eu fiz um filtro prévio. Algumas notícias eram, de fato, ridículas. Estas ocorrências são as que passaram por este filtro prévio. A mais antiga data de 1912, e a mais recente é de 11 meses atrás. Ainda que 90% delas sejam mentiras ou erros de observação, os 10% restantes ainda seriam estatisticamente relevantes. Mas o que me leva a ter maior crença na veracidade de pelo menos uma parte significativa destes relatos, é que foi feito esforço sistemático, ainda que sutil, para ocultá-las. Algumas delas foram tiradas do ar ou sumiram das redações dos jornais, e só as consegui graças a alguns contatos nos Adeptos da Virtualidade. Outras, principalmente as de internet, foram alvo de campanhas de ridicularização. Acho que chamam isso de "trollagem", hoje em dia. Geralmente por usuários que não postam muita coisa, exceto essa ridicularização, e saídos de IPs anônimos e irrastreáveis. Quem fez esta análise não fui eu, mas meus amigos Adeptos, mas tudo indica o modus operandi da Nova Ordem Mundial, ou, pelo menos, de algum outro grupo organizado, que ativamente quer que essas notícias não se espalhem. A maioria delas se concentra no norte do estado, notadamente num raio de 200 km de uma cidadezinha chamada Ludlow. Eu pensei em me instalar lá, mas Portland oferecia uma estrutura melhor, e a distância até lá é curta. Além disso, aqui fica mais fácil de ocultar este interesse específico. Se estão apagando notícias, pode ser que queiram apagar curiosos também.

As notícias e discussões, todas, tinham um mesmo tema. Só o fato de haver tantas com esse mesmo tema estranho já seria algo a se notar. Que estivessem todas na mesma base territorial, era mais estranho ainda...

Alguns títulos saltavam aos olhos:

"Touro premiado, abatido por engano por caçador, é visto vivo e bem, na fazenda do dono"


" - Meu cunhado bateu em minha porta. O enterro dele havia sido no dia anterior - disse a suspeita aos policiais"


"Vítimas sobreviventes fazem retrato falado de assassino - É idêntico ao falecido Samson - dizem testemunhas"


"O diabo está entre nós! Mortos voltam a andar nas ruas da cidade. As trombetas soam! O fim se aproxima! Aceitem a Jesus como seu Salvador!"


"Véio! Vi ontem o cara que morreu de overdose na minha escola semana passada! Ele tava andando na minha rua! Quando chamei o nome dele, o cara saiu correndo! SINISTRO!"


"Criança é atacada por seu cachorro, e morre a caminho do hospital - O cachorro tinha morrido há três dias! Ele deve ter achado outro igual na rua - diz a mãe"

Todas elas falavam de animais, ou pessoas, voltando à vida.
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Mensagem por Dr. Faust West Qui Ago 18, 2016 12:38 pm

Força bruta não foi necessária, nas horas que se passaram. Com muito cuidado e muito esmero, Faust, antes de qualquer coisa, depositou Eliza em seu lugar no laboratório. Havia decidido por alocá-la no canto mais distante das portas, seu tubo em tal posição que garantia que ela pudesse enxergar todo o espaço. É claro, ela não podia enxergar. Mas vê-la ali, flutuando, plácida e eterna, como uma guardiã silenciosa sobre seus trabalhos acalmava West. Talvez – provavelmente – não fosse tanto sobre ela poder enxergar todo o espaço, mas sobre ele poder erguer os olhos e encontrá-la sempre que desejasse.

Começou a arrumar as outras caixas, mas entediou-se logo: o urgente era Eliza, era arrumá-la, aclimatá-la e conferir seus sistemas. Conferir os níveis químicos da solução em que flutuava, ver se tudo estava corretamente ligado, se todos os sistemas estavam funcionando e se os níveis das baterias eram o suficiente para durarem até ele saber se qualquer tomada do armazém sustentaria a energia necessária ou se precisaria de alguma linha de tensão específica. O resto, provavelmente iria desencaixotar e arrumar somente enquanto fosse precisando usar. West não era o cara mais organizado do universo.


Tubo-Eliza:

O tubo era alto, beirando, ao todo, seus três metros de altura – cerca de dois eram realmente um tubo de vidro transparente, no qual, flutuando placidamente em liquído translúcido, estava uma bélissima mulher, como que dormindo, trajada em um vestido de verão simples. Elisa não tinha fios ligados a ela, nem nada. Pequenas bolhas subiam pelo liquído constantemente, mas ela mal se movia – e o tanque devia ser iluminado por dentro por algum tipo de luz, que pintava toda a imagem num tom suave e calmo de azul: que contrariava diretamente o aspecto quase caótico que já começava a tomar conta da organização do lugar, sob tutela de West. O outro um metro da estrutura referia-se ao painel que, vindo do chão, oferecia alguns botões, um painel de reconhecimento da mão de West, etc.

O mago parou frente a mulher e sorriu para ela, depois de conferir tudo tantas vezes. Tocou o tubo com os dedos, e suspirou sutilmente. De súbito, sentia-se tão mais calmo. Tão mais em paz.

Moveu-se para fora, selando as portas, e parou ao lado de Frank, observando-a em sua estática estranha. West ainda estava vestido exatamente da mesma forma – calça e camisa social, sapatos lustrosos de ponta quadrada, gravata e um colete. Mas a gravata estava mais solta, e as mangas arregaçadas até os cotovelos de seus braços finos.

“ - Você não é humano como a maioria dos humanos consideraria um estado de humanidade, é, Frank?” – perguntou, na mais pura curiosidade cientifica, vazia de julgamentos de qualquer tipo.

[…]

“ - Você está tentando trazer alguma coisa para cá….” – perguntou, indicando o maquinário levemente ameaçador que parecia ser constituído de tantas armas coom a cabeça. “ - Ir para lá… Ou as duas coisas?” – quis saber Dr. West, ao mesmo tempo que anunciava sua presença, para tirar Dr. Max do tão íntimo transe que todo cientista podia entender.

Mas, quando Dr. Max falou, West limitou-se a acenar com a cabeça em silêncio, de forma afirmativa. Não fez menção de pegar seus óculos, não precisaria deles agora – agora era a hora, ao que ele compreendia, que finalmente saberia de que forma era esperado que pagasse seu aluguel. Seguiu-o, como se fosse máquina, e parou frente a parede ilusória. Tinha um sorriso muito, muito sutil nos lábios – um sorriso de agrado. Devia ter pensado num mecanismo como aquele antes, para si mesmo, em seus outros refúgios. Era muito esperto, e provavelmente ismples de fazer. Seria só… - e parou a si mesmo, piscou, sacudiu a cabeça de leve. Foco, West! Foi-se atrás de Dr. Max, então.

“ - Eu não sou o único entusiasta de Dr. Who, então.” – comentou, ao surgir do outro lado. “ - It’s bigger on the inside.” – acrescentou, citando a tão clássica frase sobre a Tardis, mas referente, agora, ao armazém. Talvez pudesse construir uma Tardis que viajava para a Umbra Negra, aliado as técnicas inter-dimensionais que Max parecia possuir….

… Mas logo sua atenção foi desviada, e Dr. Faust West foi obrigado pelo espaço a silenciar-se por completo. Quando você tinha tamanha quantidade de dados – e dados interensantíssimos, valiosíssimos! - o atingindo por todos os lados, você simplesmente não fala. Você absorve. Ele sequer olhava para Dr. Max – e corria, até mesmo, a chance de ser indelicado: havia começado a andar por ali, olhando tudo, encostando em tudo, os olhos brilhando com a intensidade de um homem possuído. Era curioso, até. Não era simplesmente interesse científico. Era… devocional. O brilho nos olhos de Dr. West era o brilho do furor religioso, da entrega absoluta e inquestionável. Ele escutava Dr. Max, claro… Mas não parecia estar fazendo-o. Parecia ter esquecido completamente de onde estava, enquanto olhava e estudava, de forma superficial, todos aqueles dados.


E então, depois de quase dois minutos de silêncio absoluto, ele começou a falar.

- Esse raio geográfico que você delimitou é primordial.” – disse. “ - Curiosamente, é uma das poucas regiões do país com uma presença quase nula de voudon e outros cultos que se interessam por zumbis e outras formas de necromancia. Muito pelo contrário, na verdade. Se não me engano a perspectiva dos nativos e outros praticantes de religiões primitivas da região quanto aos mortos e seus ancestrais é uma perspectiva de veneração distante, muito menos participativa e muito menos interessada em retorná-los a qualquer aspecto de materialidade. Eu diria mais: eu diria que qualquer interesse do tipo seria severamente censurado. – decretou, movendo-se. “ - Mais ainda, não há nenhum padrão de comportamento nos re-erguidos. Isso apaga qualquer possibilidade de origem relacionada a cultos ou “magia negra” – e fez aspas enormes no ar, referindo-se, obviamente, a magia estática.

Parou em frente ao mapa, afastando-se um pouco ao inclinar o tronco para trás, observando os números e observando as notícias por mais um instante.

Ele mordeu o lábio inferior, o canto. Era quase possível enxergar os pensamentos se formando em sua mente, as informações se conectando.

“ - Eu preciso de acesso aos dados desse caso do ano passado em Ludlow e todos as fichas médicas relacionadas que você tenha acesso. Assim como localização dos cadáveres que não foram queimados. E dos próprios cadáveres, se puder.” – falou. Coçou o queixo e então, de súbito, arrancou da parede a notícia sobre o circo e esticou-a para Dr. Max.

“ - Me diga que você já entrou em contato com eles.” – pediu-a, como quem se recusa a acreditar que uma ação de tamanha obviedade poderia ter sido ignorada. “ - Eu tenho uma teoria. Mas preciso confirmá-la. Mas tudo indica que...” – e franziu o cenho, voltando os olhos novamente para o quadro e para os números. Inclinou-se para frente, fazendo uma lista mental de todas as cidades em que houveram casos nos últimos cinquenta anos.



“ - Você por acaso tem um banco de dados estatístico sobre atividade tecnocrata, Dr. Max? Algo me diz que teremos atividade mais elevadas nessas cidades nos períodos em que esses corpos foram encontrados. Ou uma súbita queda em atividade. De qualquer forma, alguma espécie de anomalia estátistica comportamental.” – acrescentou.
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Mensagem por The Oracle Dom Ago 21, 2016 1:05 pm

Frank virou-se na direção de West, quando este lhe dirigiu a palavra. Sua postura com os braços cruzados sobre o peito, junto com suas dimensões massivas, poderiam lhe dar a aparência padrão dos tantos capangas da Máfia que ele já havia tratado (por sinal, aqueles homens tão grandes e brutos, ironicamente, choravam como criancinhas ao se encontrarem feridos. E a maioria tinha pavor de agulhas). Todavia, seu rosto era bem barbeado, sua expressão, jovial, e seus olhos não tinham aquela obtusidade bovina que West se habituara a ver em seus pacientes. Apesar disso, os olhos eram estranhos, de uma forma que West, por agora, não saberia definir em palavras.

Ao ouvir a pergunta, ele lançou a cabeça para cima, e gargalhou. A gargalhada parecia bastante humana, sem nenhum tom robotizado na voz. Talvez um pouco exageradamente alta e grave, mas normal. E disse:

- O sr. está certo. A maioria dos humanos não me classificaria como "humano". Maiores detalhes podem ser obtidos com o Dr. Max - e então se retirou para uma parte escura do armazém.

__________________________________________________________

Ao ouvir a pergunta de seu colega, o velho doutor retirou seu Google Glass, fez uma última anotação em seu caderninho, e falou, com uma certa seriedade:

- É uma porta, rapaz... Quando aberta, o que está aqui pode passar para lá, e vice-versa. O problema é que nem tudo o que pode vir do lado de lá é agradável ou confiável. Muito pouco o é, na verdade. Todo cuidado é pouco. Se algo escapar daqui, e ganhar o mundo, será responsabilidade minha, e não estou mais em idade de sair por aí caçando coisas, hehehe - nisso ele ergueu a cabeça, e continuou, de olhos bem abertos, como se agora falasse de um assunto muito interessante - Nossos colegas das demais Tradições... O conhecimento de alguns deles sobre os habitantes do outro lado é algo a se admirar. Entretanto, penso que este conhecimento, acumulado por eras, os deixou incautos. Pense, por exemplo, neste recente grupo terrorista, ISIS. Ele é claramente um inimigo da maioridade do mundo Adormecido. A União Tecnocrática, é claramente um inimigo para nós, Tradicionalistas. Os Nephandis são claramente um inimigo para todos nós. Mas todos estes inimigos são humanos. Têm necessidades e aspirações humanas, e pensam como humanos. Ainda que possam ter visões e métodos distorcidos ao extremo, do nosso ponto de vista, eles ainda são humanos, e podemos compreendê-los, mesmo repudiando o que fazem. Mesmo os Desauridos... sua loucura tem bases humanas, pois suas mentes já foram perfeitamente humanas. Já algumas coisas que estão do outro lado... elas nunca foram humanas. Não existe razão para imaginar que possamos compreender, ainda que remotamente, suas motivações e o modo como suas mentes trabalham. E ACHAR que podemos compreender isso é uma armadilha das mais perigosas.


Ele balançou pesarosamente a cabeça, e então convocou West a ver o que tinha para mostrar.


__________________________________________________________

O Dr. Max ouviu com atenção as ilações de West sobre cultos e religiões, com o cenho franzido. Não parecia conhecer fortemente do assunto, ou então, disfarçava bem. Não falou até West ter terminado, quando então, pigarreou, e disse.

- Eu fiz um telefonema para a polícia de Hamlin. Foi a última cidade em que o circo foi visto. O xerife local disse que eles estavam parados nos arredores da cidade, mas não abertos a espetáculos. E numa madrugada, se foram. Segundo ele, os rastros indicavam que adentraram mais o território americano, mas ele não saberia dizer para onde foram. Porque ele se importaria?


- A atividade Tecnocrata, talvez alguém tenha monitorado isso... Note, a região não é de grande interesse para qualquer Tradição, então, isso é só uma possibilidade. Tenho alguns contatos, que talvez tenham alguma informação, e certamente podemos ver com os demais magos seniores da cidade. A Ordem de Hermes deve empenhar algum esforço nesse tipo de monitoramento, bem como os Adeptos, mas eu não poria muita esperança nisso, jovem. Os Tecnocratas, via de regra, são bastante sutis. Eventos chamativos, como a Noite do Desespero, são raros. Era assim quando eu estava lá, e duvido muito que tenha mudado nestes anos.


- Já sobre os cadáveres ou registros médicos, bem, isso terá de ser trabalhado... Eu não busquei qualquer um desses dados. Primeiramente, porque minhas habilidades nas ciências biológicas são bastante restritas. Os registros não me diriam nada, e eu nem saberia o que fazer com um cadáver, a não ser verificar se eles emanam algum tipo de radiação, ou manifestam alguma anormalidade quântica. E justamente por isso, pelos poucos dados que obteria, os riscos se mostraram maiores do que os benefícios que poderiam ser alcançados... Creio que precisamos falar sobre onde estamos, rapaz. E falar dos riscos que uma ação pouco cautelosa pode trazer. Se você vier a morrer, isso não trará nenhum benefício a você, ou Elisa.

E então, o Dr. Max atravessou mais uma vez a parede holográfica, se retirando para uma mesa no armazém, onde se sentou. Mas antes, abriu um pequeno armário, retirou duas garrafas, e dois copos.
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Mensagem por Dr. Faust West Qua Ago 24, 2016 11:50 am

Spoiler:

As respostas que Dr. West conseguiu naquela noite - até o momento, isto é - iam todas sendo anotadas em sua mente, pouco a pouco, uma atrás da outra. Não era como se ele realmente pudesse fazer alguma coisa, naquele instante, com relação a polícia de Hamlin, possibilidades de contatos com a Ordem de Hermes para se estudar o monitoramento da atividade Tecnocrata, enfim... 


... Mas sem dúvida nenhuma poderia fazer algo depois. Talvez ainda naquela noite. Ele não dormia muito, de qualquer forma. E, também, Dr. Max parecia ter coisas mais importantes em mente do que discutir sobre aquele caso. Ele parecia querer discutir sobre onde estavam - o que, West concordava, era importante. Mas houve um sorriso muito sútil - um sorriso inegavelmente arrogante, talvez um pouco confiante demais, quando veio o "Se você vier a morrer."

Claro, ele podia morrer. Mas Dr. West acreditava que seus conhecimentos sobre o outro lado já eram grandes o suficiente para crer que poderia voltar. Ou ao menos chegar perto disso. Ele havia ouvido histórias sobre os Reerguidos - sonhava as vezes em conseguir achar um deles de verdade, ao vivo e em cores, para estudar. 


[...]

Já do outro lado do holograma mais uma vez - ainda que Dr. West tenha hesitado um pouco em deixar aquela sala, em abandonar aquelas informações, ele procurou Dr. Max com os olhos. Encontrou-o na mesa e suspirou. Ele queria... bater papo?

Aproximou-se em silêncio, e sentou-se. 

" - Isso mata neurônios." - argumentou. " - Eu ainda não consigo ser tão específico nas minhas re-animações para re-animar neurônios."
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Mensagem por The Oracle Qua Ago 24, 2016 3:45 pm

Max se servia de uma dose de gin de uma daquelas garrafas. A outra tinha um daqueles bicos que soltam misturas sob pressão, e dele, misturou no copo um líquido gaseificado que, pelo cheiro, deveria ser água tônica ou soda. Não serviu o copo de West, mas empurrou as garrafas em sua direção, e deu um grande gole de seu copo. Parecia estar molhando a garganta para falar um bom tempo. Ao ouvir o argumento de West sobre a bebida, sorriu, e disse:

- Sim, você está correto. Mata neurônios, mas na dose certa, relaxa o corpo e liberta a mente de certas amarras. O abuso é bastante prejudicial, mas se libertar das amarras estritas de uma mente perfeitamente racional é muito benéfico, de tempos em tempos. Nos ajuda a ver mais longe. Saber muito pode ser uma armadilha, meu jovem. Te abre os olhos, mas também te põe antolhos. Por isso, mantenho aquilo sempre em vista - disse, apontando para o banner com o encantador de serpentes. Continuou - de qualquer forma, se abusar um pouco do álcool, e isso me custar uns neurônios, sempre posso me tratar com a Sra. Jeanette. Em nosso último jantar, passei um pouco da conta, e ela me serviu uma beberragem amarga qualquer. Aquela coisa me tirou da embriaguez quase que instantaneamente, e no dia seguinte me senti tão lúcido quanto um homem pode se sentir. Diz ela que era uma infusão de ervas, alguma bruxaria qualquer. Deveria ter pedido uma amostra para análise, mas isso não me ocorreu no momento.

- Mas voltemos ao tema da situação local, e dos riscos potenciais que envolvem nossa atuação. Você deve ter ouvido sobre os episódios de ataques terroristas em Portland, há coisa de uns seis meses, não? Na época, a mídia apelidou o evento de Noite do Desespero. Agora a notícia já perdeu o impacto, e está sendo esquecida, o que é justamente o que os asquerosos da NOM querem. Pois bem, todas as evidências indicam que aquilo não foi um ataque terrorista, mas sim um pogrom: um extermínio generalizado e planejado, lançado numa determinada área pela Tecnocracia. Muitos dos magos locais pereceram naquele dia, e houve, claro, dano colateral em não magos. Operações desse porte sempre têm algum dano colateral.

- A questão é: pogroms são eventos bastante raros. Os custos de uma empreitada dessas, a chance de perda de agentes e patrimônio, a imprevisibilidade dos efeitos colaterais, e o extenso trabalho para se encobrir as ações da mídia, fazem com que dificilmente valha a pena lançar uma operação dessa escala. E todavia, aparentemente, um foi lançado aqui em Portland. Não em Vegas, Nova York, Londres, Bagdhá, ou Nova Delhi. Em Portland. Isso é absurdamente estranho. Ou alguém na cadeia hierárquica cometeu um erro muito grave, ou então algo que a União considerava de grande importância estava acontecendo por aqui. E eu não faço, ainda, nenhuma ideia do que pode ter sido.

- Mais curioso ainda: não tivemos notícias sobre atividade tecnocrata nesses seis últimos meses. Executar um projeto da magnitude de um pogrom, e depois sumir? Não parece do feitio da União. Isso, e o esforço feito para ocultar algumas daquelas notícias que você viu no quadro, me faz pensar que talvez sejam eventos com alguma ligação. E me faz pensar que a União talvez ainda esteja de olho nesta região. E se eles mobilizaram recursos para um pogrom, mandar um HIT-Mark atrás de bisbilhoteiros parece pouca coisa - sacudindo o dedo indicador no ar, ele completou - temos que ser mais espertos que eles, rapaz. Isso não é impossível, nem mesmo difícil. A União é menos organizada e vigilante do que gosta de nos fazer pensar. Mas devemos, sem dúvida, ser cuidadosos. O prêmio está por aqui, pronto para ser descoberto, mas temos que estar vivos para pormos as mãos nele.

- Além da Tecnocracia, temos a questão dos nossos vizinhos. Não sei se está familiarizado com a existência de metamorfos, mas eles existem. Esta região é particularmente tomada por metamorfos-lobo, lobisomens, se preferir. Ah... o assunto é extenso - disse ele, tomando mais um gole - são criaturas fascinantes. Por muito tempo, eu quis dissecar um deles, e estou certo que você se interessará também. Eles tem características fascinantes que se relacionam com ambos os nossos campos de pesquisa. A velocidade com que regeneram tecidos danificados é assombrosa. Certamente são monstros bem duros de se matar. Mas o que eu considero mais fascinante é sua capacidade inata de cruzar a barreira entre os mundos. Acredita que eles, sem precisar de rituais ou equipamentos, conseguem atravessar a Película e penetrar na dimensão umbral? É ABSOLUTAMENTE impressionante! Minhas mãos coçam para estudar um espécime, sempre que penso na assunto. Mas devo refrear essa ânsia, pois pisar nos calos deles não seria uma boa ideia. De uma forma geral, eles vêem magos como estupradores de nodos, seja lá o que isso queira dizer. Enfim, eles não confiam em nós, se irritam fácil, e quando se irritam, você tem sobre você 300 kg de músculos e garras, que não tem nenhum escrúpulo em te fazer em pedaços, e que pode te farejar em qualquer lugar que você tente se esconder. Ah, e eles andam em bandos, como lobos.

- Não estou dizendo que a convivência seja impossível. Uma das magas seniores que há na região, uma Oradora chamada Dança-com-Lobos, tem alguma ligação com os lobisomens da área. Com a ajuda dela, e não nos metendo nos assuntos deles, temos convivido sem maiores problemas. Mas claro, isso implica não dissecar lobisomens. Ou pelo menos... - e nisso se curvou para frente, como se segredasse - não de uma forma que eles possam descobrir que dissecamos...

- Esta possibilidade de conseguir um... espécime para pesquisa, foi um dos muitos fatores que me fizeram instalar o laboratório aqui. Eles têm outra utilidade para minhas pesquisas dimensionais: aparentemente, suas crenças supersticiosas os fazem acreditar que estão em alguma missão para resguardar a realidade do que eles consideram "corrupção" e seus agentes. Em termos práticos, eles têm o hábito de eliminar alguns dos habitantes mais perigosos das outras dimensões. Uma área com muitos lobisomens tem uma Umbra mais segura, podemos colocar dessa forma. E isso é bom para os meus trabalhos, e também para os seus, imagino.

- Por outro lado, a presença deles pode também ser um entrave à livre busca de evidências. Veja bem, eles possuem uma cultura supersticiosa e tradicionalista, e são muito protetivos com seus segredos. Aquele típico comportamento de fanáticos, que vêem inimigos em todo lugar. Pois bem, uma vez, em uma conversa com esta xamã que citei, ela aconselhou a ficarmos longe do Baxter State Park, um parque nacional há uns 300 km daqui. Dança-com-Lobos é uma jovem encantadora e honesta, eu a admiro sinceramente, mas ela é péssima em subterfúgios. Pelo tom veemente que ela usou, apostaria um braço que os lobisomens se reúnem naquele local. Apostaria até que eles tem um nodo ali. E Baxter fica bem dentro daquele raio de 200 km de Ludlow. Apostaria, ainda, que eles sabem de algo, e que provavelmente têm tabus religiosos a respeito desse algo. Algo que pode ser descoberto, mas de uma forma que não faça eles te despedaçarem. Não conseguiríamos resistir se eles resolvessem guerrear conosco. Têm a vantagem dos números, da força bruta, e também do conhecimento do terreno. Nós temos apenas a vantagem da esperteza. É ela que precisamos usar.

- Creio que me alonguei, mas isso é porque PRECISO deixar muito, muito claro, os riscos a que estará exposto, quando for fazer seu trabalho de campo. E acredite, há muito trabalho de campo a ser feito. As evidências estão por aí, esperando ser encontradas. Mas faça com cuidado. Preferencialmente, que ninguém saiba o que você busca. Como dizem os prestidigitadores, a primeira condição para fazer a mágica funcionar, é ser o sujeito mais esperto na sala. E você é esperto, rapaz. Nós dois sabemos disso.

- Uau, vou me servir de mais um pouco, pois minha garganta secou. Aproveite essa pausa para quaisquer questões que queira levantar. Em seguida, falaremos de nossos companheiros tradicionalistas da área. Não duvidaria que alguns deles também soubessem de algo que não estão falando...
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Mensagem por Dr. Faust West Ter Ago 30, 2016 11:28 pm

" - Você é a serpente, iludida pela música do saber, ou o encantador, acreditando controlar o que lhe é fatal?" - perguntou Dr. West, diante da referência ao poster do encantador de serpentes. ELe havia percebido aquilo antes, havia achado interessante, e aquela lhe parecia a ocasião perfeita para perguntar sobre. Sobre todo o resto do argumento de Dr. Max, ele achava que o homem estava iludido - mas Faust havia desistido de tentar provar para as pessoas que elas estavam erradas. Ok, talvez não "desistido" - ele ainda se divertia em fazê-lo ocasionalmente e ver seus olhos piscando, confusos e perdidos, como uma toupeira a ver o sol pela primeira vez. Mas não gastava a energia em fazê-lo mais, na maior parte do tempo. Consequência da experiência magika, eu, inocente narrador, suporia. 


Mas Faust limitou-se a acenar com a cabeça, deixando que Dr. Max guiasse a conversa para onde desejava. Nitidamente, acreditava o necromante, era importante saber onde estava se metendo. Precisava conhecer mais sobre a situação da máfia no local - quem eram os contatos de confiança, que regiões da cidade eram seguras, quais ele deveria evitar por serem território da concorrência; e também precisava conhecer sobre o cenário do hyper-real local. "Hyper-Real" ou "Hyper-natural" era como ele havia passado a chamar tudo o que existia comprovadamente dentro do escopo do que a maioria das pessoas chamaria de "sobrenatural" - afinal de contas, 'sobre' implicava numa existência além da naturalidade, o que não era o caso. Acenou afirmativamente com a cabeça, e deixou que Dr. Max seguisse. As vezes - como na referência a "Noite do Desespero", ele acenava com a cabeça em confirmação. As vezes, seus olhos moviam-se em direção a sua sala no armazém, como se comunhando com a esposa através de paredes e vidros. Na maior parte do tempo, tinha os olhos tão fixos e tão imóveis em Max, seu corpo tão parado, que não fosse o ritmo discreto de seu peito movendo-se em sua respiração, Dr. Max poderia achar que Faust havia morrido. 


" - Hm." - interrompeu Dr. West, quando Dr. Max começou sua frase sobre 'além da Tecnocracia'. " - Talvez esse seja o momento em que eu deva informar que cerca de um mês antes de ser contatado pela Sociedade do Ether, eu acredito ter sido abordado pelos Progenitores da União. Como você deve imaginar, eu não sou capaz de provar. Mas a forma como a abordagem foi feita... Não sou um homem de apostas, mas poderia apostar." - afirmou.   " - Parece uma informação relevante, considerando o cenário. - e denunciava um certo interesse Tecnocrata em sua linha de pesquisa, o que sem dúvida dialogava com a questão que havia lhe sido apresentada atrás da falsa-parede de Dr. Max. Mas essa pequena informação era mais uma pista do que uma informação real, e Dr. West não se sentiu compelido a dividir. 

Esperou que Max continuasse e abordasse a questão sobre os "nossos vizinhos", como se houvesse simplesmente comentado que encontrara um colega de faculdade no mercado. 

Acenou afirmativamente com a cabeça, sobre os metamorfos, mas ouviu em silêncio. O conhecimento de Dr. West sobre aquelas criaturas era extremamente limitado - conhecia apenas algumas questões aqui, algumas características ali. Preferia não expor sua ignorância, e absorver as coisas que Dr. Max lhe falava - podia usá-las e ir cruzando com as informações que tinha para, assim, criar uma linha de base mental sobre quais das coisas que sabia eram mais provavelmente verdadeiras, e aí sim falar sobre o assunto com o ar de autoridade que tanto gostava. 

" - Interessante." - afirmou, sobre a Umbra. " - Minha pesquisa cruzou com a existência dos metamorfos muito brevemente, quando eu soube que alguns deles podiam voltar a vida depois de serem mortos, mas o faziam em uma espécie de estado alternativo de consciência, extremamente violentos..." - comentou. Era interessante, por quê West parecia estar sempre anotando tudo em algum bloquinho. Mas ele não tinha um bloquinho, e suas mãos estavam calmamente postas sobre as próprias coxas, imóveis. 

Ele moveu a cabeça brevemente, pensativo sobre toda aquela questão dos lobisomens. O fato da Umbra ser mais segura em sua presença era interessantíssima. " - ... Sabe se estes lobos tem alguma relação com a Umbra Negra?" - perguntou.
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Mensagem por The Oracle Qui Set 01, 2016 11:06 am

Ao ouvir sobre as suposições de West sobre a imagem do encantador de serpetes, Max lançou a cabeça para cima e gargalhou. De uma forma muito similar a Frank, por sinal. Ou talvez Frank risse de uma forma similar a ele. Não era uma gargalhada sarcástica nem nada assim, apenas divertimento mesmo. Em seguida, ele disse:

- Quem diria, rapaz, você parece não ser impermeável à poesia! Mas, apesar de boas e válidas hipóteses, não é exatamente isso que eu vejo naquela figura. O homem sem conhecimento observa o encantador de serpentes, e fica maravilhado como a música pode encantar o animal. Já o homem de saber, logo de cara, pensa: "cobras são completamente surdas", e sabendo que a música da flauta não poderia encantar a serpente, toma aquilo como alguma espécie de fraude. E os encantadores de serpentes foram tomados como fraudes por um longo tempo. Há literatura britânica do século XVIII explorando várias possibilidades, desde cobras com deficiência cerebral, até fantoches. O leigo acredita que o encantador comanda a cobra, e o estudado sabe que não comanda.

- Não obstante, o encantador comanda a serpente. Esse é o fato. Hoje, sabe-se que a serpente acompanha o movimento da flauta, sem nada importar a melodia. Entretanto, o conhecimento do sábio incauto o impede de ver isso. Afinal, oras, é uma flauta, um instrumento feito para fazer música, e o sujeito a está tocando de frente para a cobra. O que mais poderia ser além de música? Como é música, e as cobras são surdas, é uma fraude. Só que não é. A visão deste pesquisador é que é limitada.

- É preciso ter o cuidado de não permitir que aquilo que sabemos nos impeça de saber mais. Nada no universo precisa de nossa permissão, da permissão daquilo que achamos ser possível, para existir. É essa a lição que tento internalizar cada vez que olho para aquela figura.


Ao ser interrompido, Max ouviu com atenção o que seu colega falava sobre os Progenitores. Colocou a mão no queixo, com olhar pensativo, e após alguns segundos disse:

- Eu não acharia estranho que os Progenitores o tivessem contatado. Eles costumam "recrutar" já nas universidades, e como você se formou muito cedo e com louros, é quase certo que te observam desde aquela época. E provavelmente estavam apenas esperando seu período de luto passar, para contatá-lo. Entretanto, seu envolvimento com a morte e os mortos deve tê-los refreado, os feito esperar mais um pouco, observando. Há um dilema intrigante na Tecnocracia: muitos dos Tecnocratas seniores temem profundamente a morte. Prolongamento indefinido de vida não é algo que o Consenso ainda aceite, então, mesmo eles começam a ter problemas em viver por mais de 120, 150 anos. A alternativa seria viver em um Construto no Horizonte, mas essa vida não é satisfatória para muitos, e nem a Tecnocracia dispõe de recursos, ou quer, colocar seus agentes vivendo em estações espaciais, apenas porque eles não querem morrer. Uma boa parte desse medo, penso eu, advém do fato dos preceitos Tecnocratas negarem a maior parte das hipóteses de sobrevivência da consciência após a morte. Eles preferem nem mesmo pensar no assunto, ou adotar teorias abstratas e não-falseáveis, como "ecos quânticos de consciência", ou "simulacros meméticos complexos" que emulam a consciência de pessoas já falecidas, ou memória genética, se alguém cita reencarnação. Ou seja, eles acreditam que algo pode te imitar depois de morto, mas você mesmo, cessará de existir ao morrer. Mesmo diante deste bloqueio de crenças, é no mínimo... curioso, que tenham tentado te contatar, em um momento em que já era bem claro seu ramo de estudos. Certamente curioso...

Após alguns segundos mais, o Dr. Max balançou a cabeça, e retomou o que falava.


Quando West finalmente citou a relação entre metamorfos e a Umbra Negra, os olhos do velho doutor brilharam, e ele se aproximou mais, como se fosse contar um segredo. Aquele brilho no olhar parecia característico de quando ele ia falar de algo que REALMENTE o interessava.

- Há alguns fatores dos mais interessantes sobre essa questão. Há alguns anos, quando primeiramente desenvolvi equipamento que pudesse sintonizar e traduzir em estímulos físicos, as vibrações de outras dimensões, você pode imaginar que realizei muita pesquisa de obervação. Estava maravilhado com aquele novo mundo, então, passava dias e dias simplesmente andando por aí, observando a Umbra, e testando novas calibrações. Em uma dessas ocasiões... acho que eu estava no Novo México na época... bem, em uma dessas ocasiões, consegui ver um grupo de lobisomens na Umbra. Pelo menos, posso supor com certo grau de certeza que se tratava de metamorfos, pois envergavam sua forma intermediária, uma espécie de lobo bípede imenso, algo bastante assustador. Estava modificando calibrações das lentes naquele momento, então, vi também alguns espíritos de mortos inquietos por ali, juntamente com o lobisomem. O interessante era que eles não pareciam se ver, uns aos outros! Pode ser que simplesmente não tivessem o mínimo grau de interesse um pelo outro, mas realmente não era o que a cena denotava. Pareciam simplesmente não estarem cientes da presença uns dos outros. Consegui apenas mais uma vez observar estes dois tipos de espécimes juntos na outra dimensão, mas o resultado foi o mesmo. Isso me levou a pesquisar mais a respeito ao longo dos anos, e apesar de minha teoria estar longe de completa, a base dela é a seguinte: estas criaturas, apesar de ambas presentes na dimensão espiritual, estão funcionando em frequências vibracionais diversas. É como se houvessem duas Umbras, se sobrepondo, da mesma forma que se sobrepõe ao mundo físico. E se há duas, quantas mais podem haver? Quando nossos colegas tradicionalistas falavam sobre Umbra Baixa, Umbra Média e Umbra Profunda, eu sempre pensava em termos de distância ou posicionamento, mas não. Creio que o mais adequado seria falar de muitas realidades sobrepostas, em diferentes níveis vibracionais, mas creio que nem os xamãs conseguem visualizar dessa forma.

- E as criaturas que conseguem permear estes diversos níveis vibracionais, elas podem guardar as chaves desta pesquisa... Assim, respondendo a sua pergunta, não sei dizer se os metamorfos tem algo com a Umbra Negra. Talvez seja uma realidade alienígena para eles, mas talvez tenham algum conhecimento a respeito. Uma fonte válida de pesquisa.


- E talvez nossos colegas das demais tradições saibam de algo também. Eles pesquisam isso há eras. Isso nos leva ao assunto dos demais magos de Portland...
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Mensagem por Dr. Faust West Qua Set 07, 2016 6:19 pm

Franziu o cenho. É claro que não era impermeável a poesia. O motivo por trás daquela confusão tão comum às pessoas - aquela que dizia que alguém precisava se envolver em sentimentalismos basais para apreciar ou compreender as artes sensíveis - não lhe escapava em completo, mas era quase ofensivo o fato de Dr. Max potencialmente achar que ele - Dr. Faust West! - poderia, em alguma instância, ser incapaz de compreender ou acessar algum ramo do saber. 

Atentou-se, entretanto, a explicação que lhe era dada. O cenho franziu-se mais, mas, desta vez, em compreensão prazerosa. Aquilo, no fim das contas, fazia sentido. " - Permitir-se a surpresa." - resumiu, da forma que havia compreendido o conselho. 


Dr. West não se manifestou sobre a tecnocracia, mas demonstrou interesse contínuo sobre a questão dos lobisomens e sobre as informações que Dr. Max lhe passava a respeito dos próprios experimentos. Ele ficou daquele jeito que lhe eracaracterístico, anotando com a mente, semi-imóvel, decorando tudo o que podia decorar. A idéia de ver lobisomens pessoalmente era... empolgante, de alguma forma. Gerava uma apreensão prazerosa. Será que estavam mais próximos de que descrição dos filmes? Algo mais... Wolfman, ou algo mais Val Helsing? Mas a questão da forma como eles experimentavam a Umbra - ainda mais importante, a forma como eles ignoravam a presença dos mortos inquietos... Aquilo o decepcionou, tirando um suspiro frustrado de Dr. West.

Acenou com a cabeça.

Claro, magos em Portland. Teria gostado muito de ouvir "eles sabem entrar na Umbra Negra e se comunicar com seus habitantes, tudo o que você precisa é convencê-los".
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Mensagem por The Oracle Sex Set 16, 2016 10:47 am

- Bem, não sobraram muitos de nós - prosseguiu Max - a Noite do Desespero ceifou pelo menos uma dúzia de Despertos, além de acólitos e aliados, pelo que pude levantar. Talvez mais. As Tradições são curiosamente reticentes em falar a respeito de seus contingentes na cidade. Isso sem falar de quaisquer eventuais Órfãos, que não entram pras estatísticas.

- Na verdade... - Max agora se inclinava para frente, e falava mais baixo, como se segredasse, ignorando o fato de que apenas eles estavam ali. Quer dizer, apenas eles pareciam estar ali, ao menos - Isso é um mistério em si. Uma presença mágika tão forte, em uma cidade tão pequena e sem maiores atrativos... Mais um dos mistérios de nosso novo lar.

- Aqui havia, veja você, um Conselho local com magos sêniores de todas as Tradições, algo de que poucas cidades podem se gabar. O Eterita que sentava neste Conselho se chama Carlos Javier. O conhecia de uma ou outra palestra. Suas pesquisas se centravam em deformação espaço temporal. Você sabe: velocidade de dobra, buracos de minhoca, entrelaçamento quântico, essas coisas. Enfim, daquela Noite, sobraram na cidade apenas três magos: um casal formado por um Cultista e uma Verbena, e uma Oradora. Não sei dizer como eles fizeram para escapar do massacre, mas o fizeram, e agora, forçosamente, estão representando suas Tradições. A Noite do Desespero criou um vácuo, claro, que está sendo preenchido agora. Não era bem o meu plano, mas quando manifestei aos colegas de Tradição minha intenção de me estabelecer em Portland, eles logo vieram com o papo de "representar a Tradição", o que seria muito deselegante recusar. Pelo menos, a politicagem aqui ainda está num nível bem baixo, e espero que assim continue. E trás algumas vantagens. Os magos novos, por exemplo, vêm te dar um "oi" quando aparecem, e costumam te ouvir. É bom para coletar informações.

- Além de nós quatro, chegou também recentemente um hermético. A Ordem de Hermes parece muito interessada em colocar a comunidade mágika dessa cidade rodando novamente. Ele criou uma espécie de centro de apoio, inclusive: uma capela que, apesar de hermética, é aberta às demais Tradições. Eles têm um círculo de certame, alojamentos se você estiver perdido, vendem Sôrvo, essas coisas. Para mim, foi algo bem vindo. Em uma análise fria, a Tecnocracia provavelmente ainda está por aí, sem falar dos lobisomens. É importante que nos mantenhamos unidos. Nossas vidas pode depender disso.

- Existe um certo clima de desconfiança no ar. Note, há seis meses, nessa cidade, uma série de Despertos que se sentia perfeitamente encaixada e segura foi chacinada sem aviso. Não estranhe se os demais da cidade lhe parecerem um tanto paranóicos. Há motivos para isso. Melhor tê-los do nosso lado do que contra nós, pois, mesmo que não nos ajudem, só o fato de não atrapalharem já é um grande avanço. E acredite, magos podem te atrapalhar MUITO, se quiserem.

Max deu mais um gole de sua mistura, e prosseguiu.

- Algo importante, a ser feito o quanto antes, é levá-lo para conhecer estas pessoas. Pode parecer uma formalidade boba, mas, no nosso caso especialmente, é importante. Diferente de um xamã ou bruxa, podemos ser confundidos com Tecnocratas... e não duvido que haja por aí quem queira atirar primeiro e fazer perguntas depois. É interessante que eles saibam quem você é para evitar isso. O hermético, Willian, é especificamente alguém para se estar bem, dado os serviços e informações que ele pode prover. E a Oradora pode interceder caso você pise nos calos de algum lobisomem. Creio que deveríamos fazer estas apresentações amanhã mesmo.

- E, por fim, meu caro West, talvez você devesse considerar se juntar a uma cabala. Deve haver alguns magos jovens ansiando por isso na cidade. Você parece o tipo de homem que aprecia trabalhar sozinho, mas uma cabala trás algumas vantagens que não podem ser desconsideradas. Proteção é a primeira e mais óbvia. Segundo, uma aparência de normalidade: sua pesquisa ainda é cercada de tabus, e ter uma fachada de "normalidade", por assim dizer, é uma boa maneira de evitar atenção desnecessária. Uma compensação de nossa falta de habilidade em alguns campos é outro bom argumento para o trabalho em grupo.

- Mas o mais importante, eu digo - e virou o que restava no copo, gesticulando com o dedo em riste - e peço que me perdoe pelo emprego de evidência anedótica aqui, seria o seguinte: você deve ter notado que parece haver muito de oculto ocorrendo na história recente desta cidade. Coisas que não estão reveladas, e coisas que as pessoas não parecem querer revelar. Pois bem, eu sei, por experiência própria, que cabalas costumam "esbarrar" nessas coisas. Eventualmente, os objetivos daquele seu colega que parece um bronco com a cabeça cheia de superstições, podem lhe levar a uma descoberta que você não encontraria de outra forma. Os Avatares deles... nunca subestime aonde eles levarão um mago. Creio que você pode chamar isso de Destino, se quiser, mas matematicamente, você tem gamas maiores de possibilidades quando se abre a espaços amostrais maiores. Nós cinco, digo, eu, Willian, e os três magos sobreviventes, nós mesmos estamos negociando para formarmos uma cabala. Mas, as negociações tem sido... complexas.
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Mensagem por Dr. Faust West Ter Set 20, 2016 11:43 am

Conforme passavam suas horas em contato com Dr. Max - ainda que duas dessas houvessem sido gastas acomodando Eliza em seu novo lar, mais claro tornava-se para Dr. West que sua compreensão sobre o que havia sido a chamada "Noite do Desespero" era extremamente limitada. Enquanto Dr. Max começava a falar, West fez uma lista mental do pouco que sabia sobre o evento:

Definitivamente, longe de ser o suficiente. Tinha muitas mais perguntas do que certezas sobre ele, e algo lhe dizia que continuaria assim por algum tempo - na verdade, tinha a sensação que nem mesmo Dr. Max tinha muitas certezas sobre o que é que havia acontecido naquela noite, sobre as cadeias de eventos que haviam culminado naquilo. Fez uma breve nota mental, um lembrete de algum tipo: precisaria investigar mais sobre aquilo, quando tivesse a oportunidade. O que o lembrava de uma nota mental ainda mais antiga, referente a entrar em contato com um Engenheiro do Vácuo que havia jurado de pé junto ter inventado um energético que eliminava por completo a necessidade de dormir. 

Atentou-se as informações que ele começava a passar, mas interrompeu brevemente. " - Você tem os endereços? Me ajuda a mentalizar." - comentou, indicando a própria cabeça com o indicador. West não tinha a memória que tinha só por sorte na loteria genética, no fim das contas: sem dúvida aquilo havia ajudado bastante, mas ele tinha métodos, tinha formas e auto-trapaças. Por exemplo: havia tornado-se muito bom em visualizações. Ele tinha um mapa mental da cidade de Portland na cabeça, e se pudesse afixar as personalidades importantes da cidade em seus endereços, mais ou menos, lembrar-se delas e das informações em geral tornaria-se muito mais fácil. 

Independentemente do resultado, ele voltou a ouvir, acompanhando as coisas. Ficou satisfeito, principalmente, com a presença do Hermético. Dr. West tinha uma afinidade intelectual absurda pelo paradigma hermético - na verdade, acreditava que não fosse a abordagem dogmática deles em relação a seus métodos, ele provavelmente teria decidido juntar-se a eles, e não aos Eteritas em si. Mas, no fim, havia acreditado que estudar Alta-Magia entre os eteritas era menos problemático do que estudar Tecno-magia entre herméticos. " - Sem dúvida." - acrescentou, quanto a ser importante se manterem unidos. Voltou a ouvir.

Meneou a cabeça, afirmativamente, quando Dr. Max falou sobre o clima de desconfiança no ar. Era, é claro, um conselho discreto de "por favor não seja tão completamente anti-social a ponto de nos arranjar problemas". " - Não se preocupe, Dr. Max. Eu aprendi o suficiente sobre a necessidade de redes e sociabilidade dentro de qualquer agrupamento humano para não me excluir da comunidade magika local. Não terá problemas quanto a isso." - respondeu. 

Ele puxou o ar pelo nariz de leve, ouvindo falar sobre encontrar as pessoas. Até ali, tudo bem. O que o incomodou foi a idéia da cabala - principalmente porque, em termos lógicos e técnicos, fazia sentido perfeito. Era verdade e Dr. Max estava certissimo. Mas a idéia era tão, tão, tão incômoda...


" - Algum motivo em especial?"
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Mensagem por The Oracle Seg Set 26, 2016 5:52 pm

O velho doutor de fato tinha os endereços, anotados em um bloquinho que surgiu do bolso de seu jaleco. E pareceu satisfeito com o rumo da conversa, até que surgiu a questão da cabala. O Dr. Max ergueu um poucos as sobrancelhas ao ouvir a pergunta de seu jovem colega. Parecia não entender muito bem onde aquela inquirição queria chegar. Mas respondeu mesmo assim, com calma e pausa na voz:

- "Você diz algum motivo em especial, além de manter uma aparência de normalidade, ter outras pessoas que possam suprir habilidades mágikas que você ainda não tem, que possam vigiar sua retaguarda enquanto você coleta dados, e lhe dar outros pontos de vista quando seus olhos não estejam suficientemente abertos (e apontou para o banner do encantador de serpentes ao falar essa última parte)?"

- "Bom, para responder a esta questão, talvez você devesse se perguntar em o quanto é hábil com uma pistola, ou com os punhos, ou em convencer pessoas, ou em se guiar numa floresta, e imaginar se isso não fará com que obstáculos simples como uma gangue de rua, ou um burocrata chato, ou um local mais para dentro destas matas, se tornem barreiras consideráveis para você."

- "Você poderia também se perguntar se seu acesso aos conhecimentos sabidos e guardados pelas outras Tradições, será dificultado ou facilitado por estar associado a um membro delas. Conhecimentos que podem ser inestimáveis à sua pesquisa."

- "E, bem, meu jovem, eu poderia dizer que, friamente, ter mais gente do seu lado para virar alvo, quando estiver num tiroteio, ou quando um monstro umbróide estiver decidindo quem vai eviscerar primeiro, é um fator que aumenta de forma significativa suas chances de sobrevivência. Sem eles, os atiradores ou monstros não tem muitos alvos para escolher além de você. Na verdade, é bem triste pensar que sua carreira poderia terminar mediante um assaltante e seu revólver. Ou pior, que Tecnocratas possam pegá-lo com relativa facilidade, e então reprogramá-lo, o que faria com que tivéssemos que ir atrás de você"


A expressão do velho doutor era bem séria quando disse esta última frase. Em seguida, ele se recostou na cadeira, bocejou, e esfregou os olhos. O avançado da hora parecia estar cobrando seu preço do homem. Mas ele continuou, agora com um olhar mais sonhador, como se estivesse revivendo memórias antigas.

- "Há também, um fator que se encontra no campo da subjetividade. Um fator ao qual cada pessoa atribui seu peso particular. É bom ter companheiros, West. Bom para a sanidade, para o equilíbrio emocional, para a motivação, para a vida. Minha primeira cabala dentro das Tradições era composta por uma Oradora, uma Hermética, um Eutanathoi e um Akasha. Por muitas vezes, pensei que aquela associação era uma perda de tempo, volátil demais. Mas o fato é que minha abordagem sobre vibrações no campo subméson começou a tomar forma depois de conversas com aquele Akasha, que meu interesse nas outras dimensões ganhou peso e profundidade ao observar os métodos daquela Oradora, que aquela Hermética foi quem me impediu de ser seduzido de volta à União, e que aquele Eutanathoi sacrificou sua vida para salvar a minha."

- "Cada Desperto é um vetor de grandes possibilidades, meu jovem. E uma cabala, enquanto associação de vários Despertos, é um vetor de possibilidades infinitas. Nenhum daqueles que levaram a humanidade mais longe em seu desenvolvimento, o fizeram reduzindo suas possibilidades."

Nisso, coçou os olhos novamente, e completou.

- "Estou ficando velho para essas coisas... Em tempos idos, estudava até o dia raiar, sem sequer sentir o tempo passando, mas isso ficou no passado. Atualmente, preciso de minha dose de sono diária. Creio que lhe dei o que pensar por enquanto. Se não tiver objeções, creio que podemos ir visitar Willian amanhã. Há um aposento no mezanino que você pode usar como quarto, se desejar. Peça para Frank lhe mostrar. Amanhã, será um dia de novidades, hehehe. Descanse, rapaz!"

E fez menção de se levantar, caso não fosse interrompido.
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Death is only the beginning Empty Re: Death is only the beginning

Mensagem por Dr. Faust West Qui Set 29, 2016 12:59 am

[Relendo o turno, eu vi o quão absurdamente não-claro ficou a última pergunta do West. My bad.]


Dr. West ouviu, até o fim, as explicações que Dr. Max oferecia sobre os "motivos especiais" pelos quais deveria entrar em uma cabala. Ele não interrompeu, e nem fez menção de que o faria - claro, não era exatamente aquilo o que ele queria saber. Se esquecia as vezes que as pessoas não estavam dentro da própria cabeça e não conseguiam acompanhar seu raciocínio. 

Esperou até que houvesse uma pausa, uma brecha, alguma coisa no discurso do velho cientista que indicasse que ele havia parado - afinal de contas, por mais que não houvesse efetivamente perguntado aquilo, era interessante ouvir aquelas respostas. Quando ela veio, logo após a afirmação sobre ser reprogramado pela tecnocracia - algo que, do alto de sua arrogância, Dr. West não parecia considerar possível, ele se pronunciou.

" - Interessante. Mas eu estava pensando mais em algum motivo especial quanto as complicações que surgiram nas negociações entre vocês para formar uma cabala." - explicou. 


... Mas caso Dr. Max ainda falasse sobre a subjetividade, me avise se não West escutaria sem reclamações e, novamente, sem interrompê-lo. Achava tudo aquilo bonito, de verdade. Tudo aquilo interessante, de um ponto de vista informativo, de um ponto de vista prático. Mas não conseguia observar aqueles conceitos de entrega e sentimento profundos de forma empírica, não conseguia concebê-los. Nada existia, além de Eliza. Sombras de amizades ou relacionamentos futuros eram apenas isso - sombras pálidas e difusas, que jamais poderiam ser, efetivamente, reais. 


" - Agradeço pela atenção. Mas tenho uma pergunta, se não for incômodo. " - disse, se levantando.

" - O que é Frank?"
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Mensagem por The Oracle Dom Out 02, 2016 1:00 am

- "Ah... Hahahahahaha" - riu-se o Dr. Max, aparentemente divertindo-se com o mal entendido e com o quanto ele falara sem ter entendido a pergunta - "Ah, meu jovem, quantos mais velhos ficamos, mais turrões e difíceis... A idade trás uma série de virtudes, mas alguns defeitos também, e não me refiro apenas ao natural desgaste físico. Quando jovens, temos toda a disposição para enfrentarmos novos desafios e conhecermos coisas novas, e isso inclui nos misturarmos com companheiros que pensam de forma diametralmente oposta à nossa, e disso fazer resultar algo de bom."

- "Posso dizer que a possibilidade de participar novamente de uma cabala tão diversa me excita. Entretanto, pareço ser o único. Os demais... bem, vou lhe passar as impressões individuais que tenho, embasadas pelo que pude levantar dos backgrounds de nossos ilustres companheiros das Tradições nessa cidade. São apenas hipóteses, é claro."

- "Willian, o hermético, até parece ter uma disposição limitada para o empreendimento. Creio que vê uma cabala de magos experientes como uma maneira eficiente, ainda que desagradável, de endereçar as demandas e problemas da comunidade mágika local, um objetivo que ele parece ter abraçado muito fortemente. Entretanto, creio que sua arrogância de hermético fala bem alto. Você sabe, mais do que todas as outras Tradições, a Ordem de Hermes acredita piamente que suas Artes são as "corretas", e que todos os demais são apenas bufões que não sabem direito o que estão fazendo. Além disso, por rumores que levantei, ele era um escolástico até pouco tempo atrás, sem nunca ter efetivamente participado de uma cabala que se dedicasse a algo mais que estudos. O que me faz pensar que ele nunca deve ter se associado a outros magos que não herméticos. Creio que ele simplesmente não sabe como agir."

- "O casal formado pelo Cultista e pela Verbena, Ralf e Jeanette, parecem ter razões emocionais mais fortes para sua resistência. Creio que há um pouco de trauma e desconfiança: os dois são sobreviventes da Noite do Desespero. Porém, mais do que isso, me parece que, antes da tragédia, eles viviam afastados dos assuntos mágikos e da Guerra da Ascenssão como um todo. A moça é nativa de Nova Orleans, está bem longe de suas raízes aqui. Se fugindo de algo, não sei. O homem é oriundo de uma comunidade hippie de cultistas, não muito longe daqui. Eles viviam como um casal de Adormecidos, e pareciam gostar desta paz e afastamento. Bem, as circunstâncias agora não lhes permitem mais tal vida calma. Não me supreenderia se suas respectivas Tradições estiverem pressionando para que eles tomem um papel mais ativo na comunidade mágika local, mesmo que não queiram. Aceitar fazer parte de uma cabala talvez fosse a confirmação dessa nova vida que eles estão sendo pressionados a abraçar, e isso explicaria tal resistência."


- "Dança-com-Lobos, a Oradora dos Sonhos e amiga dos lobisomens, parece não gostar de que haja uma comunidade mágika na cidade, hehehe. Não posso dizer que compreenda as nuances culturais dos metamorfos, mas pelo que pude "pescar", seus amigos peludos vêem com desconfiança o fato de ela ser Desperta. Parecem ver com desconfiança os Despertos de uma forma geral. Assim sendo, ela adoraria nos ver todos fora da "sua" região. Mas como sabe que não vamos desaparecer no vento, melhor que possa nos olhar de perto e evitar que façamos algo que prejudique seu povo. Apesar de a ideia fazer todo o sentido, e isso, digo, ela me disse pessoalmente, "não é uma ideia boa, nem agradável". Ela disse que consultaria seu totem a respeito, ou coisa assim, mas me parece que estamos basicamente diante de um caso de birra e teimosia. "Não quero andar com homens brancos malvados que mataram meus ancestrais e que meus outros amigos não gostam". Pobre moça. Entenda, não desdenho dela. Sei como estas culturas mais primitivas podem ser demandantes em suas restrições e nas atitudes necessárias à aceitação social, e ela parece fazer parte de duas culturas primitivas: a dos nativos americanos, e a dos lobisomens. Estar dividido entre dois mundos nunca é algo bom. É válido lembrar que ela também é uma sobrevivente da Noite do Desespero, então, aquela tragédia pode ter deixado algumas cicatrizes emocionais."


- "Bem, no fim, creio que acabaremos nos acertando. Talvez eu tenha fé, afinal, hahahaha!"

E por fim, ao ouvir a última pergunta de West. Max sorriu. Aquele parecia ser outro assunto que ele gostava.

- "É claro que você notaria as "anormalidades" de Frank. Não irei insultar sua inteligência dizendo que ele é meu assistente, embora efetivamente cumpra essa função."


- O corpo de Frank é um protótipo antigo de HIT-Mark. Aparentemente, uma joint-venture da Iteração X e dos Progenitores, no sentido de criar um autômato letal que pudesse se passar por humano e se infiltrar. Sim, é basicamente o roteiro de O Exterminador do Futuro. Ele é um organismo parcialmente biológico, embora muito longe de ser humano. Sua estrutura óssea e sistema nervoso são completamente biomecânicos. e mesmo as partes orgânicas são compostas por fibras poliméricas orgânicas, fluidos artificiais biosintetizados, e tecidos protéicos frutos de bioengenharia. Como resultado, ele muito mais forte e resistente do que se poderia esperar de um ser humano de mesma massa, e sua audição e visão são sobre-humanas: ele pode ouvir infra e ultrasons, enxergar o espectro infravermelho, e com apenas 10% da iluminação que um olho humano precisaria. Ele ainda tinha armamentos embutidos, que foram retirados há muito tempo. Acredite, ele tinha até mesmo um chicote de monofilamento embutido no braço direito..."


- "Para sorte dos magos como um todo, a IA que o comandava nunca foi muito boa em realmente se passar por um humano. Creio ser esse tipo de emulação uma das maiores dificuldades de programação da Iteração X. Há mais de 3 décadas, eu, meu mentor e minha cabala o capturamos. Não foi uma operação sem baixas, infelizmente... Mas, ao invés de destruí-lo, resolvemos submetê-lo a um experimento. Depois de apagar quaisquer traços da programação original, introduzimos uma nova fonte de controle. Hoje, o corpo de Frank é habitado por um umbróide. Isso já faz décadas, e além de ser um bom companheiro, ele já me gerou gigabytes de dados sobre a interação do umbróide com uma estrutura física. Eu não tinha na época, e nem sei se teria hoje, os conhecimentos para fazer tal fusão, mas meu mentor tinha. Frank foi meio que uma "herança" que recebi com a morte dele".
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Mensagem por Dr. Faust West Sex Fev 03, 2017 12:48 am

Dr. West franziu a sobrancelha de forma muito breve, quase imperceptível, enquanto escutava Dr. Max divagar sobre os magos experientes da cidade. A franzida havia ocorrido enquanto seu mentor falava de William - mais especificamente, quando ele disse William havia sido um escolástico. 

Mais do que ninguém, Faust West, mesmo antes de ter aquele nome, sabia o quão importante era o conhecimento, o quão importante era o estudo... Mas longe da prática, longe da ação, de que servia? O que era, em si? Ele era, provavelmente, o melhor médico do país... Mas nem todo o conhecimento do mundo pudera impedir a única coisa que precisava ser impedida. 

Um hermético sem prática era quase um revólver sem munição, não? Claro, ele poderia fazer um ritual complexo e eficiente se tivesse livros para consultar, mas... Não passava muita confiança a Faust. Era, por assim dizer, familiar demais para ser confiável. 

Faust colocou as mãos nos bolsos, acenando mininamente com a cabeça, para indicar que Dr. Max continuasse - a maioria das pessoas anotaria os pontos importantes e a outra pessoa daria sequência quando o lápis parasse de se mover, mas ele não precisava anotar, então havia precisado escolher outro gesto para sinalizar ao outro que continuasse. Então ele acenava milimetricamente com a cabeça.

Quanto ao Cultista e a Verbena, ele estava mais tranquilo. Não que os achasse, por algum esteriótipo, menos poderosos ou menos astutos que os herméticos - mas com as informações que Dr. Max passava, West tinha a impressão de que conseguia formar um retrato mais claro de suas personalidades do que das de William. E, é claro, havia o fato de que uma Verbena de New Orleans sem dúvida estava ou estivera envolvida com voodoo. Ele havia passado algum tempo em New Orleans, e ele mesmo havia achado que podia encontrar a chave para o mundo dos mortos no voodoo Haitiano. Talvez conseguisse mais informações com alguns telefonemas, se fosse necessário - e mesmo se não fosse, aquilo já lhe proporcionava uma chave de acesso e conversa com ela. 

Quando chegaram a Dança-com-Lobos, Faust pareceu particularmente interessado. Não havia denunciado nada fisicamente per se, mas havia um brilho em seu olhar que alguém como Dr. Max sem dúvida nenhuma reconheceria como interesse e curiosidade cientifica. 

Provavelmente havia adquirido o hábito ao entrar em seu ramo particular de pesquisa, mas acreditava piamente que quando um cientista - principalmente um desperto - aborda algum assunto com descaso, é sinal de que existe algo particularmente interessante a ser abordado. Fez uma anotação mentalmente: na manhã seguinte, iria conversar com Dança-com-Lobos. 

" - Talvez. Haha." - respondeu, por educação, para então se atentar a resposta que viria sobre Frank. Estava bem interessado sobre aquilo também.

E ele ouviu, imóvel e quase sem piscar. " - Isto é.... interessante." - concluiu, depois de dois segundos nos quais os olhos não se moveram, e ele pareceu retrair-se ao interior do próprio crânio. 

Ele mesmo vinha conseguindo, com algum esforço, prover com algum simulacro de vida e intento objetos que nunca a haviam tido - manequins, brinquedos, afins. Com ajuda de espíritos a coisa ficava mais fácil, mas eles não eram realmente necessários, para efeitos pontuais... Quaisquer que fossem os dados oferecidos por Frank, seriam insubstituíveis. 

" - Posso ter acesso a esses dados?" - perguntou. Seu olhar quase dizia "posso dissecá-lo?". 

Quase.
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Mensagem por The Oracle Dom Fev 12, 2017 5:54 pm

- "Claro que pode, meu rapaz, claro que pode. Embora, devo dizer, os melhores dados geralmente vêm do próprio Frank. Conversar com ele pode ser uma experiência reveladora, embora, por vezes, ele seja um tanto difícil de compreender. Quando for fazer isso, apenas se lembre: ele não é, nem nunca foi, humano."

- "Notei que você demonstrou algum interesse nas curtas biografias de nossos colegas das Tradições. São realmente uma turma interessante. E urge que você os conheça, por uma questão se segurança. Veja, fôssemos nós alguns Coristas carregando seus símbolos sagrados por aí, ou uma dupla de Verbenas montados em vassouras, não haveria tanta urgência. Todavia, sofremos um problema que estes outros distintos operadores não sofreriam: podemos ser confundidos com agentes da Tecnocracia. E como esse tópico ainda deixa todos aqui um tanto à flor-da-pele, eu sugeriria que fizéssemos isto amanhã mesmo. Depois de atendida esta formalidade, estaremos livres. E na verdade, o fato é que preciso de fato de algum sono. Já não sou mais tão jovem, hehehe".
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Mensagem por Dr. Faust West Seg Fev 13, 2017 9:39 pm

Ouvindo a primeira parte da resposta de Dr. Max, Faust pensou algo que o surpreendeu. Não por sua capacidade de tê-lo pensado, mas, simplesmente, por ser uma pergunta tão básica, tão elementar, que era estranho que não a tivesse feito para si mesmo antes. 

" - Dr. Max, pode um umbróide, como Frank, que suponho ainda precisar agir dentro de uma série de parâmetros estabelecidos por sua própria natureza, passar pelo teste de Turing?" - questionou, interessado. 

Mas diante da última parte, Faust levantou-se da mesinha na qual vinha assistindo Dr. Max encher a cara. Não era, necessariamente, por educação - só achava que manter um senhor de idade acordado por tempo demais não seria uma decisão sábia. 

Dr. West suprimiu um bocejo, acenando afirmativamente com a cabeça. " - Espero que o senhor não se incomode, Dr. Max, mas, falando nisso, tomei a liberdade de mandar fazer alguns cartões. Para evitar enganos." - e retirou do bolso externo de seu colete um papelzinho retangular branco, onde letras carmesim liam:


Dr. Faust West, MD. 



For all things death and life, call 216-421-2665.

For complaints, call Dr. Max.



E, sem dizer mais nada, começou a se afastar, em direção ao próprio laboratório. Odiava admitir, mas estava exausto. E preocupava-se com como Eliza estaria se adaptando em seu novo ambiente.
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Mensagem por The Oracle Ter Fev 14, 2017 12:11 am

A resposta do Dr. Max foi dada em uma voz já meio pastosa, provavelmente uma combinação de álcool e sono.

- "Oh, ele não passou no teste, nas três vezes em que o realizei. Eu o testei mais para saber em que classificação ele se enquadraria na Árvore Tychoidiana, mas não deu muito certo. Disse a Frank que desse respostas sinceras, mas ele não interpreta os conceitos de "verdade" ou "mentira" como nós interpretamos. Algumas respostas dele ao Teste de Turing são aparentemente absurdas, outras parecem bem humanas. Rs, talvez ele seja um espírito da Trapaça, brincando comigo. Vai saber?"

Por fim, o velho pegou o cartão, e ajeitou os óculos para lê-lo. Deve ter demorado um pouco até focar os olhos. Mas depois que o fez, Faust ouviu uma longa gargalhada às suas costas, enquanto se dirigia para seu reduto. Sua amada o esperava.

______________________________________________

No dia seguinte (ou melhor, no mesmo dia, mais tarde). Faust acordou olhando para o teto estranho daquele armazém. A luz que entrava denunciava que já deveria ser uma hora avançada, e uma rápida olhada no relógio confirmou isso: 13 horas. Ele estivera realmente exausto. entre a preparação de sua "mudança", e a viagem em si, estivera em vigília por quanto tempo? Pelo menos 24 horas, sem dúvida alguma. Pelo menos, sentia-se recarregado. Havia trabalho a ser feito.

Quando saiu de sua "área limpa", Frank estava varrendo o chão, enquanto assoviava uma melodia perturbadoramente fora de qualquer compasso. O Dr. Max estava na mesma mesa onde o havia deixado na madrugada anterior. Tinha um jornal aberto sobre ela, e uma embalagem de pizza também sobre a mesa. Pizza fria, era do que ele se servia. Ao ver West, esclamou:

- "Bom dia, meu jovem! Espero que tenha recuperado suas forças plenamente! Venha, venha, o café está servido! Nada muito luxuoso, temo, mas eu sou péssimo cozinheiro, e Frank... bem, digamos que você não gostaria de comer o que Frank cozinha... Mas acho que podemos remediar isso por hoje. O plano é o seguinte: tomaremos algum tempo agora fazendo alguns últimos ajustes. Quero ter certeza que o gerador está enviando a corrente precisa que seu maquinário consome. Não pude examiná-lo, mas parece ser bem delicado. Precisamos calibrar também com exatidão os níveis de umidade e temperatura daquela área. Depois disso, precisamos cadastrar sua impressão retinal e digital nos sistemas de segurança, e criar um perfil de rede no mainframe. Quando terminarmos, creio que podemos ir visitar Willian. Lá, vai ser rápido, suponho. Depois disso, quando provavelmente já será início da noite, podemos fazer uma visita "desinteressada" a Ralf e Jeannete. Eles, obviamente, nos convidarão pra jantar, e, preciso lhe dizer, aquela mulher cozinha divinamente! Depois disso, estaremos bem livres do inconveniente de você ser confundido com um tecnocrata. Visitar a xamã envolve um problema a mais. Eu sei onde ela mora, mas não gosto da idéia de aparecer por lá sem aviso... da única vez que fui à cabana da moça, tenho certeza que havia algo nos observando de dentro da mata. Algo que não parecia amigável... Jeanette parece ter formas de avisar à ela que queremos vê-la. Depois disso tudo, estaremos livres para nossos afazeres. Que tal para você"?

- "E como bônus" - continuou ele, sem dar espaço para que West falasse -  "talvez Willian tenha alguma notícia a respeito disso" - falou, com o indicador sobre o jornal que jazia sobre a mesa - "seis meses hoje da Noite do Desespero, e nem uma linha no principal jornal do Estado. a NOM realmente anda se esforçando aqui"
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Mensagem por Dr. Faust West Ter Fev 14, 2017 12:34 am

Dr. Faust não chegou a sorrir, quando ouviu as gargalhadas de Dr. Max - só ajeitou o colete enquanto, satisfatoriamente, subia as escadas em direção a seus "aposentos". Ele não havia feito aqueles cartões - era uma unidade única, feita apenas para causar exatamente aquela reação...

... Mas, pensando agora, talvez fosse uma boa idéia. Nunca havia realmente participado de uma comunidade mágika, e cartões eram úteis. Se bem que... dar cartões envolveria mais pessoas pentelhando-o, dia e noite. Tão rápido quanto havia chego, a idéia se foi. 

Faust West dormiu sentado numa cadeira metálica desconfortável, de frente para ELiza. Ele estivera contando para ela sobre a cidade e as coisas que fariam ali e as pessoas que iriam conhecer, quando pegou no sono. 

[...]

Acordou de supetão, ficando de pé, olhando em volta, murmurando alguma coisa. Devia ter pego no sono, mas ainda, mas... Meio desorientado, West moveu-se pelo lugar, tropeçou em uma caixa de papelão vazia que saiu voando, e só então percebeu a luz do dia. 

Mil infernos. Ele parou, respirou fundo. Passou a mão pelo rosto e, num só movimento, aproveitou para massagear o pescoço dolorido pela noite na cadeira. Conferiu o horário em seu relógio, antes de aproximar-se de ELiza. Pediu desculpas por ter caído no sono e conversou alguns instantes com a mulher, antes de descer as escadas. 

" - Bom dia." - ele disse, aproximando-se. Pegou um pedaço de pizza e, sem muita cerimonia, enfiou-o quase que inteiro na boca. Era combustível, nada mais. E depois silenciou-se, ouvindo a torrente verborrágica de Dr. Max, enquanto mastigava. Aproveitou também para passar os olhos pelo jornal.

" - Hm." - concluiu, sucinta e pensativamente, sobre a falta de notícias quanto a NOite de Desespero. Aquilo era esperado. Não sabia bem o que o Hermético poderia informar, mas seria interessante.

Quanto ao resto, Faust - ainda com a cara meio amassada e dolorido, logo, num ligeiro mau humor - respondeu com a típica disposição inglesa que as vezes se manifestava. " - Parece terrivelmente cansativo. Não podemos enviar uma foto minha por e-mail e avisar que estarei comparecendo mais tarde esta semana...?" - sugeriu, principalmente quanto a Ralf e Jeannete. 

O Hermético seria interessante, e ele estava particularmente curioso sobre a xamã, mas o casal bon-vivant parecia-lhe, como havia dito, simplesmente cansativo. Uma perda de tempo absurda. Ele poderia estar estudando.
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Mensagem por The Oracle Ter Fev 14, 2017 12:49 am

- "Hummmm, não estou nem bem certo de que eles tenham um e-mail... Quer dizer, Willian tem, não estou certo se Ralf e Jeanette tem. E estou completamente certo de que Dança-com-Lobos não tem um... Será um pouco cansativo, é verdade, mas de que nos adianta adiar as coisas, não é mesmo? O tempo é um mestre cruel, ele não nos devolve suas parcelas que desperdiçamos. E de qualquer forma, acho que você diz isso porque ainda não experimentou o gumbo da moça" - e nesse momento, Max assumiu um semblante sério, quase professoral, olhando-o por sobre os aros dos óculos - "Comida pode parecer algo supérfluo, mas ela traz um significado mais profundo. Mais holístico, por assim dizer. E algo de interesse nos seus estudos"


- "Veja, quando você convive muito tempo com algo não-humano" - e apontou para Frank, que acenou de volta - "Isso fica bastante claro. A comida, a arte, o humor, eles todos fazem parte de um conjunto de fatores que compõem um gênero, algo que faz parte algo mais profundo: o joy-de-vivre, alegria de viver, VONTADE de viver. Isso é algo intrinsicamente humano, algo que não faz parte dos umbróides, por exemplo. Essa é sua área de especialização, não a minha, mas, já parou para se perguntar, porque alguns mortos permanecem por aqui, enquanto outros não são mais encontrados? Aparentemente, "seguem adiante"? Até onde a VONTADE de se agarrar à esta vida é uma variável nesta equação? A vontade de viver! E se for, como medir esta variável, se não a compreendemos, se não a vivenciamos?"

E então, recostou-se na cadeira, sério, pegando mais um pedaço de pizza, parecendo refletir ele mesmo, sobre o que acabara de dizer.
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Mensagem por Dr. Faust West Ter Fev 14, 2017 10:48 am

Com um pouco de enfado ainda plantado no rosto, Dr. Faust assentiu com a cabeça após o comentário inicial sobre o gumbo. Para o inferno com o Gumbo, honestamente, mas se tinham que fazer aquilo, que pelo menos fizessem de uma vez, correto? 

Mas então o tom de Dr. Max mudou, e Dr. West, que tinha os olhos sobre o jornal - estava buscando o nome do editor na primeira página - ergueu-os para o mentor. "Holístico" e "Interessante" eram, raramente, palavras que caminhavam juntas. Mas estava ali na condição de estudante, logo, ouviu. 

E respirou fundo, interrompendo Dr. Max no meio de sua última frase - quando ele começou a falar sobre medir a variável. Não o fazia de forma intencionalmente grosseria, apenas não via sentido em esperar ele terminar a frase se já havia entendido o ponto geral de seu argumento.

" - Bem, entramos em uma série de fatores, como você pode ver." - disse. " - Ainda que seja aparentemente correto dizer que os espíritos 'sigam adiante', a afirmação dobra-se sobre si mesma como uma realidade mal construída e facilmente se desmonta caso nos lembremos que dentro das religiões que praticam com maior constância o culto aos ancestrais, são justamente os que "seguem adiante" que estão mais presentes. Então, de certa forma, o "seguir" ou "ficar", quando aplicado aos espíritos dos mortos, refere-se muito mais a um estado mental/espiritual do que a real permanência num aspecto espacial. O espírito que "segue" assume de fato a competência de espírito, enquanto que o que "fica" gradualmente enlouquece pois, justamente, mantém os apetites humanos em um corpo que não pode mais satisfazê-los." - afirmou, de forma muito rápida. Dr. West já falava rápido, mas havia falado ainda mais - a mera menção a possibilidade de que Eliza não fosse encontrável lhe despertava um impeto quase fanático.  Mas depois, quando seguiu a falar, sua cadência retornava ao normal. O que já era bem rápido.

" - Claro, isto é um apanhado geral. Mas entendo seu ponto, e ele faz sentido - é a lógica que rege o comportamento de alguns ascetas religiosos, como você deve saber. " - afirmou. 

" - Agora, sem dúvida poderíamos quantificar isso..." - a pausa, a pausa! A pausa denunciava que ele realmente havia parado apra pensar, que não estava só repetindo informações que já sabia. Logo seguiu:

" - Tecnicamente, num corpo humano, nossos impulsos biológicos são medidos por instinto, mas até mesmo o instinto é subjugado ao sistema nervoso. Nossos impulsos mais elevados, por assim dizer, por nossas almas, que constituem parte separada mas ainda assim indissociável de nosso ser físico, enquanto estamos vivos. " - ia dizendo, o raciocíncio formando-se junto com as próprias palavras. " - Basta que se estude exatamente o que mantém o espírito conectado ao corpo, e depois busquemos por disposição análoga num espírito desencarnado. Sem dúvida iremos encontrá-la e ela denunciará o quão preso a mundo físico ele ainda está, após ser contabilizada. Então, poderíamos manipular essa variável para efetivamente agrilhoar espíritos ao plano físico e impedir sua passagem." - acrescentou. " - Você é um homem terrivelmente cruel, Dr. Max." - completou, antes de suspirar. 


Estendeu a mão e pegou mais um pedaço de pizza. " - Vou avisar Eliza e passar algumas instruções para Frank e logo encontro o senhor aqui para irmos visitar William. Obrigado pelo café da manhã."
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Mensagem por The Oracle Qua Fev 15, 2017 12:06 am

Inicialmente, havia no rosto de Max um leve sorriso de satisfação. Talvez uma certa medida de orgulho professoral, por ter feito seu discípulo pensar, avaliar uma questão por outro ângulo. Não era justamente esse papel do mentor? Mas quando West lhe disse que ele era cruel, o velho se pôs pensativo.

Quando retornou ao seu "laboratório" West se deparou com Frank, parado há uns 5 metros de Elisa, de braços cruzados, a observando. O gigante não tinha uma expressão definida em seu rosto, mas quando West entrou, ele perguntou (sem se virar para ele), e sua voz carregava, apenas e tão somente, curiosidade:

- "Ela não está morta nem viva, não é mesmo? Ela não se separou".
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Mensagem por Dr. Faust West Qua Fev 15, 2017 11:18 am

Quando aproximou-se de seu "quarto" e viu a porta aberta, West sentiu uma descarga súbita de pânico. Seu coração acelerou e, golpeando seu peito com violência, lançou-se contra sua garganta. Os últimos dois metros, Dr. Faust West correu - mas chegou e, a sua frente, viu Frank. 

Numa mistura de raiva e alívio, o doutor respirou fundo duas vezes, em silêncio, recobrando a compostura. Mas enquanto o fazia, ouviu a pergunta do gigante metálico, e deixou que ela entrasse por sua mente. Era curiosa a semelhança que ela tinha com o assunto que havia acabado de discutir com Dr. Max.

" - Não tenho certeza de que entendi seu questionamento, Frank."
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Mensagem por The Oracle Qua Fev 15, 2017 5:52 pm

Frank jogou a cabeça para cima e gargalhou alto. Não era sarcasmo, isso era fácil de perceber. Era como a gargalhada de uma criança, que achou algo divertido. Uma criança com mais de 2 metros de altura e físico de halterofilista. Em seguida, disse:

- "E eu não tenho certeza se vou conseguir me explicar, doutor. O que vocês usam para se comunicar, as palavras, são ruins. Limitadas. Mas vamos tentar" - nisso, o andróide colocou a mão no queixo, assumindo uma postura bastante humana - "vocês não são... inteiros. Outras coisas simplesmente são. Vocês, são em parte, e podem mudar essas partes. Vocês não são, vocês estão. Há um momento em que as coisas são vocês, e em dado momento, não são mais vocês".

- "Ela" - disse, apontando para Elisa - "ou melhor, essa coisa em volta dela. Essa coisa é máquina. Se for ferida, a depender de quanto foi ferida, ainda é máquina. Mas se for muito ferida, não é mais máquina. É metal, e vidro, e eletricidade, tudo amontoado, mas não é mais máquina. Com ela, e com você, e com todos os outros, é a mesma coisa. Você é você. Se te cortarem a cabeça, continua sendo você. Até que chega uma hora que não é mais você. É só carne apodrecendo, ou ossos, ou pó. E o mais estranho é que com vocês, o quando isso acontece varia! outro dia na TV, apareceu um sujeito vendendo um fragmento de osso de um cara que morreu há séculos. Aquilo não era osso, era o cara. Ela... ela agora, agora, é carne, pele e ossos. Sem movimento, sem vida, sem... como vocês chamam? Personalidade. Não deveria ser ela, mas ainda é... É isso que é difícil de explicar... Pra onde vocês vão, quando saem desse mundo. Nós não vamos lá. Coisas ruins vem de lá. Mas alguns percebem as... as... energias, acho... as ligações, talvez... é isso que faz ela ainda ser ela. Alguma coisa faz ela ainda ser ela, e não só carne e pele. Só não sei se isso devia ser assim, ou não".

E nisso, Frank olhou nos olhos de West, após falar isso tudo olhando para Elisa. Havia uma expressão de sinceridade em seu rosto. Ao menos, algo que parecia sinceridade. Uma coisa não humana pode ser sincera? Entende este conceito? E se ela não o for, como descobrir isso?

- "Desculpe, doutor. Acho que posso ter piorado mais que ajudado. Ás vezes acontece, mesmo depois de tanto tempo. Mas, sendo ela ou não, vejo que ela é importante pra você. Vou cuidar dela quando você não estiver aqui".
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Mensagem por Dr. Faust West Qua Fev 15, 2017 10:52 pm

Dr. West não tinha realmente previsto aquilo, mas, naquele instante, enquanto ouvia Frank expor seu ponto sobre as limitações das palavras, percebeu em si mesmo uma estranha sensação de liberdade junto ao andróide. Era curioso – era uma sensação parecida com a que tinha enquanto fazia autópsias ou outros experimentos em cadáveres; um misto de uma solidão reconfortante com liberdade acompanhada. De certa forma, imaginava, Frank dividia com um cadáver a completa ausência de expectativas humanas sobre sua pessoa.

Mas, independente de seus devaneios sensíveis, Faust West ouviu. Ouviu em respeito a Frank, mas em respeito a Eliza. Não havia informação inútil, não havia informação que não fosse digna de seu tempo, não havia absolutamente nada daquilo, sobre Eliza. Podia ser a centésima vez que ouvia sobre sobre a interação do ectoplasma com tecidos vivos e sua possível implicação em técnicas avançadas de reanimação, mas uma parte de si ainda teria esperança de ouvir algo novo, algo incrível, algo que lhe daria o que precisava. Então, com a paciência que apenas o túmulo do próprio eu poderia oferecer, Faust sempre escutava.

Ouviu em silêncio, os olhos sobre Eliza, não sobre ele. As vezes, invejava o aspecto pacífico, quase sorridente, em seu rosto. “ - Talvez você esteja se referindo ao eu como existente devido a um processo relacional? O osso ainda possuía uma expectativa e um peso simbólico decorrente de ter sido parte do sujeito, logo, ainda era ele. Eliza ainda é Eliza.” – disse, o polegar passando pela aliança em seu dedo. Ele não concluiu com o “Eliza ainda é Eliza”, apesar de morta, por que não gostava de pronunciar aquele tipo de raciocínio.

Depois da última parte, Dr. Faust meneou a cabeça. “ - Sem dúvida ajudou, Frank. E agradeço por sua disposição. Mas tenho uma proposta, caso esteja interessado.” – e fez uma pausa. “ - Dependerá, é claro, do quanto de acesso ainda tem a suas capacidades de habitante da Umbra. Mas imagino que se combinarmos estas com algumas rotinas pessoais, ao invés de ter que descrever para mim, poderá...” – pequena pausa, para encontrar a palavra. “ - Carimbar em minha mente as impressões que teve da situação, em um nível que independe das limitações vocabulares.” – disse.

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Claro. Fazer uma conexão espiritual-quintessencial com um umbróide de origem desconhecida habitanto um HIT-Mark reprogramado tinha tudo para dar errado. Mas, por Eliza, todo risco valhia a pena.
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Mensagem por Dr. Faust West Qua Fev 15, 2017 11:54 pm

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Mensagem por Dr. Faust West Qua Fev 15, 2017 11:56 pm

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Mensagem por The Oracle Qua Fev 15, 2017 11:56 pm

O membro 'Dr. Faust West' realizou a seguinte ação: Rolar Dados


'D10' : 7, 4, 10, 5, 2, 1, 3, 4
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Mensagem por The Oracle Qui Fev 16, 2017 12:20 am

Frank franziu a testa enquanto Faust falava. Depois olhou para o teto, parecendo estar pensativo. E, por fim, disse.

- "Podemos tentar. Eu gosto de experimentar coisas. Mas não acho que vai funcionar. Mesmo com o Dr. Max, com quem este aqui" - e nisso colocou o polegar no próprio peito - "está ligado, isso não funciona muito bem. Acho que, quando me colocaram aqui, não pensaram nisso. Devem ter pensado que, como esse corpo fala, isso não seria preciso. É estranho, mas certas coisas que antes eram simples, agora são quase impossíveis. Mas tem outras coisas legais. Maneiras de perceber as coisas. O tempo, por exemplo. O tempo é 10!"

Nisso, a voz do Dr. Max se fez ouvir do lado de fora da sala-limpa. Estava gritando "Frank!". Quando colocou a cabeça para dentro  do recinto, disse: 

- "Ah, aí está você! Ou melhor, vocês. Vamos, temos uma série de verificações para fazer, antes de podermos sair" - disse, entregando uma prancheta com um papel a Frank - "Essa é sua lista, grandão. Eu tenho a minha. E esta" - disse, entregando outra prancheta a West - "é a verificação das nossas duas. Estou certo que você irá querer rechecar tudo, certo, meu jovem?"

Passaram coisa de duas horas verificando e calibrando instrumentos, e fazendo outros ajustes. A carga elétrica dos equipamentos e as condições de temperatura na sala demandaram uma calibragem leve, apenas um ajuste fino. Por via das dúvidas, trocaram os filtros de ar e água. Dr. Max tinha bastante coisa de automação ali também, então, registram os dados biométricos de West nos sistemas de segurança, abriram acesso para ele no servidor de rede, e instalaram um alarme remoto, por celular, caso a porta da sala-limpa fosse aberta sem as corretas senhas.

Depois de tudo verificado e reverificado, finalmente se prepararam para sair. Max trocou o jaleco branco por um paletó branco, e penteou o cabelo, mas sua estética se restringia àquilo, aparentemente. Frank ficaria ali. Embarcaram, então, os dois no Plymouth Fury 1958 modificado do doutor. Max comentou algo sobre ter comprado aquele carro barato num leilão, pois diziam que ele era "assombrado". Entrar naquela banheira vintage deixava claro que o velho tinha restauração de carros como algum hobbie: ele brilhava por fora, estava impecável por dentro. Só não se poderia dizer que estava "original". Quer dizer, o couro vermelho brega dos bancos poderia ser original, mas os painéis digitais, brilhando em frio neon azul, e o turbo que escapava pelo enorme capô, deixavam claras as várias modificações. No lugar onde deveria estar o rádio, havia uma série de botões e mostradores que West nem mesmo começava a entender. Pendurado no retrovisor interno, estava um pequeno modelo atômico do átomo de carbono, em metal.

A viagem até o local foi relativamente rápida. As ruas estavam vazias. West aproveitou o tempo para alguns telefonemas. Uns 20 minutos depois que partiram, Max dobrou em uma rua onde se via um prédio de 5 andares, com aspecto de uma velha indústria, todo em tijolos. Uma grande placa dizia "Anima Gemma - Jóias, Pedras Preciosas, Lapidação e Penhores".




Continua aqui.
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