Um novo amanhecer

Quanto a Oliver, a pergunta veio no momento em que o doutor guardava o celular novamente no bolso externo do palitó. Acenou afirmativamente com a cabeça, mas, em voz alta, não confirmou nem negou. Mantinha-se quase que imóvel, como se não estivesse acostumado a realmente se mexer. Seus olhos, por trás dos óculos de armação fina, fazem o contraponto: mexem-se bastante, esquadrinhando Ezio, sem importar-se com discrição. 

Confirmou novamente com um aceno da cabeça quando o nome de Oliver foi citado por inteiro, e usou a mão da bengala para pegar o papel. Franziu o cenho para enxergar melhor e deu um passo em direção a rua, saindo da proteção do toldo de entrada da joalheira - precisava expor o papel a luz dos postes, para poder ler. "Ah, é o Elliot. Orfão, não se deu muito bem com as regras e tradições do Sr. Heineken." - falou enquanto devolvia o papel, observando, com atenção, a reação de Ezzio. Faust achava que a opinião de alguém sobre os orfãos e outros grupos dispares da sociedade magika podia expor muitos indícios gerais de sua personalidade. 


Diante da última questão, West forçou um sorriso que não parecia natural em seu rosto. "Paciência, oficial." - disse. O que trás um Euthanatoi a Portland, se posso ser curioso?" - quis saber.

Ezio apenas observou o Doutor analisando enquanto pensava:

-"Me parece que ele tem sérios problemas de vista, mas talvez seja coisa da idade."

Respeito aos mais velhos era algo que Ezio sempre valorizava. 

Ezio não entendeu muito bem o porquê de caracterizar alguém como órfão, mas aparentemente foi indiferente a tal informação, o que mais lhe chamou atenção foi a menção às regras do Sr.Heineken. Com certo ar de estranheza ele pergunta:

-"E que tipo de regras são essas meu caro?" 

Na verdade Ezio já estava um tanto incomodado por não entrarem logo, para alguém como ele acostumado a ter boas recepções e também dar boas recepções aquilo já era um pouco triste até. 

E bem, novamente a tal pergunta, o que ele veio fazer em Portland. Certamente não veio ver os jogos do time horrível da cidade, a paixão pelo Los Angeles Lakers batia forte. E oficial? Provavelmente aquele era um homem que gostava de olhar os outros por cima, mas Ezio não se importava. "Deixe que se sintam a vontade". Sempre ouviu isso de seu falecido irmão. Ezio deu uma meia risada e respondeu:

-"Vim fazer meu dever como oficial."

Esperando que Dr.West que já sabia mais sobre ele do que o esperado tivesse alguma solução para entrarem a capela ele sutilmente o convida na esperança de ser convidado:

-"Então meu caro! Vamos entrar!?"

- "Entrar? Então por que me chamaram aqui fora?".

  Oliver vinha chegando. Se fez algum barulho enquanto andava, provavelmente foi ínfimo demais para delatar sua presença. Quando fez a pergunta, ele já estava a poucos metros da dupla. A chegada mais furtiva se devia ao fato de que ele não fazia ideia de quem era a pessoa ao lado de Faust e talvez ele pudesse estar encrencado. Pelo jeito, não.

Enquanto conversava Ezio não notou alguém se aproximando até ouvir a pergunta do rapaz que se aproximava. Visto sua fala provavelmente Dr. West o havia chamado, e se o havia chamado aquela reunião aquele provavelmente era Oliver Gray. 

Ezio agora de dirige a Oliver retirando seu chapéu e acenando com um sorriso ele diz:

-"Olá senhor!"

Se aproximando de Oliver ele continua:

-"O senhor deve ser Oliver Gray! Eu sou Ezio Stracci! Talvez tenha ouvido falar de mim. É um prazer conhecê-lo!"

Então aquele era o eutanatoi? Sendo assim, estava tudo certo. Oliver respondeu com um sorriso amigável no rosto, enquanto apertava a mão de Ezio.

- "Prazer, Ezio. Oliver Gray, bani Irmandade de Akasha".

  Feitas as apresentações, Oliver olhou interrogativamente para West:

- "Cheguei, Faust, mas por que estamos aqui fora? Algum problema?".

Um akasha em algum momento Ezio ouviu falar sobre eles. Talvez o Bruce Lee fosse um. 

Ao notar a interrogativa Ezio que também já não sabia o motivo disse:

-"Sabem de uma coisa. Eu também não sei. Por que não entramos logo?"

Desta vez ele faz a pergunta que sempre o fazem, mas ao Akasha. 

-"Então senhor Oliver. O que o traz a Portland?

Com um sorriso confiante ele continua:

-"Aposto que as ruivas estão ansiosas para me verem."

Sobre a questão de por que eles não entravam, saiam, ou faziam qualquer coisa diferente de ficarem ali parados na rua, Oliver disse:

- "Sei lá, isso é com o Faust. Eu nasci em Portland. Estou na cidade em busca da minha irmã, que está desaparecida. As ruivas, no caso, aquelas que tomam conta da loja ali da frente? Elas podem até estar, mas duvido que possam vê-lo a essa hora. O chefe da capela mantêm as duas em rédea curta, por algum motivo. Você não tem cara de ser da cidade. Está de passagem?".

Pelo menos é uma noite agradável. Apesar de Ezio já estar ficando um tanto entediado. Mas pelo menos podiam conversar um pouco. 

Então o Akasha era de Portland, todo mundo era se Portland pelo visto. Então respondeu:

-"É verdade eu não sou daqui. Estou a trabalho."

Estranhamente essa foi a vez em que menos sentiu estar mentindo.

"As de William Von Heineken" - respondeu, simplesmente, quanto a que tipo de regras seriam aquelas. Era curioso, ele pensava, que um recém chegado na cidade - principalmente um tradicionalista - não houvesse conversado com William sobre seus deveres, obrigações, direitos e limitações como mago dentro do território da capela. 

Com isso em mente, ou Ezio Stracci era um caso especial, ou era um mentiroso, ou estava se fazendo de besta para ver o que o Faust responderia. 

Diante da resposta sobre o que ele havia vindo fazer na cidade, Faust não respondeu - não de imediato, ao menos. Aquilo era terrivelmente vago. Tradicionalistas geralmente tinham um mínimo de conexões que lhes garantia algum tipo de privilégio - como, por exemplo, não ser transferido para uma cidade do nada, como Ezio sugeria ter acontecido com ele. Se aquele era o caso, talvez pudesse inferir que ele havia passado pela mudança muito recentemente.. O que justificaria sua completa falta de reação a um Orfão ter sido excluído da cabala aparentemente apenas por sê-lo. Por outro lado, talvez ele tivesse motivos escusos. Dr. West apostava no segundo - não era nada pessoal, ele simplesmente tomava como princípio basico que todos tinham segundas intenções com tudo. 


Quando OLiver chegou, Faust aproveitou para ficar em silêncio - era mais sua cara, na verdade, acompanhar os outros conversarem e pescar as informações que davam sem perceber que o faziam. Enquanto eles os faziam, o mago puxou o celular e os dedos deslizaram pela tela. 

"Não entramos por que parto do princípio de que todos gostamos o suficiente de nossos membros para não invadir uma capela hermética sem hora marcada." - e fez uma pausa, sorrindo brevemente.   "Acho que seria educado levar o Sr. Stracci para jantar, visto que chegou agora. Acabei de chamar um carro. Fiquei sabendo de um restaurante mexicano pequeno no centro, local discreto, vai nos receber bem."

- "Você não marcou hora? Nossa, então vocês definitivamente não querem entrar lá. Eu meio que moro na capela, então não seria vaporizado. Restaurante parece uma boa, desde que vocês paguem. Não sou exatamente um homem materialmente próspero e não parece que isso vá mudar em breve".

"Vocês são meus convidados.", disse Faust.

- "Então mostre o caminho, camarada!", disse Oliver animado. "Vamos sair dessa calçada".

Ezio começava a olhar com uma sobrancelha levantada achando aquela reunião. 

-"Então a reunião não será aqui? Não vamos nos encontrar com o Sr.Heineken?" 

Ezio abriu os braços e com uma das mãos fez o sinal italiano clássico.

-"Vocês são muito enrolados meus caros! Mas façamos como quiserem! Andiamo!"

Ezio se encaminhou até o carro e oferecendo a carona amistosamente ele diz:

-"Vamos?!"

O doutor limitou-se a menear a cabeça negativamente - não, a reunião não seria ali, e não, não iriam se encontrar com Heineken. Ezio poderia pedir uma heineken no restaurante mexicano, mas se conversasse com ela ou a chamasse de "Senhor", seria um problema. 

Ele estava prestes a dizer a Oliver que já havia pedido um carro, mas, diante da ação de Ezio, acenou afirmativamente com a cabeça. "Obrigado, Sr. Stracci." - disse, movendo-se em direção ao carro. Faust parou em frente a porta do banco de trás e, por educação, esperou que o italiano entrasse primeiro, antes de abrir a porta e sentar-se coom cuidado, ajeitando a maleta no banco antes de si e segurando a bengala entre as pernas. 

Dentro do carro, o médico olhou em volta, enquanto esperava que os outros dois tomassem seus lugares. Passou o endereço do lugar tranquilamente. 

"Deixemos os assuntos oficiais para quando estivermos no restaurante." - sugeriu, tranquilamente, olhando pela janela brevemente.

- "Não tenho escolha. Eu não faço ideia do motivo pelo qual estamos aqui. Mas, ei, pode ser divertido", disse Oliver, com pouca ou nenhuma convicção daquilo. Ele entrou no carro, sentou-se ao lado de Faust e ficou olhando pela janela".

Ezio ja no carro observando aquela situação olhou para os dois atrás e falou:

-"Então vocês vão mesmo né fazer de chofer?"

Espera que algum dos dois se manifeste e sente na frente.

Oliver não entendeu o que o eutanatoi quis dizer, então perguntou:

- "Até o momento, todas as vezes em que eu entrei em um carro fiquei no banco de trás. Quer que eu dirija?".

  Oliver, inclusive, parecia bastante alarmado com a possibilidade. Foi aí que Faust gesticulou para ele se sentar na frente. Sem cerimônias e parecendo aliviado, ele simplesmente passou para o banco da frente, usando o espaço entre o banco do motorista e o do carona. Todos os presentes puderam perceber que o gesto, além de altamente impróprio, foi ridiculamente hábil. Oliver não chegou a tocar em nenhum dos presentes.

Vendo a pequena comoção que se formava devido a falta de experiência com as normas sociais civilizadas de Oliver, Faust indicou-lhe o banco da frente após a pergunta de Ezio e sua resposta sobre dirigir. "É considerado impróprio deixar o motorista sozinho na frente do veículo quando ele não é seu funcionário." - explicou, e então olhou para Ezzio pelo espelho retrovisor:


"Oliver deixou o mosteiro recentemente."

Ezio inicialmente demonstrou estranheza a toda aquela situação, mas ao comentário do Dr.West soltou uma gargalhada e rindo alto disse:

-"Tutti Bene!"

Olhando para Oliver ele diz:

-"Me desculpe senhor! Essa informação é nova para mim."

Recebendo o endereço do Dr.Faust ele preparou o carro e enquanto partiam disse:

-"Andiamo!"

O caminho para o restaurante não era muito longo, até pela própria cidade não ser tão grande assim - em cerca de quinze minutos, seguindo o trajetório sugerido pelo GPS de Ezzio, eles estacionavam em frente a um restaurante mediano. O lugar tinha paredes de vidro, um interior que tentava ser rústico, e algumas decorações com a temática mexicana pendurada das paredes - uns cactos aqui, uns chapéus ali, etc. 

Nenhum dos atentes parecia ser realmente mexicano - a maioria era branca, e haviam uns dois negros. Num geral o lugar parecia limpinho e, apesar de vazio, o estilo do ambiente e a arrumação dos atendentes demonstrava um restaurante que, mesmo não sendo de ricos, não era como aquele que eu fui em São Paulo. 

Sentaram-se numa mesa para quatro que ficava próxima a uma das janelas, mas sem encostar nas paredes. Havia bastante espaço para todos, mas não havia toalha - comia-se direto no tampo de madeira pesada, que mostrava alguns riscos, manchas de copos, enfim. O garçom entregou três cardápios e deixou que fizessem os pedidos. 

Faust pediu um prato de costelinha de porco com especiarias, e comentou para Oliver que o tradicional, para quem não conhece, é comer burritos e chili. Para acompanhar, o médico pediu uma porção de nachos com cheddar para a mesa. 

Num geral, Dr. West não falava muito e se comportava de forma estranha - não parecia muito sociável, apesar de falar com desenvoltura. De alguma forma, seus gestos e movimentos pareciam artificiais, como se alguém lhe houvesse ensinado como parecer um ser humano num curso de verão e ele não houvesse prestado muita atenção. Seus apertos de mão duravam apenas um segundo a mais ou a menos - dificil dizer - do que deveriam durar, seu contato olho-no-olho era mais intenso e mais frio do que deveria ser. Talvez alguém entendido pudesse sugerir que Faust causava nas pessoas efeito parecido ao teorizado e nomeado de Uncanny Valley. 

Mas, para resumir, ele não falou muito. Quando falou, foi breve, cordial e tranquilo. O bom doutor parecia dotado de uma calma inabalável.

Quando por fim todos haviam pedido, ele suspirou. 

"Vamos ao ponto, então." - sugeriu, virando-se para Oliver então "O Sr. Strazzi me enviou uma mensagem hoje, e contou que o Sr. Heineken lhe passou nosso contato e pediu para que nos encontrassemos." - explicou, antes de virar os olhos novamente para Ezio. 

"Mas vou deixar que se apresente a si mesmo. É mais educado." - disse, como quem lembra a si mesmo. Além disso, seria interessante ver exatamente o que Ezio diria sobre si.

E então chegaram ao restaurante. Nada diferente do esperado para um restaurante mexicano e ele pediu tacos, por falta de criatividade e de conhecimento da cozinha mexicana. 

Mas vamos lá. Agora era a hora de se apresentar, mas convenhamos que Dr.West estava longe de ser dos mais amistosos, contudo ele ouviu e de fato era a hora de falar um pouco. 

Havia um problema, Ezio guardava alguns segredos e até o momento aqueles não eram seres em que podia confiar, então sejamos sutis. Ezio sem o chapéu, o paletó e com o colete aberto dava uma aparência mais uma simples ao Jovem Stracci e ele começa a falar:

-"Pois bem meus caros, como sabem, eu sou novo aqui. Eu fui instruído na magia por um homem russo e na verdade não ouvi boas coisas deste lugar, e recomendações para não estar aqui e tudo isso me parece ainda mais interessante."

Ezio bebendo um pouco de suco continua:

-"Uma das recomendações que tive foi me unit also magos da região, então me disseram do Sr.Heineken e ele me recomendou vocês." 

Dando uma pausa para comer, beber e respirar um pouco, volta a falar:

-"Então. Tenho interesse em trabalhar com vocês. E creio que posso ser muito útil."

Agora Ezio para, volta a comer, e espera que alguém tenha algo a dizer.

Oliver resolveu seguir a recomendação de Faust na hora de fazer o pedido. Resolvida essa parte, ele ficou na dele, esperando que alguém dissesse algo, pois estava se sentindo completamente perdido até o momento. Finalmente, quando Ezio falou, ele ouviu com atenção e arqueou a sobrancelha:

- "Você está aqui por conta do que aconteceu na cidade há seis meses? Se não, qual o motivo?", perguntou. "Quero dizer, quem é você? O que você espera conseguir se juntando a nós?".

Parece que não se pode simplesmente mudar para uma cidade sem que toda a cidade​ queira saber o que você está fazendo por lá. Mas vamos nessa. 

Ezio olhando para o Akasha ouvindo-o atentamente, come um pouco, bebe, e então reponde:

-"Inicialmente estou a trabalho. Mas esse lance que aconteceu é realmente interessante."

Ezio olha em volta disfarçadamente para verificar se podia falar de qualquer coisa, tendo verificado ele diz:

-"Bem, somos magos, melhor que trabalhemos unidos. Eu creio que a união entre as pessoas pode gerar um poder incrível."

Mais um gole e continua:

-"Mas bem. Por que vocês não me dizem do que precisam e então nós vemos como eu posso ajudá-los?"

O doutor ficou em silêncio. Ele comia de forma quase analítica, segurando o garfo e a faca com perfeição simétrica, cortando com gestos cirurgícos e jamais - jamais - apoiando os cotovelos sobre a mesa. Podiam dizer o que quisessem sobre a personalidade de Faust, mas ele era educado, e o seria ainda mais num jantar no qual era o "anfitrião", por assim dizer. 

Não demonstrou muitas reações enquanto Ezzio falava, e tampouco o fez diante da resposta de Oliver. Não que as estivesse realmente escondendo, não era isso - é que Dr. West simplesmente não estava muito habituado a usar as expressões faciais que lhe haviam sido passadas junto com os idiomas. Até as usava, aqui e ali, mas nem sempre. 

Mas quando o italiano terminou sua segunda "parte" da conversa, Faust abaixou os talheres e limpou a boca calmamente. "Há apenas um problema, Sr. Stracci." - comunicou a mesa, enquanto erguia o rosto para ele. "Sua história não faz sentido." - acrescentou. Era engraçado: a frase de Faust era crítica, ou paranóica, ou grosseira, mas seu tom de voz permanecia inalterado. 


"Você foi treinado por um russo, não ouviu coisas boas sobre Portland, e lhe recomendaram que não viesse para cá." - afirmou. "Mas também recebeu a recomendação de se unir aos membros da região, sem vir para cá, começando pelo Sr. Von Heineken. Sem tocar no ponto de que estas são informações completamente opostas ao que me disse do lado de fora  do Anima Gemma - que teria vindo para Portland apenas para exercer seu dever policial, me parece curioso um policial euthanatoi que sorri e fala como alguém tentando me vender o poder do trabalho de equipe altruísta." - acrescentou, e fez uma pausa. Estendeu a mão e bebeu um gole de seu copo de água, devolvendo-o para a mesa em seguida. 

Não era uma questão de atacar Ezzio. Era uma questão de demonstrar a um recém chegado aparentemente acostumado a enrolar as pessoas que, se quisesse enrolá-los, teria que se esforçar um pouco mais. Ao menos Elliot Ward fingia ter algum respeito pelo resto da cabala, por exemplo. 

"Isto posto, eu e Oliver vamos esquecer tudo o que você disse, e te deixar começar de novo. Por que nós realmente trabalhamos melhor unidos, e realmente queremos confiar em você." - e sorriu. Um sorriso cheio de dentes, que lembrava um tubarão. Os olhos mortos não ajudavam a criar outra impressão. 

"Pois então, Sr. Stracci: o que te trás a Portland?" - e voltou a comer.

Ezio considerou a possibilidade de executar o Doutor ali mesmo, mas o bom senso prevaleceu.

Fitando o doutor nos olhos e observando todos os seus movimentos, após terminar de falar, Ezio ficou olhando com cara de paisagem para o Doutor por alguns segundos e então respondeu, com toda a calma de hippie:

-"Pondere muito bem os fatos antes de acusar alguém meu caro."

Fazendo gestos numéricos com a mão Ezio continua:

-"Primeiramente, eu fui transferido para cá. Quando já estava aqui é que ouvi falar dos ocorridos na cidade. E então, ouvi falar da Capela do Sr.Heineken e ele me falou de vocês."

Agora com a mão em concha e com decepção estampada em seu rosto ele diz:

-"Eu venho a vocês como amigo e você me ataca gratuitamente. Contudo eu ignoro esse mal entendido em busca de um futuro melhor a todos nós."

Oliver sentiu os ânimos se exaltando e interviu:

- "Você é policial, certo? Quando diz que veio a trabalho, no caso, é desse trabalho que está falando? Quero dizer, pelo menos a princípio, suas intenções em Portland são tão mundanas quanto o meu burrito aqui? Não nos entenda mal, mas isso aqui era uma zona de guerra a meses atrás e todos nós sabemos que a presença de um eutanatos não significa exatamente abraços, alegria, flores e bichinhos de pelúcia".

  Oliver encolheu os ombros e fez um muxoxo, como se estivesse dizendo algo difícil, mas que é de conhecimento geral. 

- "Mas a ideia de ter um policial por perto não é ruim. Eu estou atrás de uma pessoa que desapareceu, entende?".

  Ele olhou para Faust brevemente e fez um aceno positivo de cabeça, na tentativa de tranquilizá-lo um pouco. Ezio parecia estar se irritando com ele, o que era totalmente normal. Oliver acreditava de coração que qualquer pessoa que não tivesse vontade de espancar Faust ao encontrá-lo pela primeira vez não podia ser uma boa pessoa.

Para um homem acostumado com pessoas difíceis de lidar a reação de Ezio com Faust foi um tanto decepcionante para p próprio, mas ninguém necessita de falta de respeito gratuita. 

As palavras de Oliver faziam sentido e até o momento aquele parecia o mais sensato dos homens no recinto e Ezio achou por bem seguí-lo. 

Deu uma respirada profunda, bebeu um gole do suco, soltou um sorriso e olhando para Oliver ele diz:

-"Senhor Grey! O senhor tem razão! Que bobeira!" 

Comendo um pouco e continuando a conversa:

-"Mas meus interesses inicialmente não são mais do que mundanos. Mas se acham tão interessante saber, também estou aqui a negócios."

Faust permaneceu inabalável durante toda a troca. Ainda que para Ezzio aquilo pudesse ser considerado um ataque - e ainda que, honestamente, Dr. West tivesse plena consciência de como o italiano a sua frente poderia ter se sentido atacado, não era aquela a verdadeira natureza da situação. Era uma simples questão de entender Ezzio. De entender suas reações, de entender seus posicionamentos - e, é claro, se pudesse conseguir mais informações factíveis sobre seus verdadeiros motivos na cidade... não faria mal. 

"Ah." - ele disse, sorrindo calmamente. Não se preocupou em dizer que não havia feito acusações, ou em explicar que não havia atacado ninguém. Sabia, por experiências passadas, que fazê-lo só geraria mais problemas. "Foi isso que você quis dizer. Interessante." - e voltou a comer, como se nada de estranho ou problemático houvesse acontecido.

Para ele, não havia. 

Enquanto comia, despedaçando as fibras de carne da costeliha em seu prato com o garfo, ele foi ouvindo o que Oliver dizia. Concordou com o que ele disse sobre ter um policial por perto - e acenou a cabeça afirmativamente para demonstrá-lo, num daqueles gestos que ele precisava lembrar-se de tomar. Era difícil lidar com os vivos sem efetivamente estar manipulando-os. Os mortos eram muito mais agradaveis. 

"Sim. E meu trabalho diário é no laboratório de legista do hospital, então sem dúvida acabaremos por trabalhar juntos em algum momento." - expôs. "Aviso desde já: cuidado com a detetiva O'Sullivan, ainda que não ache que este seja o melhor lugar para entrar nos porquês do aviso." - acrescentou.


Diante do "a negócios", Dr. West apenas silenciou, esperando que o italiano expandisse o que queria dizer por aquilo.

Todo mundo em um raio de noventa quilômetros viu a expressão de Oliver quando Ezio disse que sim, estava aqui por conta de assuntos mundanos, mas que também estava "a negócios". Ele passou um segundo achando Ezio idiota, mais dois achando a si mesmo idiota, e isso tudo enquanto tinha uma expressão inconformada no rosto. Quando olhou para Faust, viu que ele provavelmente estava esperando Ezio ir adiante com a sua explicação, o que provavelmente toda a Portland também estava. Sendo assim, ele ficou calado, já recomposto, esperando Ezio falar, se é que ele ia falar. Ele até tentou encorajar a comunicação na mesa:

- "É claro que os seus assuntos são seus assuntos. Todo mundo aqui entende isso, lógico. Eu, ao contrário do Faust, não me tenho nenhum trabalho mundano atualmente. Estou totalmente dedicado a encontrar minha irmã, que desapareceu do mapa, inclusive. Você pode descobrir se a polícia sabe de algo que não sabemos? O nome dela é Brenda Gray".

Ezio estava mais do que tranquilo com tudo, mesmo notando a expressão de Oliver, e bem, a mesma expressão de sempre do Doutor "bom de prosa" e então explicou com a maior naturalidade do mundo.

-"Sim, minha família está expandindo negócios pela cidade."

Voltou-se para o Doutor e esperando por esclarecimentos quanto a detetive ele pergunta:

-"Algo que eu deveria saber Dr.West?"

Então volta-se para Oliver:

-"Brenda Gray?" 

Ezio toma um papel e começa a anotar, dizendo:

-"Sr.Oliver. Diga-me tudo o que souber sobre ela por favor. Idade, aparência, onde mora e qualquer detalhe que considerar relevante. Certamente me esforçarei por esse caso."

E de fato o faria, Ezio tinha ciência de que seus atos não eram sempre bons aos olhos de Deus, então procurava fazer coisas boas enquanto podia. 

O lance dos Giovanni poderia ser uma pedra no sapato, mas com a ajuda de magos talvez fosse mais fácil resolver. Ezio aguardava as respostas de Oliver para começar a falar sobre isso. Enquanto isso comia e bebia pensando:

-"Um restaurante mexicano, a comida apimentada daqui reflete bem o humor do Dr, deve ser por isso que ele sugeriu. Não dava para ser uma pizzaria qualquer?"

Após a conversa com Oliver, Ezio se posicionou um tanto diferente, um tanto mais sério, agora seria uma conversa sobre a família o que era precioso, então começou:

-"Eu tenho diversas formas de ser útil a vocês, creiam nisso. Mas talvez me possam ser úteis também. Algum de vocês sabe algo sobre a família Giovanni?"

Oliver contou tudo o que sabia sobre Brenda, o que francamente era muito pouco. Ele soube dizer a idade atual dela, os traços físicos que ela tinha na época e sua última moradia, que era o orfanato. O akasha ignorou deliberadamente a coisa de "expandir os negócios da família", pelo menos por enquanto.

- "Giovanni? Quem são os caras? Provavelmente o Faust sabe alguma coisa. Faust?".

A conta não era muito difícil de ser feita, era? Um italiano com aquelas falas sobre "negócios" e "negócios da família", para quem conhecia o meio, para quem conhecia a situação, era indício quase que o suficiente. Dr. West fez uma anotação mental, mas decidiu não tirar nenhuma conclusão imediata - achava que uma síntese lenta era melhor do que uma síntese equivocada. 


"Sim", disse quanto a policial O'Sullivan e algo que ele devesse saber. Seu instinto inicial era terminar a frase por ali, mas achou bom reforçar: "Mas não aqui."

Silenciou-se, dando uma pausa no pouco de comida que ainda tinha em seu prato, enquanto Oliver falava sobre Brenda com Ezzio. Não achava que aquilo daria em nada - honestamente, duvidava que houvesse algo que um policial pudesse descobrir sobre alguma coisa que seus contatos não pudessem. Mas não achou que seria adequado romper as esperanças de Oliver. Não ainda. Lembrou-se da passagem sobre Azazel, e bebeu um gole de água. 

Havia acabado de colocar o copo novamente na mesa, quando veio a pergunta sobre os Giovanni. Ali estava a confirmação. O homem em sua mesa estava envolvido com a mafia. Levantava uma questão interessante, não levantava? Um problema realmente inesperado. 

A resposta de Oliver o fez menear a cabeça. "Uma família italiana, também. Interessada em expandir seus negócios para Portland e com fama serem mais vulgares em seus métodos, por assim dizer." - esperava que sua referência a magika fosse compreendida. 

Mas aquilo era interessante. Um Euthanatos mafioso... lidando com os Giovanni. As vezes Faust se questionava sobre coincidências. "Poderia me dizer se isto se trata de um interesse pessoal, familiar ou da Tradição?"

Com os braços apoiando a cabeça, encostado a cadeira após ouvir as instruções de Oliver sobre a irmã. Ezio volta sua atenção para o Doutor e seu questionamento. O pensamento de Ezio embora um tanto incomodado circulava da seguinte forma:

-"Talvez esse Doutor saiba um pouco mais do que o esperado. Conhecimento é algo muito poderoso, mas muito perigoso, contudo é melhor ter magos como aliados." 

Com um leve sorriso, fechando os olhos ele dá um suspiro, olha se Oliver para West e responde:

-"Como eu disse meus caros! Meus interesses na cidade são puramente mundanos! É uma questão familiar. Acontece que os Giovanni não tem uma fama muito boa e costumam atrapalhar os negócios"

Oliver estava levemente perdido na conversa:

- "Uma família com métodos vulgares? Esses caras são uma família de magos, e indisciplinados ainda por cima?. Isso explicaria o motivo pelo qual você está atrás deles".

Dr. West fez uma pausa sútil - custou-lhe um instante para lembrar que Oliver não poderia entender sobre o que estavam falando, por que ele não tinha a menor referência ao mundo exterior do mosteiro. Explicou: "Algumas famílias italianas tem como tradição algum tipo de negócio extra-legal. Isso as vezes as coloca em richas com outras famílias. É o que você geralmente vai ver sendo chamado de mafia." 

E então voltou seus olhos para Ezzio. Era uma decisão difícil, acreditar que não havia interesse nenhum dos Euthanatos quanto aos Giovanni, baseado no que havia descoberto - como possibilidade - sobre eles até o momento. O médico decidiu abordar a questão como abordava todas as outras: distanciamento científico. Por enquanto, não acreditaria e nem desacreditaria - até por quê, seu posicionamento pessoal quanto aquilo era irrelevante. 

"O que sabe sobre eles?" - perguntou. "Tenho visto um pouco de atividade na cidade, realmente."

Na verdade Ezio não gostava muito da nomenclatura de máfia, mas não era hora para reclamar. Então o Dr sabia do que se tratava, talvez já tivesse visto mais do que movimentos deles. 

Ezio passando os olhos pelos dois de voltou ao Dr dizendo:

-"Quanto a detetive, espero que em algum momento possa me falar. Agora, quanto aos negócios, sei que eles não são abertos a negociações, se estabelecem e tomam a cidade, de formas ortodoxas ou não."

Fazendo uma pausa, com um olhar mais sério ele continua:

-"O fato é que temos que estar aqui, não queremos guerra, mas com os Giovanni por perto, é melhor estarmos preparados para uma."

Oliver, que estava calado faz um tempo, se pronunciou:

- "Era o que faltava. Sério, o que há com Portland? Quer dizer, já não basta o genocídio de 6 meses atrás, agora a cidade precisa lidar com uma guerra entre famílias de mafiosos? Eu vou lhe adiantar duas coisas, Ezio: A primeira é que, pra evitar uma guerra entre vocês, eu vou exterminar o outro lado. A segunda é que NINGUÉM vai prejudicar mais as pessoas dessa cidade, então, nós podemos trabalhar juntos enquanto a sua família não fazer como os imbecis que já estão por aqui, drenando a vida das pessoas com drogas e outros lixos. Estamos acertados?".

  Oliver claramente estava furioso e suas palavras transpiravam verdade e intenção, mas certamente teriam mais impacto se ele não estivesse com a boca meio cheia de burrito.

Ezio ficou um tanto quanto surpreso com o rapaz que até o momento não entendia muito o que estava havendo, ouviu tudo olhando bem nos olhos do mago, após um silêncio deu um sorrisinho de lado como quem havia gostado do que ouviu e então disse:

-"Você é um garoto promissor." 

Voltando aos dois novamente ele continua:

-"Mas saibam de uma coisa, uma vez que estejam conosco estão envolvidos em algo muito maior que possam imaginar. E por favor, máfia é um tanto pejorativo e equivocado para o que fazemos, somos uma das esperanças da humanidade e agora vocês também.

Deu uma pausa, olhou para o Dr e disse:

-"Pelo menos o Oliver ao que tudo indica."

"Nada, então." - respondeu o Doutor, quanto ao que Ezzio dizia saber sobre os Giovanni. Não eram realmente informações, eram? "Não estão abertos a negócios" era facilmente inferível pela reação das outras famílias a eles, e "métodos não ortodoxos" parecia ser a informação básica que todos tinham quanto aos Giovanni. 

Ele voltou a comer, arrancando os últimos fiapos de carne das costelas em seu prato, enquanto ouvia sobre uma possível guerra e as reações - esperadas - de Oliver sobre a questão. OLiver era um rapaz novo, muito bem intencionado, e a tendência de achar que podia - e, sejamos francos, ele geralmente podia - resolver todos os problemas com os punhos. Era natural que tivesse uma postura agressiva com as coisas que lhe pareciam negativas. 

"Pode nos dizer a linha de negócios de sua família, Sr. Stracci?" - perguntou, logo após a ameaça de Oliver, enquanto erguia os olhos de seu prato. Seria bom saber. Sabia que algumas das famílias italianas lidavam com venda de influência, outras com narcóticos, outras com tráfico de pessoas... Enfim. Ajudaria a saber o que esperar de Ezzio e seus contatos. 

Comeu o último pedaço de comida e arrumou os talheres no centro de seu prato, ouvindo o que Ezzio dizia. "ALgo maior do que possam imaginar". "Uma das esperanças da humanidade"... Tudo aquilo terminaria em pó, como todas as outras coisas terminavam. Não havia muito sentido naqueles sonhos incríveis enquanto fossem, invariavelmente, submetidos a decadência arbitrária do tempo. 

"É uma honra ser convidado a me envolver em algo que possa salvar a humanidade." - concordou, meneando a cabeça. Seu tom era ameno, tranquilo. "Pode nos dizer mais?"

Observando Faust ao dizer que Ezio sabia de nada, ficou um tanto curioso por saber do que o Dr sabia, mas temos tempo para isso. Ezio começava a reconhecer que apesar de ser um cara amargo, poderia ser bem útil.

Mas voltou a pergunta e então respondeu:

-"Pois bem, nossa família trabalha ajudando as pessoas, colocamos pessoas em posições privilegiadas. Fazemos com que pessoas ajudem pessoas."

Colocando os braças para trás da cabeça, refletindo a última pergunta do rapaz- Salvar a humanidade. Então começa:

-"Bem, isso é uma construção a longo prazo, salvar a humanidade eu digo, nossa família trabalha nisso há tempos, fomos escolhidos para isso, é o motivo de cada um nós a cada geração ser um desperto. E nossa geração verá o maior progresso nesse quesito, se estiverem comigo é claro.  Ainda não estou certo de como faremos, mas uma das formas é tirando o males que afetam o coração do homem sem que ele note."

O médico já havia acabado de comer, e sua garrafinha de água com gás já estava vazia, assim como seu copo. Até mesmo o guardanapo havia sido retirado de seu colo e colocado sobre a mesa, ao lado de seu prato. Dr. West havia cruzado as pernas por baixo da mesa e ouvia o desenrolar da conversa em silêncio, sempre atento. 

Meneou a cabeça afirmativamente, diante do que ele dizia. Era interessante. "Escolhidos por quem?" - perguntou, os olhos sobre Ezio. Quanto a tirar os males que afetam o coração dos homens sem que eles notassem, Dr. West não se manifestou. Achou desnecessário.

"Você comentou que um de vocês desperta a cada geração. Vocês sempre se unem aos Euthanatos?" - acrescentou.

Ezio já começava a se preparar, recompondo-se após a refeição enquanto respondia as perguntas de Faust:

-"Deus nos escolheu através de seus anjos doutor. E não, nem sempre nos Eutanatos, varia de acordo com o tempo em que o membro vive." 

Agora achava por bem entender o que era aquele grupo e então pergunta:

-"E quanto a você Doutor, me fale um pouco da sua história. O que você faz? Tem família? Como despertou? Fique a vontade por favor."

O doutor, como sempre, mantinha-se imóvel. Até suas piscadelas pareciam um pouco fora de compasso, como se não piscasse por realmente necessitar fazê-lo, mas como um esforço consciente. Ia ouvindo Ezzio falar sobre Deus, sobre Anjos, sobre as tradições... Aquela última parte lhe causou algum estranhamento, mas não achou que era uma questão necessária de ser resolvida naquele momento. 

"Anjos?" - perguntou. "Como Azazel, por exemplo?"

Quando a pergunta foi direcionada a ele, Faust fez uma pequena pausa. "Meu nome é Dr. Faust West, bani Sociedade do Éter. Eu trabalho como médico legista no Brighton Medical Center." - respondeu, enquanto erguia a mão, fazendo um gesto para pedir a conta ao garçom.   "Medicina de lado, meu trabalho é saber coisas sobre pessoas e sobre coisas, e sobre pessoas que sabem e fazem coisas." - e aqui, Dr. West fez uma pausa e ajeitou os óculos redondos sobre o nariz, antes de continuar. Seus olhos buscaram os de Ezio Stracci -  "Geralmente mais do que elas mesmas sabem."


Talvez fosse impressão de Ezzio - não seria surpreendente, frente a pessoa tão excêntrica, com afirmações tão doidas, que qualquer pessoa sã pudesse misturar as próprias preocupações com a realidade... Ou talvez realmente houvesse acontecido. Mas o italiano pode jurar que, por um breve instante, havia um sorriso de canto nos lábios de Faust. Aquele sorriso que diz "eu sei um segredo, e eu não vou contar". Aquele sorriso que promete: "E o segredo é seu".

Oliver, que aparentemente já tinha dito tudo o que queria sobre Ezio e a possibilidade de trabalhar com ele, estava altamente concentrado em seu burrito, já que havia perdido o jantar na capela. Quando as coisas pareciam ir para os "finalmentes" entre Faust e Ezio, ele se lembro de acrescentar:

- "Ezio, você também pode descobrir se a polícia está atrás de um Big Lue atualmente. Quase me esqueci de falar dele".

Ezio agora já estava quase pronto e que bom que o Doutor havia pedido a conta. Ezio se sentia melhor em saber um pouco mais de West e então ouviu seu discurso sobre conhecimento e poder.

Ao que tudo indica aquele é um homem solitário o que para Ezio demonstra uma fraqueza bem grande, mas se aquelas informações sobre conhecer as pessoas fossem verdadeiras elas seriam bem úteis.

Mas o Dr realmente gosta de provocar, não é? E Ezio pensava:

-"Que fofo, o Doutor quer parecer um monstro, ele com certeza quer que eu tenha notado suas intenções, vamos fazer o seguinte, entraremos no jogo dele."

Ezio que já fitava West nos olhos então respondeu:

-"Um homem como você certamente seria útil a família, eu não estou falando que é um convite, mas você deve saber que morreríamos para salvar um de nós, mas até o último de nós mataria aquele que trouxe algum ônus a um de nós."

Terminando de ajeitar sua gravata enquanto fala isso e colocando seu chapéu enquanto sorria e lançava uma piscada para Faust. Voltou sua atenção para Oliver que agora o havia chamado atenção e retirando um caderninho do bolso interno ele respondeu enquanto anotava:

-"Então, Big Lue é o nome do Rapaz. Vou descobrir sobre isso. Mas o que lhe chama atenção nesse rapaz?"

- "Aparentemente, é um lixo que trafica drogas pesadas e permite que mulheres grávidas sejam estupradas sobre o efeito delas. Eu gostaria de conhecê-lo melhor. Bom, gente, está tudo muito bom por aqui, mas eu ainda preciso lavar roupa antes de dormir. Já que decidimos que vamos trabalhar juntos, que tal se seguirmos com a coisa amanhã?".

Ezio demonstrava expressão de insatisfação ao saber sobre o tal Big Lue, drogas era algo que ele realmente não gostava, o que lhe daria uma motivação bem grande para trabalhar o caso e estupro era de todos os males que o homem pode fazer o pior, maldita corrupção do espírito e do corpo. Sendo assim com convicção responde ao Akasha:

-"Certamente o encontraremos."

Passando os olhos em volta da mesa ele diz:

-"Assim que nosso médico estiver pronto saimos. Apenas me digam onde querem que os deixe."

Dr. West meneou a cabeça afirmativamente para Ezzio. "Tenho certeza que será uma parceria mutuamente benéfica, Sr. Stracci." - afirmou, apnas. Se West percebeu alguma ameaça ou provocação nas palavras do italiano na sua frente, ele não pareceu notar. 

Pessoalmente, a parte de si que ainda se prestava a ter opiniões pessoais sobre aquele tipo de coisa, achava cansativo o desejo de vingança de OLiver - era pequeno, desnecessário e, principalmente, inútil. Faust tinha alguns problemas em lidar com ações imediatas, que não previam consequências a longo prazo. Se o problema era com o crime, Big Louie era só um, e gerar um plano que desestabilizaria a criminalidade na região a longo prazo não era tão complexo assim. Mas as pessoas eram emotivas demais para lidar com aquele tipo de pensamento, então Faust manteve-se em silêncio. 

Quando chegou a conta, o médico passou os olhos pela mesa. "Café ou sobremesa?" - quis saber. Diante da negativa, abriu a carteira, jogou algumas notas dentro da pastinha com a conta, e começou a se levantar, pegando a maleta e a bengala. 


"Talvez amanhã eu não possa. Mas mantenham-me informado de suas aventuras, por favor." - afirmou.

Ezio agora já estava pronto e se dirigia ao carro acompanhando os magos depois de Faust ter pago a conta.

Chegando ao carro ele abre a porta para o Dr dizendo:

-"Obrigrado pela comida Dr.West. Em breve também teremos a honra de servi-lo."

Então já no caminho Ezio volta a elogiar Oliver por ser um garoto prodígio e garante que vai partilhar de suas preocupações.

Volta-se ao Dr e diz:

-"Bem, o senhor não​ queria me dizer sobre a detetive no restaurante, então por que não me diz agora?"

Ezio segue o caminho até voltar a capela e já na rua da capela ele tem uma expressão de quem lembra de algo e lança a pergunta aos dois:

-"Ah propósito gente! Parece que essa cidade não para de nos surpreender, soubemos que os Falcone também estão por aqui! Algum de vocês conhece algum deles que estão pela cidade?"

Incrivelmente aquela era uma noite de lembrar de coisas esquecidas e então Ezio se volta para o West e diz:

-"Dr. Você falou sobre um Azazel. Quando eu falei de anjos. Eu nunca tive contato com os anjos. Apenas os primeiros Stracci, os mais novos tem contato apenas com os antecedentes. Mas quem é esse Azazel?"

Chegando a capela Ezio com tom de brincadeira diz a Oliver:

-"Aí gatão! Quanto as ruivas, deixe uma para mim eim! Ah propósito! Quando cansar de dormir a capela, tem um quarto vago no meu apartamento, seria uma honra hospedá-lo. Agora se quiser alguma outra coisa, podemos conseguir também. Essa última parte serve aos dois."

Então pronto para partir ele diz:

-"Buona Fortuna! Arrivederci!

Oliver achou engraçada a brincadeira de Ezio na saída, então respondeu:

- "Você pode ter um concorrente inesperado na sua luta, se está visando uma daquelas duas, mas saiba que esse concorrente não sou eu, haha! Vou pensar no que você disse e fico agradecido pela oferta".

  Assim, ele saiu do carro e se dirigiu aos fundos da capela hermética. Quando percebeu que Faust também estava ficando ali, ele perguntou:

- "Vai visitar o Heineken?".